Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

CASO KELLY

“Repórter da BBC admite ter interpretado Kelly erroneamente”, copyright O Estado de S. Paulo, 18/09/03

“O repórter da BBC Andrew Gilligan, que acusou o governo britânico de ?esquentar? relatórios dos serviços secretos sobre a ameaça militar iraquiana, admitiu ter errado na interpretação de informações que o cientista David Kelly lhe passou sobre o assunto. Apontado como fonte da denúncia da BBC que lançou o primeiro-ministro Tony Blair em sua mais grave crise política e de credibilidade desde que assumiu o poder, em 1997, o cientista, funcionário do Ministério da Defesa, suicidou-se.

Gilligan foi interrogado pela segunda vez pelo juiz James Hutton, que apura se Kelly recebeu tratamento inadequado do governo.

?Reconheço hoje que interpretei de forma equivocada as palavras de Kelly?, disse o jornalista. Ele negou que o cientista tivesse comentado que o governo sabia que informações contidas no relatório eram pouco confiáveis, como deixou transparecer no programa Today da Rádio BBC-4, em 29 de maio.

?Errei ao dizer isso porque é algo que não posso provar.?

Gilligan pediu desculpas por ter citado sua fonte (o cientista) como sendo dos serviços secretos – aos quais Kelly não pertencia. ?Quando se fala ao vivo, sem texto, como ocorre no rádio, somos vulneráveis a esse tipo de erro?, justificou-se.

Mas o repórter defendeu a autenticidade da notícia divulgada. Ele ressaltou que Kelly, ex-inspetor de armas das Nações Unidas no Iraque, lhe havia ?dito, sim, que era errônea e pouco confiável? a versão contida no relatório de Blair de que o Iraque podia lançar um ataque com armas químicas e biológicas 45 minutos após uma ordem de Saddam Hussein, e a utilização desse dado havia sido ?inserida no texto contra a vontade do Ministério da Defesa?.

Esse item do dossiê de Blair foi considerado decisivo para a participação do país na invasão do Iraque, liderada pelos EUA. (Reuters)”

 

BERLUSCONI DERRAPA

“Berlusconi acusa jornalistas de embebedá-lo para ?abrir o bico?”, copyright O Estado de S. Paulo, 20/09/03

“O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi chamado de mentiroso pelos repórteres britânicos Boris Johnson e Nicholas Farrell que o entrevistaram recentemente para a revista The Spectator. Berlusconi dissera que sua declaração, segundo a qual ?Mussolini não matou ninguém e só enviou seus inimigos para gozar férias no exílio?, foi feita depois de um duro dia de trabalho e sob o efeito de uma garrafa de champanhe. Procurando abafar a indignação causada pela afirmação – principalmente na comunidade judaica -, o primeiro-ministro deu a entender que os jornalistas cometeram um abuso, aproveitando-se da situação. ?A memória do primeiro-ministro está falhando?, rebateu Johnson em entrevista para o jornal The Independent. ?Não havia champanhe, apenas chá frio…? Farrell, que escreveu uma biografia ?positiva? do Duce e se dizia ?grande fã? de Berlusconi, concordou com o colega: ?Só bebemos chá gelado, que ele mesmo serviu. É uma vergonha que tenha dito essa mentira. Já não tenho por ele o mesmo respeito.? (DPA)”

 

ECOS DA GUERRA

“?Imprensa foi amordaçada?, diz Amanpour”, copyright O Estado de S. Paulo, 17/09/03

“A repórter da rede de TV CNN Christiane Amanpour declarou ontem que as cadeias de televisão americanas foram ?intimidadas? pelo governo de George W. Bush em sua cobertura da guerra no Iraque. ?Creio que a imprensa foi amordaçada e creio que a imprensa se auto-amordaçou?, disse Amanpour em entrevista à emissora de TV a cabo americana CNBC. As declarações da repórter, no entanto, foram contestadas pela direção de jornalismo da CNN.

?Lamento dizer isso, mas algumas emissoras – e talvez, até certo ponto, a em que eu trabalho – foram intimidadas pelo governo e por seus soldados da Fox News?, declarou Amanpour, referindo-se à emissora pertencente ao magnata Rupert Murdoch, que se converteu na principal concorrente da CNN durante a guerra. ?O problema não foi que nos proibiram de fazer algo. O que houve foi um problema de tom, de rigor, de não fazer todas as perguntas.?

Jim Walton, diretor de jornalismo da CNN, teve ontem uma ?conversa reservada? com sobre seus comentários. ?Christiane é um membro destacado de nossa equipe e uma das principais jornalistas do mundo?, disse Walton. ?Mas seus comentários não refletem a realidade de nossa cobertura e não estou de acordo com ela a esse respeito.?

Um porta-voz da Fox News também respondeu às acusações da repórter: ?É melhor que sejamos vistos como um soldado de Bush do que como uma porta-voz da Al-Qaeda.? (France Presse)”

 

MÍDIA / EUA

“Senado dos EUA veta novas normas para mídia”, copyright O Estado de S. Paulo, 17/09/03

“O Senado americano rejeitou ontem um conjunto de novas regras que, para muitos, levaria à uma concentração excessiva da mídia americana nas mãos de grandes grupos de comunicação e impediria a diversidade de opiniões em jornais, rádios e TVs.

