THE WASHINGTON POST
O vazamento de informações que trouxe às manchetes a revelação de que a mulher do ex-embaixador americano Joseph Wilson é uma agente da CIA, é um escândalo. Como em todos grandes casos, o Washington Post está no meio, escreve o ombudsman do diário, Michael Getler [5/10/03]. Wilson contestou informações que a Casa Branca usou para justificar a invasão do Iraque e, ao que tudo indica, foi vítima de vingança por causa disso.
Em julho, o colunista Robert D. Novak ? cujos textos são publicados em diversos jornais dos EUA, inclusive o Post ? escreveu que, Valery Palme, mulher do diplomata aposentado, seria uma agente. Na época, o fato teve pouco acompanhamento da imprensa, pois não ficou claramente caracterizada infração à lei que proíbe que os espiões tenham a identidade revelada.
Assim, o caso ficou adormecido até setembro, quando a NBC e a MSNBC noticiaram que a CIA havia pedido investigação sobre o vazamento ao Departamento de Justiça. Sua explosão nas manchetes, no entanto, aconteceu quando o Post publicou que uma fonte não-identificada do governo revelou que, antes de a coluna de Novak sair, seis jornalistas de Washington receberam telefonemas de dois altos funcionários da Casa Branca em que eles revelavam a função de Valery, puramente por vingança.
Getler considera positivo que nenhum dos seis repórteres tenha mordido a isca da Casa Branca, dando a informação. Considera preocupante, no entanto, o fato de que nenhum deles tornou pública a iniciativa sorrateira da presidência. Mesmo tendo acordos de sigilo de identidade ? algo sagrado no jornalismo ? com esses altos funcionários, eles deveriam ter relatado os acontecimentos sem nomear os protagonistas. O Post não disse se um dos seis profissionais contatados trabalha no jornal. Getler conversou, no entanto, com o editor executivo do diário, Leonard Downie, que garantiu: "Contamos tudo que sabemos a nossos leitores".