JORNALISMO & LITERATURA
“Questão de gênero”, copyright IstoÉ, 28/10/03
“Para discutir se o jornalismo em tempos de redações informatizadas é ou não um estilo literário, profissionais da mídia e escritores vêm se encontrando às quintas-feiras na Academia Brasileira de Letras (ABL), centro do Rio de Janeiro, no Seminário de Jornalismo e Literatura. Foi o jornalista, publicitário, empresário e escritor ocasional Mauro Salles quem idealizou o encontro, reunindo na ABL estudantes, acadêmicos e aspirantes a escritores e poetas. Afinal, o jornalismo é ou não um estilo literário? Até que ponto se funde com o mundo da literatura? Não é de hoje que a discussão se estende. ?O jornalista é um peixinho colorido de aquário, tem de agradar, ser lido, senão perde o emprego. Sua obra é datada, temporal. Já o escritor é um ser que abriga águas profundas, fica escondido lá no fundo e pode passar anos sem ser reconhecido ou mesmo lido.? A comparação é do dono da cadeira n? 3 da ABL, o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, autor de livros consagrados, para quem o jornalismo não é um estilo literário.
O também jornalista e escritor Cícero Sandroni, que ocupa a cadeira n? 6, discorda de Cony. ?Os sertões, de Euclides da Cunha, é uma das maiores obras da literatura brasileira e, ao mesmo tempo, uma reportagem irretocável sobre a guerra de Canudos?, analisa. Luiz Paulo Horta, crítico de música erudita do jornal O Globo, ressalta que a grande literatura é fonte permanente de inspiração para o jornalismo. Já a romancista, contista e jornalista Nélida Piñon, dona da cadeira de n? 30, admite que o ofício do escritor é mentir ao criar heróis mesquinhos e sublimes, enquanto o do jornalista é ser um catador de notícias.
José Nêumanne, crítico do Jornal da Tarde, num dos encontros escolheu um tema mais ácido: a decadência do jornalismo cultural. ?Execro a moda populista dos que falam numa língua portuguesa e condenam os cânones gramaticais como se eles fossem um preciosismo elitista. Conclamo os presentes a tentarem preservar a língua dentro dos cânones para não cairmos numa babel de incomunicação total?, provocou o jornalista, dividindo as atenções com o filólogo Evanildo Bechara e o poeta imortal Ivan Junqueira. ?Como escritor, sou um beneficiário do jornalismo. A passagem pelo jornalismo me fez mais objetivo, econômico e aprendi a não amolar os leitores?, reconheceu Junqueira. O premiado autor francês Pierre-Jean Rémy transitou durante anos pelos mundos da literatura e do jornalismo. Muitos de seus livros foram adaptados para a televisão e o cinema. Nas redações de jornais e revistas especializadas, atuou como crítico teatral, além de ter escrito crônicas sobre ópera e música lírica. Imortal da Academia Francesa, Rémy é a prova de que não só no Brasil jornalismo e literatura têm algo em comum.”
“Brincadeira de escritor”, copyright Meio e Mensagem, 27/10/03
“Patrícia Cardozo: dedicação ao comércio e à literatura após trabalhar na rádio Jovem Pan e TV Bandeirantes
A maioria dos jornalistas tem o sonho – secreto ou declarado – de enveredar pela literatura. No caso de Patrícia Cardozo, o desejo se concretizou de forma não planejada e já rendeu três livros, o mais recente lançado há cerca de um mês. Dona de uma loja de brinquedos educativos (a Hortelã) no bairro de Higienópolis, em São Paulo, Patrícia escreve para adolescentes e, é claro, crianças, seus clientes diretos. ?A loja me trouxe a possibilidade de ter um laboratório permanente. De um lado, as crianças sinalizam o que querem, e de outro, você incorpora o mundo lúdico que os brinquedos trazem?, filosofa a dublê de autora e comerciante.
No começo da carreira Patrícia trabalhou como repórter na rádio Jovem Pan e produtora de jornalismo na TV Bandeirantes, mas queria mesmo era escrever. De preferência, coisas que não tivessem a ver com o noticiário de todo dia. Como a mãe já possuía uma loja de objetos artesanais na Praça Vilaboim, surgiu a idéia de montar a Hortelã, na sobreloja. O negócio começou tímido e hoje, 13 anos depois, ocupa espaço próprio, ao lado do ponto original. A nova microempresária deixou o jornalismo e passou a se dedicar ao negócio, mas nunca abandonou o projeto de tornar-se escritora.
