MUDANÇAS NO NYTIMES
Em seu sétimo dia de trabalho no New York Times, o editor-executivo Bill Keller nomeou Adam Moss, editor-administrativo associado que editava a New York Times Magazine desde 1998, para um novo cargo: subeditor administrativo de features (grosso modo, reportagens de gaveta, atemporais e sobre assuntos variados, ou matérias frias).
Em entrevista, Keller disse que precisava de um líder que já "acordasse pensando" sobre como aprimorar "seções de apoio" do jornal.
De acordo com artigo de Sridhar Pappu [The New York Observer, 11/8/03], Moss virará um verdadeiro "czar de cultura", passando a supervisionar, além da revista, as seções de resenhas literárias, cultura, estilo, turismo, circuitos, imóveis e lazer. De acordo com fontes do Times, Moss recebeu o mesmo convite do ex-editor-executivo Howell Raines, mas à época afirmou não estar interessado.
Moss disse que a oferta foi aceita a partir de conversas com Keller, que pedia o conselho do editor sobre o jornal. O executivo queria alguém que não estivesse na "corrida louca" dos prazos diários do jornal para atentar a áreas de jornalismo leve. "Esse é um setor extremamente importante do New York Times e provavelmente ainda mais importante para o futuro do New York Times", disse Moss. "Acho que jovens e novos leitores podem recorrer ao jornal em diferentes formas. Obviamente, são atraídos ao Times pelo jornalismo empolgante que faz… Mas outros tipos de leitores se interessam bastante pelo que chamamos de assuntos do tipo ?como vivemos hoje?."
As notícias de reanimação do New York Times não podem ser ofuscadas pelas ruins, que infelizmente não deixam de ocorrer.
Agora, o jornalão é acusado de roubar reportagens de outros veículos. John Sutter, publisher do Villager, disse que o Times tem roubado pautas do pequeno jornal de Greenwich Village. Não há sinal algum de plágio, afirma Howard Kurtz em reportagem ao Washington Post [4/8]. Em todos os casos delatados, os repórteres do Times fizeram suas próprias matérias, bem diferentes das do Villager. Mesmo porque, é muito raro jornais de cidades grandes se interessarem pelos mesmos assuntos abordados em jornais de pequenas comunidades.
Sutter citou 32 artigos dos últimos três anos sobre assuntos que apareceram antes no Villager. Em 11 casos, uma ou mais pessoas citadas no pequeno jornal também estavam nas páginas do Times. "No começo, ficamos lisonjeados", escreveu Sutter a um editor do Times. "Mas há muito isso se transformou em desalento e fúria… O peso da evidência indica jornalismo preguiçoso."
Bill Borders, um editor sênior do Times, disse que o jornal só fazia seu trabalho. "Qualquer bom repórter cobrindo a região saberia ? ou deveria saber ? dos acontecimentos locais e escrever sobre o assunto", respondeu a Sutter. "Se você chegou a eles primeiro, sinto muito, mas esse pioneirismo não constitui a nós qualquer tipo de violação."
Alguns dos artigos denunciados poderiam ser publicados pelo Times com ou sem a cobertura prévia do Villager. Outros, segundo Kurtz, são claramente inspirados em reportagens originais do pequeno diário. Em sua carta, Borders concordou que em alguns casos o Times "pareceu demonstrar uma confiança pouco saudável em reportagens prévias do Villager."
De sua parte, Sutter não está satisfeito. "O New York Times admitiu apenas a nós, e não a seus leitores, uma confiança pouco saudável em reportagens prévias dos meus jornais. Estamos cansados de não receber crédito", afirmou.
A notícia pode ser boa, mas apenas a leitores que não se importam em ler o jornal do dia quando o sol já está se pondo. Trata-se do recém-anunciado corte no preço da edição do NY Times para cópias vendidas no final da tarde. A redução será de US$ 0,50, segundo nota da Media Life [4/8]. Em fase experimental, o desconto será aplicado apenas em duas dúzias de postos de venda em Manhattan.
Em dezembro, o Times subira o preço de capa de US$ 0,75 para US$ 1. Coincidência ou não, a circulação caiu 5,3% até o final de março. Aliás, a medida de corte no final da tarde dá a entender que o jornal está atrás de meios alternativas de continuar financeiramente em forma.
Enquanto isso, há tempos o New York Post, cortou seu preço para US$ 0,25 e a circulação tem crescido todo ano.