MULHERES APAIXONADAS
“À espera de um milagre”, copyright Folha de S. Paulo, 20/07/03
“?Eu não posso fazer nada. Eu estou esperando o Manoel Carlos?, responde o modelo Rafael Calomeni, 30, quando alguém comenta que seu personagem na novela das oito está apagado.
Lançado na TV há alguns meses como o ?novo Gianecchini?, em alusão ao galã que despontou em ?Laços de Família?, o Expedito de ?Mulheres Apaixonadas? ainda não disse a que veio. Seu personagem, um rapaz tímido do interior que acaba tendo um romance com a patroa -uma mulher bem mais velha, vivida por Suzana Vieira, a Lorena-, geralmente entra mudo e, se não sai calado das cenas, nunca fala mais que algumas frases sem importância.
Além disso, em uma novela com tantas histórias polêmicas, o romance bem morno da mulher já madura com um garotão é das que chama menos atenção.
Manoel Carlos anuncia reviravoltas. ?Até agora foi tudo um mar de rosas, mas com o conflito que está por vir a temperatura do casal aumentará muito.?
Esperando repetir a trajetória de modelos como Reynaldo Gianecchini e Thiago Lacerda, que, interpretações à parte, conseguiram entrar para a lista dos protagonistas das principais novelas da Globo, Calomeni terá no conflito anunciado pelo autor a chance de demonstrar se tem talento e cruzar a tênue linha que separa os modelos que deram certo como atores daqueles que passam a vida em papéis menores ou bem longe da televisão.
Em breve, Expedito irá se envolver com uma mulher mais nova, tumultuando sua relação com Lorena. E, como se trata de uma novela de Manoel Carlos, a nova paixão de Expedito é ninguém menos que a nora de sua namorada, vivida por Paloma Duarte.
?Agora o bicho vai pegar?, comemora Calomeni, que nega que o papel tenha frustrado suas expectativas. ?Comecei a cem por hora no início da novela. Só dava Expedito e Lorena, todo mundo esperando o dia da primeira transa?, afirma. Mas não passou muito disso.
?Lógico que todo mundo tem a expectativa de que o Expedito se mostre mais, fale mais?, continua ele. ?Mas Manoel disse que todos iriam desenvolver seus personagens.?
Até agora, o que Calomeni desenvolveu no seu personagem foi a profissão de modelo, que os dois têm em comum. ?Desfilar para mim é muito fácil. Eu me destaco dos atores nesse ponto, tenho um pacote mais completo.?
Com esse pacote, o modelo/ator diz que veio preencher uma ?lacuna? na Globo. ?Não há muitos atores da minha idade. Os grandes atores já estão bem mais velhos, ou melhor, mais maduros. Precisa haver uma reciclagem. Além disso, tenho traços mais fortes, masculinos, e hoje na TV tem muita gente teen.?
Mesmo com esses atributos, Calomeni rejeita o título de ?apenas mais um rostinho bonito na novela das oito?. ?Sou ator, comecei a estudar teatro em 95. Foram oito anos esperando.?
Oito anos, sete horas e quatro meses. Ao saber dos testes para participar da novela, Calomeni foi pessoalmente à Globo falar com o diretor Ricardo Waddington -e teve de esperar sete horas até ser atendido.
Depois disso, fez testes e teve de ser paciente por mais quatro meses até ser chamado para o papel.
Quando a novela foi ao ar, a expectativa era em cima da aposta da Globo para o posto de novo galã das oito, mas a espera pela ?revelação? ainda continua.
?Como ator, lógico que gostaria de dar uma cara mais dramatúrgica para Expedito?, afirma ele, que não perde as esperanças de poder interpretar algo mais que as insossas conversas que tem com a namorada. ?Expedito é assim. Ele não fala da vida dele, então ninguém sabe quem ele é; ele pode se transformar no que quiser.?
Pode, inclusive, se transformar em um novo cigano Igor -papel eternizado pela atuação de Ricardo Macchi em ?Explode Coração?. Disso, Calomeni diz que passa longe. ?Nunca recebi críticas pela minha interpretação.?”