A oportunidade surgiu quando uma amiga, funcionária da Nova Cultural, pediu a ela que criasse uma história para acompanhar um quebra-cabeças. Depois veio um projeto da Editora Moderna para adolescentes, de perguntas e respostas sobre as principais dúvidas, problemas e situações que surgem nessa fase da vida de meninos e meninas. O trabalho resultou no livro Silva x Silva e no convite para outro volume, também para adolescentes, intitulado O Elefante no Aquário, editado pela mesma Moderna.
Com dois trabalhos já publicados ficou mais fácil emplacar o terceiro, este para o público infantil. Ilustrada por Cláudio Martins e com o sugestivo título Jucaré e a Turma da Lagoa do Croá, a história trata de um tema delicado tanto para crianças quanto para adultos: a auto-aceitação. O protagonista é Jucaré, também conhecido como Juca, um jacaré gordo e lento, sempre alvo de gozações por parte dos demais habitantes da lagoa.
Jucaré foi, curiosamente, o primeiro livro a ser escrito por ela, ainda na época da faculdade. Quem deu o empurrão que faltava para a publicação foi a mãe de Patrícia, que achou o texto e o mandou para a Geração Editorial, do também jornalista Luiz Fernando Emediato. ?É impressionante ver como o livro ganha vida própria, pois cada pessoa faz uma leitura, uma interpretação diferente. Sinto o retorno do meu trabalho com as muitas perguntas que as crianças me fazem sobre as histórias?, conta Patrícia.
Animada com a repercussão e com novos projetos engatilhados, ela só lamenta não haver maior incentivo por parte dos pais para que os filhos leiam mais e descubram o prazer da leitura. ?Não é fácil prender a atenção de um garoto de dez anos, cheio de energia. O segredo é mostrar que o livro também pode ser uma aventura. Mas, para isso, a participação do adulto é fundamental?, analisa Patrícia, ao lembrar que pais que compram brinquedos educativos em geral são mais propensos a estimular suas crianças a ler.
Na loja, praticamente todos os artigos à venda são artesanais. Parte deles vem da Casa da Boneca, da cidade de Esperança, na Paraíba, projeto patrocinado pelo programa Comunidade Solidária, da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, vizinha e freqüentadora ocasional da Hortelã. ?Nossos fornecedores são pequenos artesãos, que têm produções originais e interessantes. O que eles precisam é de um local onde possam mostrar seu trabalho?, afirma com a convicção de quem entende do assunto.”
WEBJORNALISMO
“Quem organiza tanta notícia?”, copyright O Estado de S. Paulo, 26/10/03
“Atenção, editor: seus dias podem estar contados. O Google, famoso por ter dado um novo sentido à pesquisa por informações na internet, agora tem um portal de notícias, o Google News (www.news.google.com). E a edição das reportagens e artigos, segundo eles, é feita sem a intermediação humana. Na verdade, a mão humana entra na elaboração de fórmulas que decidem, matematicamente, que notícia terá ou não destaque. Um editor frio e, literalmente, calculista.
Ainda em versão beta, ou seja, provisória, o portal traz notícias selecionadas de modo diferente – e, portanto, a partir de equações diferentes – para dez países (o Brasil ainda está de fora; quem entra no País na página é enviado para a versão espanhola do portal). Todas fazem pesquisas de notícias em outras páginas da internet, num número variado de fontes. A versão em espanhol, sempre segundo o portal, reúne informações em mais de 700 fontes. Em inglês, para os EUA, elas são 4.500. As notícias ficam no ar por um mês.
?O ex-presidente da Bolívia Gonzalo Sánchez de Lozada assegura que a conduta de seu ex-vice-presidente Carlos Mesa não foi ética e que, apesar disso, continuará trabalhando para ajudar a normalizar a situação política e de ordem pública de seu país?, informava uma das chamadas publicadas na página de abertura do Google News em espanhol, na quinta-feira à tarde. A chamada permitia acessar a notícia, através de um link, no site da Voz da América.
