Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Eduardo Ribeiro

MUDANÇAS NA GLOBO

"Globo com muitas mudanças para 2004", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br) 19/11/2003

"A Central Globo de Jornalismo anunciou diversas mudanças em seu staff editorial, a partir de 2004. Comunicado detalhando as alterações foi assinado pelo diretor geral da Central Globo de Jornalismo, Carlos Schroeder, que preferiu antecipar a notícia à equipe a ver fofocas e informações desencontradas circulando pelos corredores e pelas colunas de jornal.

No plano externo, a Globo fará importantes investimentos criando três novas praças, que podem ser quatro se os estudos em andamento mostrarem viabilidade de a emissora manter um correspondente em Pequim, na China. Certo mesmo está que a Globo terá, ainda em 2004, correspondentes em Paris (Caco Barcelos), Jerusalém (Marcos Losekann – ainda no primeiro semestre) e Buenos Aires (nome ainda não definido).

Marcos Uchoa permanecerá em Londres, acompanhado da equipe (o cinegrafista Sérgio Gilz, o editor de VT Cesinha e o produtor Gonçalo) e de lá coordenará toda a cobertura jornalística da Globo na Europa. E Ilze Scamparini manterá a base em Roma.

Outra mudança importante é a troca da Coordenação do escritório de Nova York. Sai Simone Duarte, que, chamada de volta ao Brasil, após seis anos de Estados Unidos, preferiu continuar em NY fora da Globo, e em seu lugar entra Cesar Seabra, atual diretor da Editoria Rio da Central Globo de Jornalismo. Cesar toma posse em 12 de janeiro e será sucedido pelo atual editor-chefe adjunto do Jornal Nacional, Renato Ribeiro.

No Brasil, quatro novos colegas se integrarão ao esquema de produção e edição da cobertura internacional. Dois ficarão no Rio de Janeiro (atendendo os telejornais Bom Dia Brasil e Jornal Nacional) e dois em São Paulo (Jornal Hoje e Jornal da Globo). O primeiro nome definido desta equipe é Eric Hart, que deixa Londres e volta para o Rio de Janeiro.

Schoreder também anunciou que Márcia Menezes deixa a coordenação da mesa de rede e se junta ao fechamento do JN, como editora-chefe adjunta, sendo substituída por Monica Barbosa (Mona). No comunicado, o diretor da Central Globo de Jornalismo – CGJ lembra, por fim, ?que 2004 traz dois desafios enormes: as eleições municipais e as Olimpíadas de Atenas?.

Globo Internacional

Ainda no plano internacional, outra importante notícia que chega de lá é a estréia do programa Planeta Brasil, no primeiro domingo (7) de dezembro, logo após o Fantástico, com reprises aos sábados. Detalhe: esse programa será produzido e gerado pela Globo Internacional com exibição exclusivamente no Exterior, para os quase 200 mil assinantes da emissora espalhados por 48 países dos cinco continentes.

Trata-se do primeiro programa feito sob medida para esse exército de brasileiros que vive no exterior, o qual contou com apoio e participação dos mais diferentes núcleos da Globo, caso da Divisão de Negócios Internacionais, da Globo Nova York e das centrais de Desenvolvimento Comercial, de Programação e de Jornalismo.

Essa experiência abre um campo fabuloso para a Globo, que, dependendo do sucesso e da evolução dos negócios, poderá criar outros projetos focados nesse público, com receitas adicionais. Receitas, aliás, conquistadas fora do Brasil, por organizações sediadas nos mais diferentes países. Esse, aliás, foi o caso do acordo celebrado com os organizadores do Brazilian Day, uma das maiores festas promovidas anualmente em Nova York, cujos direitos a partir deste ano foram adquiridos pela Globo.

Planeta Brasil será semanal, 30 minutos de duração, e vai abrir espaço para matérias do dia-a-dia, problemas, conquistas, adaptação, negócios, educação dos filhos e outros temas que tenham a ver com esse gigantesco universo, hoje estimado em 3 milhões de conterrâneos (1 milhão nos EUA, 500 mil na Europa e 300 mil no Japão).

