Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalistas e seus interesses

JORNALISMO FINANCEIRO

Maria Bartiromo, âncora da rede americana CNBC, ao fazer recentemente uma entrevista com Sanford Weill, presidente do Citigroup, avisou os telespectadores que tinha mil ações (o equivalente, no dia, a US$ 45 mil) daquela empresa. A emissora não considerou que o fato de a apresentadora ter interesses pessoais envolvidos naquele programa a desqualificaria para fazer a entrevista. Reportagem de Patrick McGeeham para o New York Times [28/7/03] aproveita esse caso para discutir um assunto que tem dividido o jornalismo financeiro nos EUA: como a imprensa deve atuar em relação aos investimentos pessoais de jornalistas?

Alguns veículos de comunicação têm como exigência apenas que o profissional discrimine em sua matéria se tem ações da empresa que está cobrindo. Porém, para Robert Steele, do Poynter Institute, instituição de análise de mídia, isso não é o suficiente. "O aviso não resolve o conflito de interesse, só revela que ele existe". Ele apóia medidas mais duras adotadas por alguns jornais e revistas.

The Wall Street Journal, The New York Times, BusinessWeek e Forbes simplesmente proíbem que seus repórteres escrevam sobre companhias nas quais investem. Glenn Kramon, editor de negócios do Times, confirma que alguém que tem mil ações do Citigroup não seria escalado para cobrir a empresa no diário. Neil Cavuto, vice-diretor de notícias de negócios da emissora Fox News, discorda desse tipo de restrição. Ele não condena Maria e diz que já revelou no ar possuir ações da IBM. Em 20 anos de carreira, deixou de comentar apenas uma vez sobre uma companhia, porque ela era pequena e sua participação acionária nela era considerável.