Vinte e cinco minutos depois de ela ter entrado no ar (ao lado de uma foto publicada por um jornal nicaragüense e reproduzida nesta página), seu lugar foi ocupado por uma outra informação, do jornal El Mundo: o Vaticano nega que os cardeais com mais de 80 anos tenham pedido ao papa para votar no próximo conclave (há algo de tétrico no boato, uma vez que o papa teria de ter ou renunciado ou morrido para que houvesse um conclave). Em relação à notícia boliviana, o site dava acesso a mais 734 textos relacionados ao tema; a chamada do papa, a mais 352.
Mas não basta ser citado muitas vezes para um assunto ganhar destaque no Google News. A edição sugere que há alguns elementos para romper a simples adição no cálculo noticioso: a notícia da Punto de Noticias sobre a construção de uma usina elétrica no México por um grupo espanhol tinha apenas nove textos relacionados.
Pouco, no entanto, escapava à obviedade. No Yahoo News, editado por seres humanos, por exemplo, havia uma reportagem da Reuters sobre o primeiro tumor de cérebro de dinossauro que chamava muito mais a atenção que as notícias sobre Diana, Liza Minelli, outro americano morto no Iraque ou o fim da viagem de Bush à Ásia. Mas, tanto um quanto o outro, tanto o homem que fez a página do Yahoo quanto o matemático que fez a fórmula do Google News, não tiveram a sensibilidade para registrar o fato mais sensacional, no sentido jornalístico, da rodada – ou melhor, da semana: o gol de Robinho, na vitória do Santos sobre o Bahia, por 7 a 4.”
ABRIL CONDENADA
“Revista Playboy indenizará arquiteta e lojista de Porto Alegre por uso indevido de imagem e dano à honra”, copyright Espaço Vital <http://www.espacovital.com.br/colunaespacovital17102003a.htm>, 17/10/03
“Por danos decorrentes da inserção, não-autorizada, de foto que fora colhida para uso no encarte regional da revista Veja, mas que terminou, meses depois, inserida na revista Playboy e em seu sítio na internet, a Editora Abril pagará indenização de 300 salários mínimos. Os juros retroagem à data do ilícito civil. A soma da condenação é de R$ 81.360. A decisão é da 10? Câmara Cível do TJRS que confirmou, na essência, sentença da juíza Helena Marta Suarez Maciel, da 7? Vara Cível de Porto Alegre.
Como freqüentadoras do Zbistrô, no eixo badalado na Rua Padre Chagas, duas mulheres acederam ao pedido do dono do bar e se deixaram fotografar numa mesa. O material seria para uso no caderno regional da Veja, que afinal circulou em setembro de 2000, sem a utilização da foto. Em agosto do ano seguinte, a foto das mulheres, desfrutando do ?savoir vivre? do bar, tinha sido utilizada não na Veja, mas nas páginas mais liberais da Playboy. Tema da reportagem: ?Ranking da qualidade de vida 2001?. No texto, Porto Alegre é apontada como ?a quinta cidade do país de melhor qualidade de vida para o público heterossexual?.
Na página 110 e na internet, a foto das duas porto-alegrenses ilustrava um tópico insinuante: ?Motel? Ah, pode ser na minha casa.? O texto era sutil: ?Após experimentos na noite de Porto Alegre, notamos que a cidade oferece uma espetacular vantagem. Dispõe de um número fabuloso de mulheres que moram sozinhas. E mais: 71,2% não estão nem aí e levam para a própria casa um sujeito que acabaram de conhecer num bar.?
Poucos dias depois, as duas obtiveram decisão judicial do desembargador Paulo de Tarso Sanseverino, determinando a retirada imediata da foto na internet. A Editora Abril teria retardado o descumprimento, o que levou o TJRS a fixar a multa de 200 salários mínimos a cada dia de recalcitrância. A sentença de procedência deferiu a reparação pelo dano moral e determinou que as lesadas executassem a parte relativa à multa. Essa segunda parte da sentença foi modificada pela 10? Câmara, apenas para expungir a pena financeira diária, porque não ficou comprovado em que dia a Editora Abril teria sido intimada ao cumprimento.
