ORIENTE MÉDIO
O presidente romeno Ion Iliescu revoltou-se contra o jornal judeu
Haaretz, acusando o veículo de fraude ao citá-lo
afirmando que o Holocausto não foi exclusividade dos judeus
? acusação que o jornal rejeitou dizendo ser "ridícula
e infundada".
Segundo reportagem do Haaretz [26/8/03], a secretaria de
imprensa do presidente romeno divulgou um comunicado acusando o
jornal de distorcer intencionalmente a entrevista. O comunicado
dizia que Iliescu fora "firme e consistente" em seus comentários
sobre "o Holocausto e a tragédia dos judeus".
O Haaretz, de sua parte, disse que publicou "as palavras
exatas do presidente na entrevista" e que possui as fitas como
prova. "É curioso que o presidente tenha preferido esperar
um mês inteiro após a entrevista ser publicada no Haaretz
antes de fazer sua declaração refutando-a", afirmou
o jornal em comunicado oficial.
Os comentários foram recebidos com desgosto pelo governo
israelense, que protestou contra a Romênia. Iliescu respondeu
com uma carta ao presidente de Israel Moshe Katzav, dizendo que
jamais intencionou menosprezar o sofrimento judeu durante a era
nazista. O comunicado do presidente romeno também acusava
o jornal de ignorar seu pedido de ver a tradução da
entrevista e de "deformar a posição expressa
pelo presidente". O Haaretz disse que "não
havia condições de mandar a entrevista para ser aprovada
antes de ser publicada".
O HonestReporting.com [26/8] afirmou que os meios de comunicação
aceitaram um comunicado malicioso do Hamas como fato, negando, assim,
o terror latente do grupo terrorista.
Jornalistas cobrindo o conflito entre israelenses e palestinos
tentam dar aos leitores uma imagem equilibrada ao citar comunicados
oficiais de ambos os lados. Mas, segundo o Honest Reporting, os
porta-vozes palestinos divulgam declarações cada vez
mais maliciosas e falsas, o que leva o sítio a questionar
se todos os comunicados oficiais merecem cobertura acrítica.
"Quando as declarações de porta-vozes contradizem
diretamente os fatos, os meios de comunicação que
dão espaço a essas declarações não
estão deixando de noticiar de forma equilibrada e caminhando
em direção à disseminação de
mentiras e propaganda?", questionou o Honest Reporting.
O sítio cita um caso recente: após a Força
de Defesa de Israel matar Ismail Abu Shanab, líder do Hamas,
em 21/8, um porta-voz do grupo terrorista anunciou à imprensa
o seguinte comunicado: "O inimigo sionista assassinou a trégua",
e portanto "não nos consideramos mais compromissados
com esse cessar-fogo."
Michael Holmes, repórter da CNN, foi um dos únicos
a lembrar que o cessar-fogo até então vigente era
uma farsa, já que durante a trégua um ônibus
com 20 judeus israelenses foi explodido pelo Hamas em Jerusalém.
"O Hamas chamou a sucursal da CNN em Gaza e disse que o cessar-fogo
acabara… Se você estivesse em Jerusalém oriental
na noite anterior, estaria se perguntando que tipo de cessar-fogo
havia antes."
Muitos outros meios de comunicação, no entanto, caíram
no conto do vigário e reproduziram a declaração
do grupo terrorista como fato. Foi o caso do Chicago Tribune,
cuja manchete de 22/8 dizia "Hamas abandona trégua após
Israel matar líder"; do LA Times, com
a manchete "Trégua termina após ataque aéreo
israelense"); e do Independent de Londres, que dizia:
"grupos militantes palestinos suspenderam o cessar-fogo de
dois meses ontem à noite após Israel assassinar um
líder do Hamas em Gaza e enviar taques e infantaria de volta
à Cisjordânia."
Nunca é demais lembrar que esses jornais são recorrentemente
traduzidos ou utilizados como fonte aos principais jornais brasileiros.