Um manual de procedimentos para que professores universitários – sobretudo das áreas da saúde, biológicas e exatas – se adaptem melhor às dificuldades da prática pedagógica que certamente enfrentarão no início da carreira. Essa é a proposta do livro Sou professor universitário, e agora?, que acaba de ser lançado pelo professor Miguel Carlos Madeira, da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araçatuba.
Além de fazer recomendações utilitárias, relatar técnicas de ensino e experiências didáticas com alunos nos 46 anos de dedicação do autor ao ensino superior, a obra conta com artigos por ele escritos sobre educação e veiculados em publicações especializadas.
‘Minha intenção foi escrever um livro essencialmente objetivo e prático, tal como a própria tarefa do professor. Para isso, os assuntos são divididos em três partes: antes, durante e depois da sala de aula’, disse Madeira à Agência Fapesp.
Graduação e pós-graduação
A primeira parte se refere a providências que devem ser tomadas antes da primeira aula, como a elaboração do planejamento de ensino e definição dos objetivos. A segunda oferece estratégias de atuação em sala de aula, com destaque para as relações interpessoais do educador com o estudante e reflexões sobre a importância do estudo dirigido ou personalizado. A terceira parte traz os artigos, que, segundo o autor, ‘são discursos complementares que interligam os textos e lhes dão acabamento’.
‘A todo momento, insisto que as técnicas de ensino devem evitar a repetição. O professor criativo muda as maneiras de ensinar, variando o formato das aulas. Um modelo de curso que prevê um único método didático, do início até o final, é pouco motivador’, observou.
Para Madeira, são muitas as dificuldades técnicas encontradas pelo professor no exercício de sua profissão. ‘Em geral, os cursos de graduação priorizam os avanços da ciência e a produção científica medida pelo número de publicações, muitas vezes não prevendo, em seus projetos pedagógicos, disciplinas voltadas para a prática de ensino. Nos cursos de pós-graduação essas disciplinas também são insuficientes, considerando que nem todo cientista é preparado para ensinar’, disse.
Pedagogo escreve para pedagogo
Antes de se aventurar no tema, ao pesquisar a literatura pedagógica com o olhar de professor da área da saúde, Madeira deparou com uma carência de publicações em linguagem objetiva para docentes de outras áreas do conhecimento que não a pedagogia.
‘Uma das questões abordadas no livro vem de uma impressão pessoal de que pedagogo escreve para pedagogo. Nesse sentido o livro é destinado a especialistas em seu campo de conhecimento que, sem a formação pedagógica necessária, passam a exercer a docência, tanto em instituições públicas como privadas’, disse.
Madeira começou a lecionar a disciplina de Anatomia em 1962, área na qual concluiu o pós-doutorado na Unesp. Ainda na universidade, ministrou aulas nos cursos de Medicina, em Botucatu, e de Odontologia, em São José dos Campos e Araçatuba. Atualmente também leciona Anatomia em universidades particulares, como o Centro Universitário Toledo (Unitoledo), em Araçatuba, e o Centro Universitário Católico Salesiano (Unisalesianos), em Lins.
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Repórter da Agência Fapesp