Saturday, 16 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Sem medo dos radicais

ISLÃ

Irshad Manji, autora de The Trouble with Islam: A Wake-up Call for Honesty and Change ("O Problema do Islã: Um despertador para honestidade e mudança", tradução literal não-oficial) foi corajosa. Sabia, ao publicar a obra que explora tabus e polêmicas como anti-Semitismo, escravismo e tratamento inferior às mulheres, que o mundo muçulmano viria acertar as contas.

Uma reportagem de Daniel Pipes [New York Post, 23/9/03] conta que a reação não tardou. "Você vai pagar pelo monte de mentiras em breve", dizia uma das mensagens ameaçadoras recebidas pela escritora na semana retrasada.

O livro acaba de ser lançado no Canadá e a autora, aparentemente, não tem medo de ameaças. "Cresçam!" Irshad gritou aos muçulmanos. "E assumam a responsabilidade de nossa função [das mulheres] no que aflige o Islã."

Irshad, muçulmana praticante, é jornalista de TV e personalidade conhecida, mas o estrelato não ofusca o brilhantismo de sua obra, com tomadas realistas sobre o assunto. Já no universo islâmico, Irshad é chamada de "autodestrutiva", "irrelevante", "uma traidora muçulmana" e "blasfema". É acusada de "denegrir o Islã" e desumanizar muçulmanos. A hostilidade levou a autora a contratar seguranças e pôr vidraças blindadas em sua casa. A polícia de Toronto reconheceu que sua segurança está em grande perigo.

O sufoco por que tem passado Irshad é, infelizmente, típico de muçulmanos moderados, corajosos e modernos quando se posicionam publicamente contra o Islamismo militante. Seu caso veio a se somar a outros, como os dos escritores Salman Rushdie e Taslima Nasreen, cujas vidas também foram ameaçadas.

Daniel Pipes afirma que, apesar do risco, o anti-Islamismo muçulmano não apenas existe, como se fortaleceu desde o 11 de setembro, em 2001. Os moderados que vociferam contra o extremismo estão publicando cada vez mais livros condenando a visão totalitária islâmica. É o caso de Abdelwahab Meddeb, da Sorbonne, que escreveu Malady of Islam ("Moléstia do Islã", tradução literal não-oficial) em que compara o Islamismo militante ao Nazismo; e de Akbar Ahmed, da American University, autor de Islam Under Siege ("Islã em Estado de Sítio", tradução literal não-oficial), pedindo que os muçulmanos respeitem os não-muçulmanos. Jornalistas como Tashbih Sayyid, do Pakistan Today, e Stephen Schwartz também estão no front contra islâmicos radicais nos EUA, assim como o escritor Khalid Durán.