BAGUETTES
Leneide Duarte-Plon, de Paris
O jornalista Daniel Schneidermann foi demitido há alguns dias pelo Le Monde [veja remissão abaixo]. Crítico de televisão do jornal mais respeitado da França, Schneidermann disse ao Observatório da Imprensa, em entrevista exclusiva, que assim como o jornal controla os menores gestos dos políticos também deve ser controlado por pessoas como ele e outros jornalistas. Somente este ano, quatro livros já foram publicados com críticas ao Le Monde, acusado por Schneidermann de procurar temas e títulos sensacionalistas. Ele diz que a chegada do diretor de redação Edwy Plenel ao jornal, há dez anos, coincide com uma política agressiva de investigação, nem sempre bem conduzida.
Schneidermann foi demitido pelo jornal por ter feito críticas no seu livro Le cauchemar médiatique (O pesadelo midiático) à maneira como o jornal reagiu ao livro La face cachée du Monde, dos jornalistas Pierre Péan e Philippe Cohen.
Na próxima edição, uma entrevista exclusiva de Daniel Schneidermann a este Observatório.
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A "CNN francesa" que se chamará CII (pronuncia-se cédeuzi) começou como um casamento improvável. Como todo casamento por interesse. Ele junta a rede privada TF1 com a pública France Télévisions, dois grupos concorrentes que têm interesses diferentes mas vão se unir para pôr no ar a televisão all news em francês. Controlada pelo ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Cultura, a nova rede de informação 24 horas deverá ir ao ar já no ano que vem.
O projeto inicial previa uma rede inteiramente pública. A nova rede por assinatura CII não vai poder ser vista na França. Essa aberração é explicada pelo fato de TF1 já ter uma rede all news no ar, LCI. Obviamente, TF1 não vai querer fazer concorrência à sua própria emissora por cabo. Os políticos de esquerda estão denunciando os detalhes estranhos da união, que só vai trazer benefícios à rede privada.
A exceção cultural francesa está ameaçada. O Diário Oficial publicou no dia 8 de outubro o decreto que autoriza a imprensa escrita a fazer propaganda na televisão. Propaganda de livros e de supermercados também está autorizada apenas nas redes por assinatura. Em nome da exceção cultural, a propaganda de cinema continua com a entrada proibida em todos os tipos de redes de TV.
Le Monde, Libération e outros veículos de opinião eram contrários ao decreto e haviam pedido ao primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin para não autorizar essa nova forma de propaganda. A Comissão Européia pode, ao contrário, achar que ele ainda é restritivo e pedir mais concessões. Será o fim da exceção francesa.