CANAVIAL DAS PAIXÕES
“A ?outra? novela das oito”, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/03
“Enquanto ?Celebridade? patina entre o óbvio gilbertobraguiano e um certo erotismo de araque que tem marcado todas as novelas da Globo -muito peito nu, muita perna de fora, muita respiração ofegante-, o SBT segue impávido com a sua novela das oito, ?Canavial de Paixões?.
Basta um toque no controle remoto e somos transportados para um outro universo e não apenas ficcional. É curioso que, com aquelas exceções de praxe, já meio perdidas no tempo, como ?Pantanal?, da Manchete, e ?Os Imigrantes?, na Bandeirantes, as tentativas de fazer novela da concorrência partem de uma certa terra arrasada, ignorando as conquistas da Globo tanto na área de dramaturgia quanto de produção. Assim, as ?outras? novelas parecem pertencer a um tempo híbrido, em que convivem uma certa grandiloquência do melodrama dos anos 50, um realismo fajuto dos anos 70 e a pobreza de espírito de sempre da TV.
É como se, para fazer novela, não se possa nem sequer pensar em concorrer com a Globo. O modelo passa a ser, portanto, a telenovela ?mexicana?, entre aspas porque mais do que a nacionalidade da produção, o adjetivo indica um estilo comum à ficção de TV de países da América Latina, como Venezuela, Colômbia e, claro, México.
Assim, chegou-se a essa novela produzida no Brasil, mas ?mexicanizada?, seja porque de fato é uma versão de uma produção já realizada em outro país, como é ?Canavial de Paixões?, seja porque adota os mesmos procedimentos que as de fato mexicanas, venezuelanas etc. De cara, é fácil detectar o que elas não têm: estrelas, locações fora do país, cenários elaborados, marketing agressivo; em suma, investimento pesado na produção. No terreno da dramaturgia, reina uma certa simplicidade de tramas e diálogos, mas o que de fato não há é nenhuma espécie de tentativa de ?sociologizar? a narrativa, de representar o Brasil que marca boa parte das novelas da Globo (Glória Perez, mais uma vez, é a exceção que confirma a regra).
Pelo contrário: em ?Canavial de Paixões?, por exemplo, a história se desenvolve sem muita referência ao mundo fora da novela. Não que devesse, na verdade. A teledramaturgia, para funcionar, prescinde da pretensão de ser um retrato do que quer que seja. Vejam aí o exemplo das sitcoms norte-americanas que têm, sim, um compromisso com verossimilhança, mas não com a tarefa de construir uma imagem da sociedade norte-americana.
E, para quem se diverte com o equívoco do nome da novela (há coisa mais monótona do que um canavial?), a sucessora no horário promete ainda mais. A coluna ?Zapping?, do jornal ?Agora?, informa que os títulos mais prováveis para a sucessora do ?Canavial? são ?A Outra?, ?Império de Cristal? e ?Os Ricos Também Choram?. Só faltou ?Os Diamantes Não São para Comer?…”
SITCOMS / TV GLOBO
“Globo testa no ar nova safra de sitcoms”, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/03
“Nunca se pensou tanto em sitcom na Globo como agora. Estimulada pelo sucesso de ?Os Normais?, a emissora irá testar, no ar, na programação de final de ano, três programas com algum grau de parentesco com as comédias de situação americanas.
Um quarto projeto de sitcom deverá ter um piloto (programa-teste) gravado no início de 2004. Dos quatro, pelo menos um deve emplacar na programação regular da Globo no ano que vem, nas noites de sextas-feiras. Um segundo pode vir a entrar no ar aos domingos, após o ?Fantástico?.
Além da Globo, Record e Rede TV! devem investir em sitcoms no próximo ano. A Record deverá ter uma protagonizada pelo cantor Netinho de Paula.
Sitcoms não são exatamente novidade no Brasil. Programas com semelhanças ao formato existem desde os anos 60. A novidade é que agora estão em alta.