“Bala perdida? Que nada, tiro no alvo!”, copyright O Globo, 20/07/03
“A bala perdida que matará Fernanda em ?Mulheres apaixonadas? já pode ser considerada uma das mais certeiras da teledramaturgia nacional. Disparado por Manoel Carlos para sacudir as autoridades, o projétil também atingiu à queima-roupa o orgulho de uma boa parcela de cariocas. E, daqui a duas semanas, quando alcançar seu alvo final – o corpo da personagem interpretada por Vanessa Gerbelli – provavelmente causará um efeito avassalador sobre a audiência da novela das 21h, que na última segunda-feira bateu mais uma vez seu próprio recorde: obteve 54 pontos de média, com vários picos de 60, e 73% de share (participação no número de domicílios com televisores ligados). Considerados os 127 capítulos exibidos até então, desde ?Terra Nostra?, de 2000, a Rede Globo não tinha este desempenho no horário nobre.
Manoel Carlos conta que planejou milimetricamente a trajetória da bala:
– Tinha que ser no Leblon, porque bala perdida em Campo Grande ou Caxias já não comove ninguém. Na Zona Sul, causa o impacto que está causando, com protestos, aprovações, pronunciamentos de autoridades. Eu me lembro que, quando a Grace Kelly e a Lady Di morreram em desastres de carro, escutei reações muito semelhantes: ?Puxa, uma mulher rica, linda, que tinha tudo na vida, morrer desse jeito.? Aí as pessoas lembraram que a morte acontece com qualquer um.
Se a história tem ainda uma pobre órfã como Salete, vivida pela cativante Bruna Marquezine, e se ela prevê a morte da mãe, a tragédia causa ainda mais impacto. No capítulo que está previsto para ir ao ar no dia 2 de agosto, um sábado, Fernanda estará presa num engarrafamento quando haverá uma perseguição a um bandido e ela acabará sendo atingida. A moça chegará a ser levada para o hospital, mas morrerá. Antes, porém, revelará a Helena (Christiane Torloni) que Lucas (Victor Curgula) é fruto de seu relacionamento com Téo (Tony Ramos).
A cena já vem dando o que falar há quase um mês. Primeiro, foi a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih) e a TurisRio que protestaram, alegando que o fato de alguém morrer de bala perdida na ficção prejudicaria a imagem da cidade. Depois, o subprefeito da Zona Sul, Cláudio Versiani, tentou vetar a gravação da cena no Leblon, alegando que o trabalho instauraria o caos no bairro. A equipe da novela chiou, porque várias outras cenas igualmente complicadas, como a do capotamento do carro de Heloísa (Giulia Gam), já haviam sido gravadas lá. E no mesmo dia o prefeito César Maia, que estava em Barcelona, interveio, liberando a gravação no Leblon e arrematando:
– Censura nunca mais.
A decisão agradou aos telespectadores da novela, que há muito aguardam o acontecimento, e àqueles que acham que não mostrar bala perdida na novela seria o equivalente a tentar tapar o sol com a peneira. Neste grupo, milita Vanessa Gerbelli:
– Não se pode discutir uma obra. Para mim, esta polêmica toda é uma vaidade dispensável dos cariocas. Estamos falando de uma coisa muito maior, de um drama social brasileiro.
Após a tragédia, Salete ficará com Téo, Helena, Inês (Manoelita Lustosa) ou Wilma (Cristina Fagundes). Bruna Marquezine, que surgiu em ?Gente inocente!?? e estréia nas novelas, mostra-se absolutamente profissional ao falar dos sentimentos da menina fictícia, e diz que para ela tanto faz com quem a personagem fique.
– Para mim não importa. Quando estou em cena, penso que sou a Salete e pronto. E eu choro fácil; até quando estou vendo novelas ou filmes! Mas, quando acaba a gravação, esqueço tudo e brinco como se nada tivesse acontecido – diz a mocinha de 7 anos, que logo se vira para mostrar a Vanessa as figuras de papel que está fazendo, para se entreter durante o intervalo de uma gravação no Leblon.
A menina só deixa entrever sua opinião sobre a morte de Fernanda quando quase lamenta que a dupla que faz com Vanessa vá ser desfeita.
– Uma vez uma menina disse que a novela não tem graça quando Fernanda e Salete não aparecem no capítulo! – conta ela.
A morte da ex-garota de programa será necessária para movimentar a trama principal da novela, fazendo com que o público se divida. Helena deverá criar Lucas e Salete ao lado de Téo? Ou tentar ser feliz, e, quem sabe, até ter um filho com César (José Mayer)? Antes de sair de cena, Fernanda ainda prestará mais um serviço: a pedido da Associação Brasileira de Doação de Órgãos e Tecidos, Manoel Carlos fará com que a personagem tenha seus órgãos doados. A iniciativa partirá de Salete, que convencerá a avó a autorizar a boa ação.
