Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sobram dúvidas

AVALIAÇÃO IMPLODIDA

Luiz Fernando Castro (*)

Você não sabe como será a avaliação dos cursos superiores em 2004? Então, não se preocupe. Ninguém sabe. Na verdade, restam dúvidas inclusive se algum tipo de avaliação será aplicada no próximo ano. Ao contrário do que a comunidade acadêmica esperava, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, não anunciou nenhuma mudança definitiva no sistema implantado pelo ex-ministro Paulo Renato Souza.

Depois de três meses de debates, os 12 integrantes da Comissão Nacional de Avaliação apresentaram um relatório de 100 páginas propondo uma avaliação aleatória, sem conceitos para cursos e alunos e sem o ranking das melhores universidades. Seriam essas as mudanças? Não!

Virtude única

Quem avisa é o próprio ministro. Cristovam diz que vai montar o novo sistema levando em consideração as boas propostas. Para saber quais seriam elas, o ministro vai promover um fórum. Lá, ele pretende discutir o que a comissão criada por ele já deveria ter feito. Ou seja, continuamos sabendo que tudo ou quase tudo vai mudar, mas não sabemos o que, quando e como. É bom lembrar que, qualquer que seja o novo sistema, ele terá que passar pelo Congresso Nacional.

Não menos incertas e confusas são as sugestões enumeradas por esta comissão. Ao tornar o exame aleatório, o Ministério da Educação não apresenta mecanismo que garanta que a amostra de um curso seja realmente aleatória. Além disso, a avaliação institucional levaria três anos para ser concluída e resultaria num dossiê institucional. Nada mais subjetivo e burocrático para um pai que deseja saber nesse instante se a faculdade para qual seu filho passou merece sua confiança.

Ao que parece, o mérito desse relatório se restringe a reforçar que a avaliação tenha como foco a instituição, e não o aluno. De resto, destrói a única virtude do sistema implantado pelo governo FHC: a produção de parâmetros objetivos de qualidade. É graças a esses índices que sabemos que o ensino superior brasileiro tem muito a melhorar.

(*) Editor de Ensino Superior do Caderno de Educação da Folha Dirigida

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