?Na história da TV, sempre houve períodos em que se apostou mais ou menos em séries. Já houve muitos seriados de humor, como ?A Grande Família?. Mas só ?Os Normais? foi mesmo a primeira sitcom brasileira com olhar para o modelo internacional?, diz José Alvarenga Jr., diretor de ?Os Normais? e de dois dos quatro novos projetos da Globo.
?O que difere as sitcoms é o ritmo. ?A Grande Família? poderia ser o núcleo cômico de uma novela. Sitcoms, não. Elas têm um momento cômico a cada minuto, piadas rápidas, enxutas. Séries de humor têm uma carga emocional maior. Nas sitcoms, se faz rir de ponta a ponta. Nas séries de humor, o riso é mais espaçado?, ensina Alvarenga Jr..
Além disso, sitcoms são geralmente programas com 30 minutos, de elenco pequeno, amparados num bom texto, com histórias que começam e terminam no mesmo episódio.
?Sitcom é um formato muito barato. Dá para fazer por R$ 35 mil a R$ 45 mil por episódio, enquanto uma novela da Globo custa pelo menos R$ 100 mil por capítulo?, afirma Netinho de Paula.
Alvarenga Jr. credita ao sucesso de ?Os Normais? o fato de a Globo acenar com investimentos em sitcoms em 2004. Diz que o programa, que ficou no ar entre 2001 e outubro passado, provou que é possível fazer séries à americana com qualidade. Os anunciantes querem mais, afirma.
Dos três programas que a Globo irá testar no final do ano, ?Carol & Bernardo? é o mais fiel ao formato de sitcom. Carol (Andréa Beltrão) e Bernardo (ainda não definido) formam um casal indestrutível. Ela é advogada, pragmática. Ele, um músico sonhador, desempregado. Tudo acontece, mas nada abala a união. Lembra ?Mad about You? (Sony).
Já ?A Diarista?, segundo o diretor Alvarenga Jr., diferentemente das sitcoms tradicionais, não terá cenário fixo, mas locações. Escrita pela novelista Glória Perez, será protagonizada por Cláudia Rodrigues, que viverá uma faxineira e muambeira que circula por casas de família, hotéis e hospitais.
O terceiro projeto a ser testado no fim de ano será ?Sob Nova Direção?. Nele, Heloísa Perissé e Ingrid Guimarães interpretam duas amigas que compram um bar. O plano é transformar o bar em um lugar da moda, mas nada do que elas fazem dá certo. O bar acaba virando espaço para festas de debutantes, shows e stripteases.
?Esculhambação?, que só terá piloto em 2004, encerra o pacote. Também será dirigido por Alvarenga Jr. e escrito pelos roteiristas de ?Os Normais?, Alexandre Machado e Fernanda Young.
O programa irá explorar a prática do brasileiro de falar mal dos outros. ?Os personagens são funcionários públicos encostados em uma repartição que guarda arquivos do Dops [Departamento de Ordem Pública e Social, espécie de polícia política do regime militar]. A cada programa, sorteia-se a ficha de um cidadão, que é chamado à repartição. Lá, acabam com a vida dessa pessoa?, resume Alvarenga Jr..”
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“Netinho traz americanos para ensinar brasileiros”, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/03
“O pagodeiro e apresentador da Record Netinho de Paula quer ser o Bill Cosby (comediante norte-americano de sucesso) brasileiro. Vem de Cosby sua inspiração para ser o protagonista de uma sitcom brasileira centrada em um personagem negro.
Mesmo sem ter garantia, em contrato, de que a Record irá exibir seu seriado, Netinho já está investindo no projeto. Ele se associou à Picante Pictures, uma produtora baseada em Miami (EUA).
Em parceria com a Picante -uma empresa nova, que não tem nenhum produto conhecido em seu portfólio-, Netinho vai bancar um workshop de 15 dias em um hotel no Rio, entre 25 de novembro e 9 de dezembro.