Vanessa Gerbelli se despede da novela feliz com a repercussão de sua personagem, que deveria ter desaparecido entre os capítulos 30 e 50.
– Tenho uma sintonia muito grande com o texto do Manoel Carlos, com o que ele pensa do mundo e das relações entre as pessoas. Este trabalho me enriqueceu muito; as cenas dele me emocionam. Aprendi muito também com o Tony Ramos, e através da minha relação pessoal com a Bruna – diz Vanessa, que não tem filhos.
A química com a filha da ficção foi instantânea:
– Na primeira reunião de elenco, a Bruna chegou, de texto na mão, me abraçou e disse: ?Vamos passar as cenas??. Naquela hora eu pensei: ?Isto vai dar muito certo!?- lembra Vanessa.
– E todo mundo diz que a gente se parece – emenda Bruna. – Ainda por cima, no dia do lançamento da novela, a gente foi assistir ao capítulo com praticamente a mesma roupa: calça jeans com pedrinhas e blusa branca!
Nem tudo foram flores no trabalho, porém. Vanessa, que penou para achar o tom da personagem, pleiteia agora uma pequena recompensa:
- Esta foi a personagem mais difícil que já trabalhei, porque durante muito tempo a Fernanda foi tão misteriosa para mim quanto para o público. Queria que o momento de sua morte encerrasse toda a sua história e justificasse sua existência.”
O JOGO
“Classe AB ?madura? é o que sustenta ?O Jogo?”, copyright Folha de S. Paulo, 19/07/03
“Por que o ?reality show? ?O Jogo?, da Globo, tem sido um completo fracasso de audiência?
Para o diretor, J.B. de Oliveira Sobrinho, o Boninho, o problema foi o programa não ter conquistado as classes mais populares, concentrando sua audiência numa faixa segmentada dos telespectadores. ?Atingimos a classe AB, de 25 a 35 anos, não a maioria.?
Estudo do Ibope, obtido com exclusividade pela Folha, mostra que, como diz Boninho, a maioria dos telespectadores são da classe AB (41,5%, pelo dado de junho).
O ?reality show? coloca participantes ?reais? para desvendar um crime fictício, protagonizado por atores desconhecidos. Com um enredo confuso, tem audiência menor nas classes mais populares: 32,6% na C e 25,9% na DE.
O telespectador é ainda mais velho do que acredita o diretor, segundo o Ibope. A maior parte (25,6%) tem entre 35 e 49 anos. O público de 25 a 34 é responsável por 16,6% da audiência. Crianças de 4 a 11 formam 13% da audiência e maiores de 50, 15,4%. O programa estreou em 27 de maio com 26 pontos de média (cada ponto equivale a 48,5 mil domicílios na Grande SP). No episódio seguinte, obteve 18 e já amarga 14.
Para Boninho, o problema não foi o enredo difícil. ?Eu não acho complicado. Podia pegar ou não.? Ele também não liga o fracasso ao elenco, que tem interpretação muito fraca. ?Não funcionaria se fossem atores conhecidos.?
OUTRO CANAL
Gracinha Hebe Camargo almoçaria ontem com Walter Zagari, superintendente comercial da Record, e Luciano Callegari, superintendente artístico e de programação da emissora, no restaurante La Tambouille, em São Paulo. Cardápio: um convite para que ela troque o SBT pela Record a partir de janeiro de 2004. O flerte ocorreu quando ela participou do especial de 50 anos do canal.
De olho 1 O plano do governo de criar a TV digital brasileira, atualmente em consulta pública, começa a ser questionado. O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, que participa das discussões da digitalização desde a era FHC, entregou nesta semana um documento com críticas ao processo.
De olho 2 Dentre os problemas, diz o fórum, estão o fato de o governo não tratar da digitalização da TV a cabo e do rádio nem abrir debate sobre reflexos da nova tecnologia na programação. E mais: no novo formato de consulta pública, ninguém pode ler os comentários enviados pela internet. Com FHC, podia.
Sul Diretores e artistas da Rede TV! visitarão nesta semana a TV Carajás, sua afiliada no Paraná. O canal, antes local, diz ter crescido 30% em ibope e faturamento desde que se afiliou à rede nacional, há dois meses. O acordo se deu quando a Rede TV! perdeu para a Record a TV Pampa, que fazia sua retransmissão para o Sul.”
