O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região enviou na segunda-feira (18/8) uma carta ao Ministério da Justiça e à Corregedoria da Polícia Civil exigindo providências em relação ao vazamento, por parte da polícia, de informações sobre assaltos a agências bancárias. A falta de sigilo quanto ao depoimento das vítimas e ao conteúdo das fitas dos circuitos de TV internos das agências assaltadas tem exposto a segurança, e até a vida, de bancários e de suas famílias.
O caso mais recente aconteceu após o assalto do dia 12 de agosto à agência do Santander da Avenida Amador Bueno da Veiga, na Penha, que teve ampla cobertura da mídia dado o grau de violência envolvido [ver ‘Um morto e três feridos em assalto‘].
No mesmo dia, telejornais noturnos divulgaram a gravação do sistema interno de segurança do banco, mostrando a ação dos criminosos e expondo sem autorização os rostos dos funcionários da agência para todo o país. Dado o fato de que o banco entregou cópia da fita apenas à Policia Civil, há fortes indícios de que a gravação tenha sido repassada irregularmente por policiais às redes de televisão.
Risco de vida
No dia seguinte, foi possível ler nos jornais o teor da entrevista concedida pelo delegado-assistente do 10º Distrito Policial, Richard Serrano, com informações sigilosas captadas durante depoimento dos bancários vítimas do assalto.
Entre outros detalhes, o delegado repassou à imprensa a informação de que os criminosos teriam levado até a agência uma foto da casa da gerente para obrigá-la a abrir a porta. Segundo Serrano, eles teriam dito que a família dela estaria em segurança se ela os obedecesse e abrisse o cofre.
Em trecho da reportagem publicada no dia 13 no caderno ‘Cotidiano’, do jornal Folha de S.Paulo, lê-se: ‘Richard Serrano (…) disse que os criminosos levaram uma granada e uma foto da casa da gerente para obrigá-la a abrir a porta. (…). `Mas, em vez de desativar o alarme, a gerente ligou o alerta de pânico e acionou a PM, que chegou 15 minutos depois´, afirmou Serrano.’
‘O fato, além de expor a gerente à vingança dos criminosos, que sabem onde ela mora, tornou pública, e conseqüentemente de conhecimento dos assaltantes, a atitude de desobediência da bancária às ordens do criminoso, que talvez só tenha ficado sabendo pelos jornais que a polícia havia sido acionada pela gerente’, lê-se em trecho da carta enviada pelo Sindicato.
‘Solicitamos às autoridades competentes providências para evitar que fatos lamentáveis como este voltem a ocorrer. Não compreendemos de que forma pode ser do interesse das investigações da polícia tornar públicos detalhes das ações criminais quando isso coloca em risco a vida dos cidadãos envolvidos e de suas famílias’, afirmou na carta o presidente do sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
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Jornalista do Sindicato dos Bancários de São Paulo, SP