Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fabiane Bernardi

DÉBORA DUARTE / PERFIL

“Débora Duarte volta à cena de casa e visual novos”, copyright O Estado de S. Paulo, 21/09/03

“Débora Duarte dispensa apresentações. De casa nova, dá vida à amarga Teresa, de Canavial de Paixões, novela prevista para estrear em outubro no SBT. Apesar de a trama ainda não ter entrado no ar, a atriz já defende com unhas e dentes sua personagem. ?Ela não é a vilã, não é má, é apenas infeliz?, justifica a atriz, que não mudou só de canal: seu visual também está repaginado. Débora desfila pela tevê mais magra e feliz. ?Estou vivendo uma fase maravilhosa. Sinto como se tivesse deixado de lado uma irmã chata que ficou no meio do caminho?, diz a atriz, taxativa quando o assunto é dieta (ou operação), o verdadeiro motivo por ter emagrecido tanto. ?Não me interessa ficar falando.? Sabe-se que Débora se submeteu recentemente a uma cirurgia de redução de estômago.

Ela conta que sua personagem, a Teresa, será uma mulher determinada, romântica e um pouco triste. ?Justamente por ser romântica e não ser tão bem-sucedida nesse sentido. Ela se torna descrente e amarga.? Quanto à interpretação de um texto mexicano (adaptado para o público brasileiro por Ecila Pedroso), Débora é novamente incisiva. ?Não tenho muito o que achar.

Me chamaram para fazer essa novela, gosto do personagem, acredito que dá para fazer um belíssimo trabalho e vou fazê-lo com todo meu amor. Acho que o elenco é muito talentoso, que a novela é boa e deve ser feita sem pudor, pra valer.?

Por conta das gravações, Débora teve de se mudar provisoriamente para São Paulo. Afirma estar adorando voltar à cidade onde foi criada. Confessa, no entanto, que tem saudade da sua casa no Rio e das sete cachorras. Pretende, nos fins de semana, dar um pulinho por lá, ?beijos em todo mundo e conferir se a casa não caiu?.

Daniela e Paloma – Enquanto a mãe ganha destaque na trama do SBT, a filha Paloma Duarte continua esbanjando talento na concorrente, com Marina, em Mulheres Apaixonadas. Mas engana-se quem acredita que mãe e filha ?trocam figurinhas? sobre trabalho. ?Isso não acontece. Cada uma tem seu estilo, seu critério. A gente só se parabeniza, mas nunca interferimos na formação do trabalho da outra. Também, ela nunca precisou.? Débora aproveita para explicar que a relação com Paloma é baseada em muita cumplicidade. ?A gente se ama e compartilha a vida. Eu também tenho outra filha, a Daniela Duarte, que estrelou três peças de teatro, fez um filme que ganhou um prêmio em Gramado e produz peças. Eu e a Paloma compartilhamos com Daniela tudo o que ocorre, mas ela também não pede palpite, não.? Sobre o namoro de Paloma com o cantor e compositor Oswaldo Montenegro, Débora garante que não se intromete também. ?O namorado é dela e eu confio muito na minha filha.?”

 

TELEDRAMATURGIA

“Noticiários invadem a teledramaturgia”, copyright Folha de S. Paulo, 17/09/03

“Referências documentais a elementos da vida contemporânea em larga medida estruturam a verossimilhança das novelas de televisão.

Nos últimos anos essa vocação para comentar elementos polêmicos da conjuntura se radicalizou em títulos que podem ser considerados de ?intervenção?.

A atual novela das oito, ?Mulheres Apaixonadas? (Globo), ameaçou expandir essa espécie pós-moderna de merchandising para o âmbito da política, o que é preocupante.

A partir de meados dos anos 90, novelas de autores diferentes como Glória Perez e Benedito Ruy Barbosa realizaram um misto de ação afirmativa e prestação de serviço.

A novela ?Explode Coração? (Globo, 1995), de Glória Perez, divulgou imagens de crianças desaparecidas, contribuindo para reunir famílias fragmentadas. ?O Rei do Gado? (Globo, 1996), de Barbosa, revelou para o grande público a existência do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), ajudando a aumentar seu peso político.

?O Clone? (Globo, 2001), também de Perez, contava com depoimentos de ex-viciados sobre sua experiência com as drogas.

Merece menção o diálogo ?sui generis?, comentado na época nessa coluna, entre o então senador Darcy Ribeiro e o personagem de Carlos Vereza em ?O Rei do Gado?.

Na mesma novela o também senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e a ministra Benedita da Silva atenderam a um convite da produção para comparecer ao velório do senador da ficção.

Figurantes célebres

?Mulheres Apaixonadas? promoveu e registrou a manifestação pelo desarmamento no último domingo no Rio de Janeiro -com direito a figuração de luxo.

Entre os participantes da passeata estavam os ministros da Justiça e das Comunicações, além do presidente da Câmara dos Deputados e de diversos membros do governo.