MTV
“MTV dobra audiência na classe C e sobe 70% na AB”, copyright Folha de S. Paulo, 18/07/03
“A MTV registrou um cresci mento de 100% de audiência da classe C e de 70% da AB durante o primeiro semestre de 2003. A emissora conta hoje com 7,9 mi lhões de espectadores, conside rando uma fatia segmentada do Ibope (A,B e C, de 15 a 29 anos).
A MTV atribui a alavancada da classe C a dois fatores. O primeiro é a linha de programação, consi derada mais acessível a esse públi co. Dentre os programas com esse potencial, a emissora inclui ?Rock e Gol?, ?Jackass? e ?Hermes e Re nato?. Outro ponto é que a classe C tinha uma margem maior de conquista para a emissora do que a AB, já mais ligada a ela.
Em 1999, a MTV lançou uma programação popular, abrindo- se até à febre pagodeira, a fim de conquistar jovens da classe C. De pois do estardalhaço da mudança, foi voltando progressivamente seu foco a um público mais ?qua lificado?, para os anunciantes.
Por isso, a direção prefere res saltar que o atual crescimento na classe C foi paralelo à subida da AB. ?Não perdemos um público para ganhar outro?, diz André Mantovani, diretor-geral.
No primeiro semestre, a MTV registrou crescimento de 18% nas receitas publicitárias, em relação ao mesmo período em 2002. E diz já ter conseguido 85% do fatura mento que previa para o ano.”
TV RECORD
“Record entra na disputa pela verba dos 450 anos”, copyright Folha de S. Paulo, 17/07/03
“Depois de Globo, SBT e Bandeirantes anunciarem seus projetos para os 450 anos de São Paulo, a Record lança seu plano para a efeméride e entra na disputa pelas verbas publicitárias que devem girar em torno dela. O formato final da programação para janeiro de 2004 será decidido em um reunião da diretoria, amanhã.
No centro da estratégia, está a idéia de criar uma nova maratona ou entrar como patrocinadora exclusiva de alguma já existente na cidade. Além disso, a Record programa a produção de dez a 12 documentários curtos (com duração de quatro a cinco minutos) sobre os bairros mais famosos de SP.
Planeja também a realização do ?Festival Um Minuto?, que exibiria imagens gravadas por paulistanos da região onde moram.
A emissora também irá aproveitar a data para utilizar material de seu acervo. Uma das idéias é produzir um especial sobre o compositor Adoniran Barbosa (?Trem das Onze?, ?Saudosa Maloca?).
E a ?menina dos olhos? do diretor de programação, Hélio Vargas, será a recuperação de reportagens antigas que hoje estão em película de 16mm. Entre os registros jornalísticos da emissora, estão a construção da avenida 23 de Maio.
OUTRO CANAL
ET
?O Jogo? (Globo), que já estreou com a preocupante audiência de 26 pontos (em 27 de maio), ontem registrou média de 14. Perdeu para o filme ?Missão Marte?, do SBT, que ficou com 22.
Educativa 1
A Cultura abrirá mais espaço a atrações da TVE Rio. A partir do dia 22, transmite o ?Observatório da Imprensa?. O ?National Geographic Apresenta?, cedido à TV carioca graças a acordo com a Fox, irá ao ar na paulista, em agosto.
Educativa 2
Apesar da parceria, o ?Sem Censura?, programa de entrevistas de Leda Nagle, produzido pela TVE e exibido em 20 Estados, vai continuar fora da Cultura.
Mundo cão 1
No ?vale tudo? da disputa pelo terceiro lugar no Ibope (depois da Globo e do SBT), uma surpresa anteontem: Datena (Band) chegou a amargar 2.5 pontos quando seu desafeto Milton Neves (Record) atingia sete. Na média, foi seis para o ?Cidade Alerta? (Record), quatro para a Band, e a Rede TV! marcou cinco.
Mundo cão 2
Apesar disso, o ?Cidade Alerta? deverá passar ao comando de Wagner Montes. Assim, o escrivão licenciado da polícia Milton Neves ?só? acumulará a apresentação do ?Terceiro Tempo? e do ?Roleta Russa?. Pode voltar também ao ?Debate Bola?. Fora o cargo que tem na Assembléia Legislativa de SP.”