As estrelas do workshop serão três norte-americanos: a atriz, diretora e produtora Debbie Allen, que trabalhou em filmes (por exemplo, ?Amizade?, de Steven Spielberg, como produtora) e seriados (?Fame?, ?Cosby?, entre outros), e os roteiristas Michael Ajakwe Jr. e Bentley Evans.
A partir de um anúncio em uma lista de discussões na internet, Netinho e a Picante receberam inscrições de 300 brasileiros interessados no projeto. Desses, 12 estão sendo selecionados e até seis podem ser contratados para trabalhar na sitcom de Netinho.
A idéia, diz Netinho, é treinar 12 brasileiros a fazer sitcom como os americanos. Além de palestras, os participantes do workshop desenvolverão a sinopse e o perfil dos personagens da série. E escreverão, juntos, quatro episódios.
?Brecha no mercado?
?Não temos estrutura para competir com a Globo, que tem os principais autores. A saída então é treinar novos roteiristas. Existe uma brecha no mercado para sitcoms. Quem se aperfeiçoar em sitcom vai ganhar mercado?, afirma Netinho.
?Os americanos vão trabalhar como ?doctors? [aqui, no sentido de consultores, supervisores]. Vão nos ensinar os segredos, quando tem de haver uma lágrima ou um sorriso. A gente escreve e eles analisam o ?timing?, diz o apresentador.
Quase nada sobre o que será o seriado está definido. Segundo Netinho, Debbie Allen está estudando sua história. ?Ela quer uma coisa bem real, no estilo de Bill Cosby?, conta.
Netinho despertou o interesse da Picante Pictures por causa do sucesso de ?Turma do Gueto?, projeto original dele, do qual se afastou por não concordar com os rumos adotados, de ênfase na violência. A Picante está interessada em fazer TV no Brasil.
?A sitcom vai ser direcionada para o público do Netinho, das classes C e D. Será um programa popular?, afirma David Morales, um dos donos da Picante, que já planeja um segundo programa para o Brasil.
A Record ainda não garante a exibição da sitcom. A emissora chegou a desenvolver um projeto de comédia de situação para Netinho, chamado ?Muito Prazer?, sobre um negro bem-sucedido que circula pela periferia. Mas não avançou.
A Rede TV! também planeja produzir uma sitcom em 2004, tanto que já analisa currículos e idéias de profissionais dispostos a encarar o formato.
Por enquanto, segundo Mônica Pimentel, diretora artística da emissora, não há nada confirmado para 2004. Certo mesmo, diz, apenas um especial de humor de fim de ano, a ser escrito, protagonizado e dirigido pelo apresentador João Kléber.
?Estamos analisando roteiros. Produzir sitcom será um ganho para a emissora, a nossa porta de entrada na teledramaturgia?, afirma Pimentel.”
TV TIMÃO
“Corinthians quer lançar ?TV Timão? em 2004”, copyright Folha de S. Paulo, 15/11/03
“Clube de maior torcida no Estado de São Paulo, o Corinthians negocia com emissoras abertas e canais pagos parceria para lançar, em 2004, o projeto ?TV Timão?.
?TV Timão?, apesar de parecer nome de canal, será um programa de TV. A produtora TV7, da empresa de marketing esportivo Traffic, foi contratada para formatar o programa. Negociações com eventuais patrocinadores, bem como com emissoras para aquisição de material de arquivo, estão em andamento.
A TV7 está esboçando um programa, a princípio diário, de duas a quatro horas de duração. Mas isso vai depender dos patrocínios e do modelo de negócio que vier a ser fechado com alguma rede _locação de espaço na grade de programação ou participação nas receitas dos intervalos comerciais, merchandisings e televendas.
O projeto da TV7 prevê a transmissão de um telejornal oficial, produzido em um estúdio a ser montado no clube. Resumos de jogos importantes na história do time também seriam exibidos. Haveria ainda o ?Shopping Timão? _anúncios de produtos oficiais e memorabilia (como camisetas autografadas).
