BEYOND BORDERS
Um novo filme de Hollywood que mostra trabalhadores de ajuda humanitária da CIA armados foi condenado por pôr em risco, numa época em que organizações desse gênero estão sendo alvo de ataques, a equipe que de fato está no Iraque salvaguardando e resolvendo questões humanitárias.
Beyond Borders ("Além das Fronteiras", tradução livre) traz Angelina Jolie como socialite americana que persegue um carismático médico de causas humanitárias britânico (Clive Owen) por mais de uma década de desastres, da fome na Etiópia à guerra na Chechênia.
Segundo Nick Cater [Reuters, 10/11/03], críticos afirmam que a linha de ficção da história, na qual a organização não-governamental do médico se envolve com tráfico de armas para a CIA, pode levar extremistas a atacar profissionais de ajuda humanitária em locais de conflito atual, como Bagdá, onde homens-bomba recentemente miraram instalações da Cruz Vermelha. Também repudiaram a idéia de a ONU sancionar um filme que poderia danificar a reputação de ONGs, desestimulando doações e pondo suas equipes em risco.
"O filme se anuncia como um ?quase-documentário? sério dedicado ao espírito dos trabalhadores humanitários d?além mar", disse Steve Hansch, veterano nesse tipo de trabalho e conselheiro do filme nas fases iniciais de produção. "Ao popularizar uma imagem de agências de ajuda humanitária trabalhando sob os auspícios da CIA, Beyond Borders pode torpedear seu trabalho real no campo".
Hansch afirmou, porém, que o filme é preciso na maior parte dos detalhes, desde a descrição de centros de alimentação e programas de imunização ao peso da burocracia sobre diversas operações de ajuda humanitária.
Muitas agências do gênero sofrem para passar ao público sua neutralidade, imparcialidade e independência. O conflito no Oriente Médio e no Afeganistão, por exemplo, levou diversas ONGs ao tribunal por suposto financiamento de extremistas armados. Há casos de denúncia de ambulâncias e carros de resgate sendo utilizados para transportar armas.