Declarações desses figurantes célebres foram exibidas no noticiário de domingo, mas estiveram ausentes do anunciado capítulo de segunda.

Apesar do alarde, a cobertura da passeata na novela acabou reduzida a um clipe final, ao som do Hino Nacional, com imagens de diversas ?alas?: do colégio da ficção aos policiais da notícia, que se colocaram também como vítimas da violência.

As incursões da dramaturgia pelo terreno do noticiário em geral repercutem. O ?Jornal Nacional? e o ?Fantástico? divulgam desenlaces de tramas secundárias geradas por novelas na vida privada de cidadãos não-personagens. Jornais diários noticiam.

As ?causas? são nobres e elevam os índices de audiência. Mas correm o risco de esvaziar a dramaturgia e às vezes, em vez de contribuir para o esclarecimento, despolitizam.

Uma ação de marketing como a que se delineou chamaria a atenção para a interação folclórica entre personagens e políticos, ao invés de denunciar as pressões da indústria de armas contra a aprovação do Estatuto do Desarmamento, assunto que não merece um segundo plano. Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP”

 

KUBANACAN

“?TV é o único lugar onde o diretor é desvalorizado?”, copyright O Estado de S. Paulo, 18/09/03

“O diretor Wolf Maya deixou esta semana a novela Kubanacan e provocou um certo ruído na mídia. Nesta entrevista, ele garante que não brigou com o autor Carlos Lombardi e que só se afastou para tirar férias antes de entrar na produção de Dinastia, novela de Aguinaldo Silva, prevista para junho. Antes de se tornar ator, diretor e roteirista, Wolf ganhava a vida como médico. Hoje, tem 20 novelas e 5 minisséries no currículo, uma escola de formação de atores para a TV e disposição para tentar o cinema.

Estado – ?Kubanacan? levantou o horário das 7. A que você atribui esse sucesso?

Wolf Maia – Porque tem estilo e diferencial: fala de fantasia e tem uma história saborosa. Recupera o herói, como faziam Ivani Ribeiro e Janete Clair. Isso excita a audiência jovem.

Estado – O Ministério da Justiça recebeu reclamações sobre excessos de violência e sexo na trama . Como você reagiu a esse puxão de orelhas?

Wolf – Fui a Brasília explicar o que era a novela. É simples de entender: a violência em Kubanacan é a ligada ao cartoon, isso até é reforçado na sonoplastia. A sensualidade é do universo do Carlos Lombardi, a novela é caliente sem ser erótica. Os homens são descamisados, mas a libido não é acentuada. Danielle Winits nunca teve os seios tão cobertos.

Estado – E por que você deixou ?Kubanacan??

Wolf – Não briguei com o Lombardi. Saí da novela com o coração na mão, o elenco ficou triste. Mas deixo Kubanacan mais do que implantada e com 45 pontos de média no Ibope. Depois de 100 capítulos a história depende mais do autor. Fui chamado para fazer a novela do Aguinaldo Silva, cuja pré-produção começa em dezembro. Pedi para sair porque preciso de férias.

Estado – Como será essa novela? Quando estréia?

Wolf – Começa em junho e por enquanto chama-se Dinastia. A trama começa em 1968 quando a personagem principal vem do Nordeste para o Rio com os filhos.

Será uma saga de família e com um pouco de Poderoso Chefão. O Rio entra, mas não a zona sul: será a Lapa e o Bairro Peixoto.

Estado – Os diretores não se sentem desvalorizados por nunca serem citados como criadores das novelas?

Wolf – A TV é o único lugar onde o diretor é desvalorizado, diferente do cinema e do teatro. É que na TV o processo de criação fica muito na mão do autor.

Estado – Você já se desentendeu com outros autores?

Wolf – Há autores que são mais integrados comigo. Os meus preferidos são o Lombardi, Cassiano Gabus Mendes (morto), Glória Perez e Ivani Ribeiro (morta). Só me lembro de um autor, Daniel Más, com o qual não tive afinidade (em Bambolê).

Estado – E com atores?

Wolf Maia – Há atores mais profissionais e outros menos. Não tive problema com Humberto Martins em Kubanacan, quem teve foi o Lombardi. Os homens são menos profissionais que as atrizes. As mulheres são mais disciplinadas e agüentam melhor as privações.

Estado – E cinema?

Wolf Maia – A TV não me deu tempo para fazer cinema. Agora estou adaptando uma história para filmar em 2005. Estou fazendo um trabalho na minha escola para produzir uma ficção, Curta Comédia, de Luís Fernando Veríssimo, com 40 alunos.

Estado – Você já fornece atores para a TV?

Wolf – Tenho seis ou sete alunos trabalhando na Globo: em Mulheres Apaixonadas (Luciele Camargo, a Dirce), em Kubanacan (duas das meninas da quitinete do Enrico). Muitos têm feito testes e foram escolhidos para comerciais.”