Na linha de frente, nas reportagens que serão feitas por todo os Estados Unidos, estarão os repórteres César Augusto e Luciana De Michelli (marido e mulher), que aceitaram pôr fim ao período sabático que curtiam na Califórnia para trabalhar no projeto. Além deles, o programa contará também com a colaboração dos demais correspondentes em outros países e usará recursos dos novos estúdios da Globo NY, dirigida por Amauri Soares, e de fornecedores externos.

Sob o comando de Marcelo Spínola, o Canal Internacional exibe o melhor das produções da Globo, incluindo noticiários em tempo real, futebol e programas esportivos ao vivo, novelas, míni-séries etc, além de programas produzidos pela Globosat – nem sempre na mesma seqüência e horários em que estamos acostumados a assistir no Brasil.

Para os interessados em outros detalhes, o site da Globo Internacional é www.globointernacional.com.br."

 


"A Estrela da Morte de olho no globo", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br) 24/11/2003

"As mudanças anunciadas semana passada pela Globo na sua rede de correspondentes pelo mundo não deve ser vista apenas como mais uma divertida dança de cadeiras com glamour internacional. As alterações como mais uma parte da estratégia da Estrela da Morte para – como adoram dizer os marqueteiros – agregar valor à marca e passar de um jogador de nível nacional para um de nível internacional.

Esse objetivo a Globo já está perseguindo há algum tempo no campo do audiovisual, no qual detém um conhecimento técnico invejável, especialmente no setor de produção. A Globo Filmes e seus 92% de domínio na produção de fitas nacionais são resultado deste esforço estratégico para ser em matéria de audiovisual o que a seleção canarinho é em termos de futebol. Mas parecer ao mundo que é a legítima representante audiovisual brasileira é uma idéia que não se sustentaria durante muito tempo caso o contrário também não parecesse verdade, ou seja, para se sustentar e se prolongar no tempo, a estratégia Estrela da Morte precisa também parecer ser os olhos e ouvidos dos brasileiros no resto do mundo. E é aqui que entra a dança das cadeiras intercontinental da semana passada.

Como se sabe, a chamada ?grande mídia? brasileira é um prolongamento da mídia dos grandes centros internacionais do capitalismo. É uma extensão ideológica principalmente, mas também real, pois as imagens, notícias e artigos que emolduram o mundo que vemos, ouvimos e lemos são produzidas pelas megacorporações midiáticas (tô gastando hoje? Até pareço professor de escola de comunicação…). Assim, se quiser parecer ao seu público interno realmente uma representante legítima dele na arena da mídia internacional, a Estrela da Morte teria que se mexer e espalhar olhos e ouvidos brasileiros pelos grandes cenários do mundo. Olhos e ouvidos esses, que, no entanto, não podem perder seu compromisso ideológico básico, que, no caso da Globo, vem da fundação, com o auxílio luxuoso da Time-Life, e da consolidação sob a supervisão do executivo Joe Wallach.

A escolha das novas sedes – Paris, Jerusalém, Buenos Aires, e, se tudo der certo, alguma cidade da China – demonstra boa visão geopolítica, já que os franceses parecem mesmo determinados a assumir sua porção Asterix e, mesmo sem poção mágica, desafiar a Nova Roma; Jerusalém está no centro de uma região em que tudo pode acontecer, exceto a paz; Buenos Aires é a capital dos nossos hermanitos e principais sócios no Mercosul, e a China…Bem, se França está disposta a resistir aos americanos, o Império do Centro quer mesmo é tomar o lugar dos EUA na hegemonia mundial.

Assim sendo, o jornalismo parece estar de volta ao centro da estratégia da Estrela da Morte em sua caminhada rumo à competição mundial, que, claro, não dispensaria uma associação com algum grupo gringo que estivesse disposto a tornar-se sócio numa parceria de longo prazo. Um grupo global (com trocadilho por favor) realmente veria com olhos mais cobiçosos uma associação com uma corporação de mídia que se arvorasse, e pudesse mostrar provas, de que ocupa boa parte do coração e da mente de um povo.

Chorando na Rampa III – As novas globais me fizeram dar uma parada na série sobre as dificuldades que deverão ser encontradas pelas empresas de comunicação para descolar aquela grana bacana da Viúva. Se der, volto na semana que vem. Para passar o tempo, vá se divertindo com mais um ataque mídia ao pobre do professor Carlos Lessa, que tem o azar de ser o presidente do BNDES nesta quadra da vida nacional…"