A sétima praga da internet

POSTMASTER@VIRUS.COM.BR

Spam, missivistas mal-educados, propaganda invasiva, concursos de sites, cadastros longos, vírus e… o "postmaster". Como se não bastasse o tripé satânico (agência reguladora, telefônicas e provedores), para exercer seu direito de usar e-mail e navegar na internet o usuário é obrigado a travar combates diários com essas sete pragas da rede, tão medonhas quanto as do Egito, porque reais.

A primeira é o spam, em todas as suas formas, seja o e-mail comercial não-solicitado, seja o e-mail social não-solicitado ? pelo qual estranhos invadem a caixa-postal alheia para mostrar seus trabalhos artísticos, técnicos, literários ou religiosos ?, as newsletters não-solicitadas, a inscrição não-solicitada em grupos de discussão. Embora alguns protestem, estes últimos são spam, sim. Para deixar de sê-lo, o pedido prévio de autorização é essencial. A segunda praga é o usuário de e-mail que desconhece a chamada etiqueta da internet, e abusa do correio eletrônico, em todas as suas formas: anexos pesados sem autorização prévia, mensagens com fundo estampado ou de cor forte, prejudicando a leitura e a resposta, além da tediosa exigência de confirmação de recebimento.

A terceira é a propaganda invasiva na rede, seja sonora, como o telefone que toca estridentemente na homepage do grande jornal carioca, ou visual, aquela imagem que toma conta da tela e esconde o sítio que nos interessa. A quarta são os concursos de melhores da rede, que levam os sítios-candidatos a implorar voto em janelinhas que perseguem o internauta durante toda a navegação. A quinta é a exigência de preenchimento de cadastros imensos, até mesmo em serviços ordinários. A sexta é o vírus, em todas as suas formas, do enjoadíssimo worm auto-replicável em e-mails aos parasitas como o Xupiter, que grudam em seu navegador como craca no casco. Neste momento, vivenciamos o mais longo ataque de um worm da história da internet, o W32.Sobig, ativo há mais de um mês.

Para essas seis pragas há solução, mais ou menos eficaz. Só não há saída mesmo é para a sétima, o "postmaster", às vezes "técnico em segurança da informação", tanto faz o nome: o fato é que por incompetência baixam com freqüência dolorosa em nossa caixa postal. Esses bravos rapazes configuram o software de segurança de sua rede para que emita um alerta de vírus a cada mensagem contaminada que intercepta. O resultado é um desastre quase tão grave quanto o próprio vírus, como exposto há duas semanas no artigo "Você nunca vai aprender?" [ver remissão abaixo]: "Como o vírus falseia sua origem, cada mensagem automática é enviada a um usuário inocente. ?É de fato uma coisa estúpida?, disse Graham Cluley, consultor da empresa de antivírus Sophos. ?Mandam o alerta à pessoa errada, faz esta pensar que está infectada, e isso gera mais e-mails.?

Puríssima verdade. O resultado da aliança destas duas pragas, o vírus e o postmaster incompetente: na tarde de segunda-feira, dia 8/9, por exemplo, havia na caixa postal do BLOI, o blog do Observatório, 53 mensagens contaminadas pelo Sobig (cada uma de 97k, total, 5.141k), e 23 alertas de vírus (101k cada, 2.323k no total)! Ou seja, os alertas agravaram significativamente a sobrecarga gerada pelo vírus! Não é um contra-senso?

A praga dos técnicos incompetentes parece afligir mais as repartições públicas (de todas as esferas), mas também grandes empresas (ver exemplos abaixo). Como é possível que técnicos desconheçam o transtorno que causam? Avisados os bravos rapazes (um trabalho árduo do OI), alguns agradecem e desativam o automático, outros são malcriados, a maioria ignora. Um desce do pedestal e ensina: "Você conseguiu entender a mensagem??? Na mensagem está escrito: esta é uma mensagem gerada automaticamente pelo servidor de e-mail".

Pobre servidor, levou toda a culpa… O OI preocupou-se em responder ao bravo rapaz, já que a ignorância é uma praga, mas não um mal incurável: "A incompetência está justamente em ativar o automático. Desative! A máquina faz tudo o que você quiser, sabia?! :-))))"!

"Você nunca vai aprender?" ? M.C.