No mérito da ação, o desembargador relator, Luiz Ary Vessini de Lima, aponta a ?oceânica diferença entre as linhas editoriais das duas revistas?. E conclui que ?a publicação e a inserção virtual desbordaram dos limites permitidos à liberdade de manifestação, ferindo a imagem e a honra das autoras?. Ou seja: se as duas tinham autorizado aparecerem na Veja, tal não dava direito à editora de exibir a foto na Playboy. Ainda mais numa matéria que tratava do hábito de ?ficar?.
Atuou em nome das vencedoras da ação a advogada Claudete Regina Glashester. A Editora Abril ainda pode tentar um recurso especial ao STJ. (Processo n? 70006407332)”
UOL SEM ABRIL
“Crônica de um divórcio anunciado”, copyright Meio e Mensagem, 27/10/03
“Na semana passada, o Grupo Abril reduziu de 21% para 8% sua participação no provedor de acesso à Internet Universo Online (UOL), no qual é sócio da Portugal Telecom (PT) e da Folhapar (controladora do jornal Folha de S. Paulo). A informação foi confirmada por um alto executivo de uma da empresas envolvidas. Os valores da negociação e o que acontecerá com o conteúdo da Abril hoje à disposição dos assinantes do UOL são questões que permanecem sem resposta, visto que nenhuma das partes quis se pronunciar oficialmente a respeito da transação.
Procurados ao longo da semana passada por Meio & Mensagem (e por pelo menos duas dezenas de outros veículos nacionais e internacionais), Abril, Folha, PT e o próprio UOL mantiveram-se em silêncio absoluto. Nem sequer um comunicado oficial chegou a ser divulgado. Posição no mínimo estranha para empresas que têm na informação a matéria-prima de seus produtos, e que estão entre as mais destacadas da mídia brasileira – a mesma que agora bate às portas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pedindo ajuda financeira para sair da crise.
Na falta de um posicionamento oficial, o que se tinha de concreto até o fechamento desta edição na sexta-feira, dia 24, era a informação divulgada pela Gazeta Mercantil de que a participação da Abril no portal teria sido transferida para a holding UOL Inc. Assim, o principal acionista, a Folhapar S.A. (60,1% do capital votante), e a PT (dona de 17,9%) aumentariam suas participações. Informações extra-oficiais davam conta de que a operação foi paga com recursos da geração de caixa do próprio UOL, o que não deixa de soar estranho, já que o provedor acumula sucessivos prejuízos.
Outra dúvida é com relação aos clientes do UOL. Apesar de o portal não ter mais a exclusividade do conteúdo das publicações da Abril, seus assinantes ainda conseguem ler na Internet parte das reportagens das revistas editadas pelo grupo da família Civita. Caso isso não seja mais possível, como ficarão os clientes que assinaram o serviço contando com o acesso aos sites da Abril?
Briga acirrada
Se o conteúdo da Abril deixar mesmo de ser franqueado aos assinantes do UOL, pode-se prever o fortalecimento do iG na disputa pela liderança da Internet brasileira. O portal que oferece acesso gratuito à rede conseguiu, em abril, passar o concorrente no ranking de domínios, em número de visitantes únicos, e se mantém à frente nos três últimos meses (ver quadro). Coincidência ou não, foi no iG que a Abril hospedou as páginas de seu novo portal (www.abril.com. br), lançado em junho.
As primeiras iniciativas concretas de afastamento começaram já em janeiro, quando o conteúdo dos sites das revistas migrou dos servidores do UOL para os da Brasil Telecom. No mês seguinte, UOL e iG, que ocupavam respectivamente a primeira e a segunda posições no ranking do Ibope eRatings, tiveram um empate técnico (que ocorre quando a diferença no número de usuários únicos cai para menos de 1%). A distância entre os dois portais vinha se reduzindo desde o segundo semestre de 2002 devido não só ao crescimento do número de visitantes do iG, mas também à audiência das revistas da Abril, que já estavam com o conteúdo aberto de forma independente do UOL.
