Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Augusto Nunes

ESTADÃO COLORIDO

“E o ?Estadão? ficou colorido (fim)”, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 5/10/03

“(Na primeira parte da história, publicada na coluna anterior, o autor confessa que contou uma mentira para convencer o dono do ?Estadão?, Júlio de Mesquita Nato, a concordar com o uso de fotografias em cores no jornal. A autorização final foi dada na tarde de 26 de outubro de 1991, uma sexta-feira. A primeira edição colorida circularia na segunda-feira, 72 horas depois. A coisa estava na boca da máquina. Segue-se a segunda e última parte do momentoso relato. Aqui se aprende que a história da imprensa brasileira inclui uma larga seqüência de absurdos.)

Voltei em alta velocidade ao encontro de Ricardo Setti. Ofegante, contei-lhe a boa nova: tudo bem, teríamos cor na segunda-feira. Com um suspiro de alívio, meu amigo recuperou a expressão serena de quem nasceu com direito a vaga na Câmara dos Lordes. Sempre eficaz, Setti passou às medidas práticas. A primeira foi localizar Ricardo Chaves, o ?Kadão? velho de guerra, chefe de fotografia da Agência Estado e amigo de muitos anos.

Kadão ficou sabendo o que ocorrera. Contamos a história em detalhes e insistimos: o Doutor Júlio parecia desconfortável com essa história da cor, teríamos de pegar leve. Pedimos ao nosso bravo gaúcho que tratasse pessoalmente do assunto. Ele sabia das coisas: ?Deixa que cuido disso?, prometeu. ?Vou fazer uma coisa suave, botar criança no meio, não vai aparecer nada chocante?. E lá se foi Kadão para o Playcenter, espécie de Disneyworld paulista localizado – Deus é grande e é bom – a poucos metros do ?Estadão?.

Voltou com a imagem perfeita: um bando de crianças risonhas acomodadas no brinquedo que rodopiava, lentamente e em segurança. Tudo emoldurado por um céu azul-caribe. No restante da foto, todos os matizes de azul. Uma cena suave, bonita. Coisa de dar vontade de casar-se e ter muitos filhos. Não me lembro da ilustração que completava a página. Mas ficou a sensação de que o Estadão balançava em berço azul, como convém a bebês quatrocentões.

Segunda-feira seguinte, duas da tarde, lá vou eu ouvir a avaliação do homem. Recostado na poltrona, ele contemplava a página. ?Ficou bonito?, resumiu. ?E gostei muito desse azul. Combina com o Estadão?. Terminada a reunião, resumi a conversa para Ricardo Setti e os editores-executivos que aguardavam o parecer, justificadamente ansiosos. Não demorou a espalhar-se pela redação o que dissera Júlio de Mesquita Neto. E então se deu o fenômeno.

Nos dias seguintes, como na letra daquela antiga música, o Estadão vestiu azul. Na primeira página de todas as edições exibia uma foto principal com algum elemento em que o azul predominasse – céus, piscinas, lagos, mares, rios. Intrigado, pedi aos editores que desvendassem o mistério. A explicação veio logo: o comentário original do doutor Júlio, retransmitido dezenas de vezes, acabara reduzido a mais uma lei não-escrita da redação. ?Foto só tem espaço no Estadão se for azul?. E assim foi durante toda a primeira semana.

A salvação chegou com o domingo. Era um dia de bons jogos de futebol. Gramados são verdes, certo? Certamente choveria foto do Cruzeiro de Minas (o Azulão ainda não nascera em São Caetano). Mas haveria imagens dos campos e dos uniformes de outros times. Na edição de segunda, pela primeira vez, a primeira página do ?Estadão? foi exibida sem quaisquer vestígios de azul. O mundo ficou mais colorido. E a imprensa brasileira seguiu seu destino.”

 

ESTADÃO FAZ CAMPANHA

“?Estado? inicia campanha para ampliar venda de classificados”, copyright O Estado de S. Paulo, 3/10/03

“O jornal O Estado de S. Paulo iniciou ontem campanha publicitária, criada pela Talent, que evidencia a força do seu caderno de Classificados.

Retomando o slogan ?A diferença é que o Estadão funciona?, os comerciais para televisão recorrem ao humor para mostra o que funciona e o que não funciona.

Num deles, um homem que está num bar diz a uma mulher que ela é a cara de sua mãe. ?Igualzinha mesmo.? Surpresa, ela o deixa falando sozinho e aparece o carimbo: ?Isso não funciona?. Numa outra situação, do mesmo comercial, aparece um homem vendendo apartamento pelos Classificados do Estadão. O carimbo, desta vez, diz: ?Isso funciona?. Outros dois comerciais reforçam essa idéia e o slogan da campanha.

O diretor de Mercado Anunciante do Grupo Estado, Marcos Nogueira de Sá, afirma que a intenção, com essa ação publicitária, é a de ampliar em 20% as vendas de espaço nos Classificados. Hoje, afirma Nogueira de Sá, são recebidos mensalmente de 40 mil a 50 mil telefonemas de anunciantes. ?O objetivo da campanha é fixar o telefone e mostrar a força dos Classificados do Estadão.?

Essa força pode ser medida em pesquisa Marplan. Dados consolidados do ano passado revelam que, do total de leitores de jornal da Grande São Paulo, 48% – ou 3 milhões de leitores – declararam que os Classificados do Estadão são mais eficientes. Já 62% dos leitores do Estadão lêem os Classificados. Ou seja, são páginas que o leitor leva a sério e onde procura achar aquilo que procura. Tanto que os Classificados, segundo os dados Marplan, são responsáveis por acréscimo de 25% na circulação do jornal aos domingos.”

“Estadão volta à mídia para aumentar venda de classificados”, copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 2/10/03

“O Estado de S. Paulo volta à mídia nesta quinta-feira para aumentar a venda de seus classificados. A campanha nova, criada pela Talent, resgata o velha slogan ?A diferença é que o Estadão funciona.?

As peças apresentam diversas situações, famosas por não darem certo, como remédio para crescer cabelo e simpatia para emagrecer. O contraponto vem na seqüência, quando é apresentada a atitude correta: anunciar nos classificados do Estadão.

Os três filmes, dois spots, anúncios de jornal e revista serão veiculados até o fim do ano. São Paulo recebe a campanha por TV aberta, rádio, jornal e revista. Via TV a cabo, os filmes vão para todo o Brasil.”