Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Solicitação de Uribe para investigar jornalista é rechaçada

O presidente colombiano Álvaro Uribe Vélez pediu na quinta-feira (21/08) uma investigação criminal contra Daniel Coronell, alegando que o jornalista violou a lei ao não revelar imediatamente o vídeo de uma entrevista onde, supostamente, se vincula a administração Uribe a um escândalo de suborno. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou as autoridades colombianas a descartarem a solicitação de Uribe.


Na quinta-feira, Uribe compareceu perante uma comissão do Congresso encarregada de investigar acusações contra altos funcionários por terem subornado a ex-congressista Yidis Medina para que votasse a favor da mudança constitucional que permitiu a reeleição de Uribe em 2006, segundo informações da imprensa.


Durante a audiência, a portas fechadas, Uribe pediu à comissão que entregasse o assunto à Procuradoria para que esta realizasse uma investigação criminal. Uribe alegou que Coronell, diretor de notícias do Canal Uno e colunista da revista Semana, violou a lei ao não informar o público prontamente sobre um crime, segundo as matérias veiculadas na imprensa e entrevistas realizadas pelo CPJ.


Cargos para familiares e amigos


A entrevista gravada em 2004 por Coronell com Medina, na qual esta narra o suposto suborno, foi ao ar em 20 de abril deste ano e ajudou a alimentar as investigações judiciais e do Congresso. Coronell explicou que Medina havia pedido que não divulgasse a informação até este ano, segundo informes da imprensa colombiana. Medina, que foi condenada por suborno, está em regime de prisão domiciliar.


‘Rechaçamos a solicitação feita pelo presidente Uribe de investigar Daniel Coronell’, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. ‘Parece-nos que a motivação por trás da decisão de Uribe está ligada às críticas que Coronell faz ao governo colombiano. Instamos a Procuradoria a descartar a solicitação de Uribe.’


O senador Luis Carlos Avellaneda interpôs uma ação contra o presidente depois de Medina declarar ante a Corte Suprema de Justiça que Uribe estava ciente das ofertas – que incluíam cargos políticos para familiares e amigos, informou a imprensa local. Outros funcionários também estão sendo investigados, informou a Reuters.


Convite para o funeral


Em outubro de 2007, Uribe qualificou Coronell de covarde, mentiroso, canalha e difamador profissional em um programa na rádio La FM. Os comentários ocorreram após uma coluna de Coronell na Semana, na qual ele descrevia acusações feitas por Virginia Vallejo, amante do falecido narcotraficante Pablo Escobar, de que Uribe teria vínculos com o narcotraficante. Horas depois da transmissão das acusações de Uribe, Coronell recebeu uma ameaça de morte por correio eletrônico.


Coronell passou dois anos no exílio, depois de receber duas coroas fúnebres de flores com cartões convidando-o para seu próprio funeral, em 2005. Coronell também recebeu mensagens por correio eletrônico ameaçando a vida de sua filha pequena, enviadas do computador do ex-congressista Carlos Náder Simmonds, amigo próximo de Uribe. Posteriormente, Náder admitiu ter enviado a mensagem, mas disse que havia sido mal interpretado. O ex-congressista não foi acusado. [22 de agosto de 2008]

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