Por 55 votos a favor e 40 contra, os senadores aprovaram a resolução contrária às normas. O texto será agora encaminhado à Câmara dos Deputados, onde sua aprovação é considerada mais difícil. A Casa Branca já anunciou que, mesmo se aprovada, a resolução será vetada por George W. Bush. O veto presidencial só poderá ser derrubado com o voto de dois terços da Câmara e do Senado.

Em 2 de junho, a Comissão de Comunicação Federal (FCC, na sigla em inglês) havia aprovado normas que permitiam que proprietários de um jornal comprassem uma estação de TV na mesma cidade, e vice-versa – além de adquirirem várias emissoras de rádio. Grandes redes de TV, como ABC e Fox, poderiam também comprar um grupo de emissoras que atingisse até 45% da audiência nacional – contra os 35% atuais.

As novas regras derrubavam décadas de limitações sobre o direito de propriedade de veículos de comunicação nos EUA.

A decisão da FCC – dominada pelos republicanos de Bush – foi amplamente contestada pelos democratas e também por 12 parlamentares republicanos, que respaldaram a resolução apresentada pelo senador democrata Byron Dorgan.

Em 3 de setembro, um tribunal da Filadélfia já havia determinado que as novas regras não deviam entrar em vigor até que a Justiça julgasse uma ação contrária a elas. Os juízes devem começar a ouvir os argumentos de ambos os lados já no início de novembro.

Anos 40 – Os grandes conglomerados da mídia americana sustentam que a liberalização é necessária porque as velhas regulamentações do setor – algumas delas da década de 40 – impediam que eles ampliassem suas estruturas e passassem a competir com mais força com as TVs a cabo, as redes via satélite e com a internet.

Uma grande coalizão – que reúne associações de direitos civis, grupos liberais e conservadores e até a Conferência dos Bispos dos EUA – se formou para combater as regras da FCC. As novas normas, argumentam eles, tirariam a chance dos espectadores de TV e leitores de jornal de ter acesso a uma diversidade de opiniões e reduziriam a cobertura de assuntos locais.

?Devemos garantir que o mercado de idéias não seja monopolizado por certos conglomerados às custas de nossa cidadania, de nossa democracia?, declarou a senadora democrata Patty Murray.

O presidente do diretório da FCC, Michael Powell, disse que a resolução dos senadores ?não trará objetividade à regulamentação da mídia, só caos?.

Ontem, durante seu pronunciamento diário, o porta-voz de Bush, Scott McClellan, defendeu as medidas da FCC e acrescentou que elas têm fortes chances de serem adotadas. ?Acho que a votação (no Senado) mostra que não haveria votos suficientes para derrubar um possível veto presidencial.?(The New York Times, The Washington Post, Reuters e Associated Press)”

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“Novo jornal em Manhattan, para jovens e gratuito”, copyright O Estado de S. Paulo, 17/09/03

“Uma nova batalha está se iniciando na guerra travada entre os jornais de Nova York. A Tribune Co., proprietária dos diários Newsday e Los Angeles Times, está preparando o lançamento de mais um jornal, tablóide e diário. A novidade é que amNew York será gratuito e embarca na recente onda de publicações do gênero que buscam atrair a população de 18 a 34 anos, um público que dificilmente os jornais tradicionais conseguem atingir.

O editor do tablóide será Russel Pergament, ex-diretor de uma publicação similar de Boston, o Boston Metro. Para o presidente da Tribune Publishing, o amNew York é um ?investimento atrativo?, pelo tamanho da cidade e grande número de pessoas que ali trabalham. ?Nova York é uma grande cidade de jornais.?

A expectativa de Pergament é ultrapassar a circulação diária do Boston Metro, de 166 mil exemplares. Inicialmente, o amNew York será distribuído em Manhattan – para atingir seu alvo principal, os jovens que ali trabalham -, em locais de grande concentração desse público alvo: academias, bares, restaurantes, livrarias e bancas de jornais.

?Nós vimos o amNew York como uma oportunidade única e um bom investimento?, disse Christine Hennessey, porta-voz da Tribune. Segundo ela, o novo jornal ajudará a promover outros produtos da empresa, como a WPIX-TV e o Newsday.”

 

TIME WARNER SEM AOL

“AOL Time Warner, maior grupo de mídia do planeta, decide tirar ?AOL? do nome”, copyright Folha de S. Paulo, 19/09/03

“Em um gesto simbólico das dificuldades do maior conglomerado de mídia do planeta, o conselho administrativo da AOL Time Warner decidiu ontem retirar o termo ?AOL? de seu nome. O grupo, que resultou de uma das maiores fusões da história, vai se chamar Time Warner.

Para analistas, ficou abaixo do esperado o resultado da união de uma empresa da chamada nova mídia (America Online) com tradicionais meios de comunicação (Time Warner, dos grupos Time e Warner Bros.). Quando anunciada, a fusão era tida como uma revolução no setor. Valendo-se da valorização de suas ações no boom da internet, a AOL comprou a Time Warner no início de 2000.

Os defensores da fusão viam uma oportunidade inédita para a integração de cinema, música, televisão e imprensa. Mas o fim da euforia com a internet e a queda na receita publicitária trouxeram dificuldades para o grupo.”