Na ocasião do lançamento do portal próprio, o diretor editorial adjunto do Grupo Abril, Laurentino Gomes, afirmou que a empresa não tinha mais interesse em dar exclusividade a nenhum provedor. Nessa altura, a disposição da Abril de se desfazer de sua parte no UOL já era amplamente conhecida. Em março, o próprio presidente executivo do grupo, Maurizio Mauro, disse a Meio & Mensagem que a empresa estava avaliando a venda dos ativos que não fizessem parte do seu negócio principal. Na época, o executivo garantiu que não havia nenhuma negociação em andamento, mas sabe-se que as relações entre os grupos Abril e Folha já estavam deterioradas. O divórcio, portanto, era só uma questão de tempo.
Grandes navegações
Desde que desembarcou no Brasil, a Portugal Telecom investiu US$ 473 milhões só em mídia eletrônica, a maior parte (US$ 365 milhões) no Zip.Net. O portal acabaria incorporado ao UOL, fazendo com que a PT se tornasse sócia dos grupos Folha e Abril no provedor. Os portugueses também se associaram à Abril na Idealyze, na qual investiram R$ 15 milhões. A proposta da incubadora era formar uma rede de portais na Internet e produzir conteúdo dirigido a públicos específicos.
O negócio não deu certo e acabou desativado em 2001. Para compensar o investimento da PT, foi feito um acerto que ampliou sua participação no UOL. Outra investida frustrada do grupo português na Internet brasileira foi a sociedade firmada com a Gazeta Mercantil na agência de notícias Investnews, na qual investiu R$ 65 milhões. Em junho, a Gazeta Mercantil estava à procura de outro sócio para esse empreendimento, pois a PT havia desistido do negócio.
Números negativos
Ao reduzir sua participação na sociedade com a Portugal Telecom e a Folhapar, a Abril se afasta de um negócio que vem enfrentando tempos cada vez mais difíceis desde o estouro da bolha da Internet. De acordo com o balanço publicado pelo UOL relativo ao primeiro trimestre de 2003, a empresa registrou prejuízo de R$ 52,2 milhões no período, 24,7% menor que no trimestre anterior (R$ 77,8 milhões negativos).
A receita líquida foi de R$ 108,6 milhões (sendo R$ 100,5 milhões referentes a assinaturas), 3% inferior à registrada no último trimestre de 2002. Na comparação dos dois períodos, a receita com publicidade teve queda de 4%. O número de assinantes, segundo o mais recente dado oficial disponível, é da ordem de 1,2 milhão.
O provedor, que chegou a colocar em prática uma estratégia de expansão internacional, acabou fechando as operações que mantinha no Chile, na Espanha, no México, na Venezuela, na Colômbia e nos Estados Unidos. Restou apenas a da Argentina, o UOL Sinetics.
A Abril, por seu lado, tem suas próprias dívidas para se preocupar – um montante que chega aos R$ 699,5 milhões. No ano passado, a receita da Editora Abril e de suas subsidiárias totalizou R$ 1,317 bilhão.”
“Abril sai do UOL, mas deixa conteúdo”, copyright Tela Viva News, 23/10/03
“O grupo Abril está se desfazendo de sua participação no Universo Online. O que está sendo vendida é a participação que o grupo da família Civita tinha na UOL Inc S/A. De acordo com assembléia realizada em 15 de setembro, a UOL Inc S.A. deixaria de existir, sendo incorporada pela sua subsidiária Universo Online Ltda. (agora transformada em S/A). Com isso, a empresa controladora do maior provedor de acesso brasileiro passa a ser a UOL S/A, onde apenas o grupo Folha e a PT Multimédia serão sócios. O valor estimado por cada ação da UOL Inc. S/A a ser pago aos acionistas dissidentes (que não quiseram participar da incorporação) era de R$ 1,1724. Com isso, a participação da Abril (35,32% do capital total) valeria o equivalente a R$ 65,654 milhões. Sabe-se, contudo, que o grupo receberá uma quantia significativamente superior a essa, já que o conteúdo da Abril continua disponível, em caráter não exclusivo, no portal UOL.
Segundo os dados do primeiro trimestre do Universo Online, o provedor tinha 1,524 milhão de assinantes, registrou nos três primeiros meses do ano receita líquida de R$ 108,6 milhões, EBITDA negativo de R$ 39,6 milhões e prejuízo líquido de R$ 52,2 milhões.”