OUTRO CANAL
Cano
A Globo não quitou a primeira parcela, de US$ 48 milhões, vencida em 1? de julho, dos direitos de exibição da Copa do Mundo de 2006, pelos quais se comprometeu, em 1998, a pagar US$ 240 milhões. A informação é de relatório oficial da emissora, que tenta anular o contrato firmado com a KirchMedia e renegociar o Mundial da Alemanha por até US$ 80 milhões.
Profundo 1
Na guerra pela audiência dominical, o ?Domingão do Faustão? vai atacar amanhã com golfinhos. Exibirá trechos do documentário ?A Ilha dos Golfinhos?, premiado recentemente em festival na França.
Profundo 2
O mergulhador Lawrence Wahba, que divide a direção com Rodrigo Astiz, estará no palco do ?Domingão?. O National Geographic Channel exibirá o documentário, produzido pela Canal Azul em Fernando de Noronha, na íntegra em 14 de dezembro.
Fumaça
Sob nova direção, o departamento comercial do SBT está anunciando que exibirá em 2004 a quarta edição de ?Casa dos Artistas?. Detalhe: Silvio Santos ainda não aprovou a idéia.
Dindim
Roberto Avallone estréia amanhã na Rede TV!, no ?Bola na Rede?, com pelo menos cinco merchandisings. Ex-apresentador do programa, Juca Kfouri nunca admitiu esse tipo de propaganda.”
MTV
“No Ibope, João Gordo bate Wanessa Camargo”, copyright Folha de S. Paulo, 14/11/03
“Para a indústria fonográfica, o punk João Gordo não passa de um zé-ninguém, mas para a audiência da MTV, emissora em que trabalha como apresentador, ele é muito mais interessante do que Wanessa Camargo _esta sim uma estrela para as gravadoras.
É o que revelam os dados de audiência das duas primeiras séries do programa ?Família MTV?, a versão brasileira do ?reality show? ?The Osbournes?.
A primeira exibição dos quatro episódios protagonizados por João Gordo, entre 20 e 24 de outubro, deram média de 3,5 pontos na Grande São Paulo no universo de pessoas de 15 a 29 anos, o público alvo da MTV. Já os programas de Wanessa Camargo, apresentados na semana passada, patinaram na média de 1,1 ponto.
Isso significa que só 1,1% dos jovens de 15 a 29 anos de São Paulo viu o programa de Wanessa, contra 3,5% de João Gordo.
Co-apresentadora do ?Jovens Tardes? (Globo), a cantora Wanessa Camargo está em seu terceiro CD _cada um vendeu cerca de 250 mil cópias. João Gordo ignora os números de vendas dos 15 discos que já lançou com a banda Ratos de Porão.
OUTRO CANAL
Crise
Até a Globo registrou queda de faturamento no primeiro semestre deste ano. Segundo relatório oficial divulgado anteontem, a emissora faturou R$ 1,279 bilhão nos primeiros seis meses de 2003, 1,2% a menos do que no mesmo período de 2002 (R$ 1,294 bilhão).
Telona
Avesso à exposição na mídia, Mano Brown, líder da banda de rap Racionais MCs, está escrevendo o roteiro de um filme. A informação é de Netinho de Paula, apresentador da Record, que irá apresentar o projeto à Sony, no ano que vem.
Noel
Fausto Silva participará do especial de Natal de Xuxa, que a Globo exibirá em 24 de dezembro. O programa substituirá o musical que seria comandado por J.B. de Oliveira, diretor de ?Big Brother?.
Petisco
O sinal dos canais que transmitem jogos em ?pay-per-view? ficou aberto a todos os assinantes da Net (mesmo para os que não pagaram), em São Paulo, nos dois últimos finais de semana. A Net afirma que houve problemas em sua rede e que isso não se repetirá.
Pizza
Já estão entrando em produção na Globo os primeiros episódios de ?SP Instantâneo?, programetes de até oito minutos, escritos pelos principais autores da emissora, a serem exibidos na programação dos 450 anos de São Paulo. Um deles é de Silvio de Abreu: ?A Festa do Nono?, sobre um avô que completa 90 anos.”