O rádio e a televisão têm sido de muita utilidade para a população brasileira e mundial. Vemos com certa tristeza o desvirtuamento de finalidades das duas grandes invenções da humanidade. O rádio possui 70 anos de história no Brasil. ‘A invenção do rádio é creditada ao inventor e cientista italiano Guglielmo Marconi, nascido em 1874 na cidade de Bolonha. Desde menino demonstrando interesse pela Física e Eletricidade, Marconi foi o primeiro a dar explicação prática aos resultados das experiências de laboratório anteriormente realizadas por Heinrich Hertz, Augusto Righi e outros. Pelos resultados dos estudos de Hertz, Marconi concluiu que tais ondas poderiam transmitir mensagens e, assim, em 1895, fez suas primeiras experiências, com aparelhos rudimentares, na casa de campo de seu pai.’
Aqui na terrinha um grande estudioso, padre Roberto Landell de Moura, gaúcho de nascimento, é considerado pelos brasileiros como o inventor do rádio, visto que com suas experiências conseguiu suplantar Marconi, pois teve a proeza de transmitir a voz através de seu invento, enquanto Marconi, apenas sinais.
O pai da radiodifusão no Brasil coube a Roquette Pinto. Conhecido como um dos principais antropólogos do Brasil, Edgard Roquete Pinto, ‘o pai do rádio’ no país, demonstrou grande interesse em relação aos meios de comunicação, em especial ao rádio. Em situação embrionária no Brasil, Roquette previu imediatamente o seu uso como um difusor de cultura popular. O sucesso da primeira irradiação no Brasil, em 1922, durante as Comemorações do Centenário da Independência, realizada no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, transmitindo o discurso do então presidente Epitácio Pessoa, foi a gota d’água para os planos da primeira emissora brasileira, embora na cronologia da comunicação eletrônica de massa brasileira o surgimento do rádio no Brasil seja marcado com a fundação da Rádio Clube de Pernambuco por Oscar Moreira Pinto, no Recife, em 6 de abril de 1919.
Criação do iconosópio
No Ceará, a proeza coube a João Demétrio Dummar. Há um quê dos personagens de ficção na trajetória de João Demétrio Dummar. O cearense, que nasceu na Síria no início do século passado, que migrou com a família para o Brasil, que passou por Belém, que chegou ao Ceará aos sete anos, que viveu parte de sua juventude no Crato, que honrou a tradição do homem de negócios e que se tornou, ainda na década de trinta, um empresário de comunicação. Isso quando sírios e libaneses ainda nem sonhavam em se tornar personagens simpáticos e bonachões nos romances de Jorge Amado.
João Dummar era simpático – registro feito por familiares, companheiros de trabalho e amigos – e tinha o que hoje chamaríamos de determinação de empreendedor. Um pioneiro que conseguiu ver uma fresta no futuro do Ceará dos anos 20. Um negociante, dono de seu próprio negócio ou firma – como se costumava dizer –, que percebeu o potencial do advento da radiodifusão e só se deu por satisfeito quando fundou a Ceará Rádio Clube em 1934, ‘começando a difundir a arte e a música para todo o Estado’.
Como vêem, o rádio tem lindas histórias para ser contadas, bem como a televisão, um dos objetos mais utilizados no mundo. Hoje em dia é difícil encontrar uma residência que não possua um aparelho de televisão, embora já existisse desde 1926. A televisão foi inventada por John Baird, um escocês. No entanto, a partir de 1934, quando Vladimir Zworykin, um russo, foi viver nos EUA, criou o iconoscópio, quando surgiram as primeiras aplicações práticas. O iconoscópio permitia decompor uma imagem em milhares de pontos convertidos num sinal modulado.
Promoção de televisores
A televisão tem um papel importantíssimo na sociedade atual, sendo o meio de comunicação de maior impacto junto à opinião pública. Até o final da II Guerra Mundial, o dono da situação era ‘sua excelência’ o rádio, mas a televisão se expandiu definitivamente na década de 50, com a multiplicação das vendas de aparelhos. A televisão fez-se agente de uma revolução que impôs o audiovisual como uma realidade central da cultura e do quotidiano de larguíssimas camadas da população.
A televisão no Brasil tem sua pré-estréia no dia 3 de abril de 1950 – com a apresentação do frei José Mojica, padre cantor mexicano. As imagens não passam do saguão dos Diários Associados, na Rua Sete de Abril, em São Paulo, onde havia alguns aparelhos instalados. A televisão no Brasil começou em 18 de setembro de 1950, trazida por Assis Chateaubriand, que fundou o primeiro canal de televisão no país, a TV Tupi. Desde então a televisão cresceu e hoje representa um fator importante na cultura popular moderna da sociedade brasileira. A TV digital no Brasil teve início às 20h30 do dia 2 de dezembro de 2007, inicialmente na cidade de São Paulo, pelo padrão japonês.
No Ceará foi lançada a pedra fundamental em maio de 1959. A TV Ceará só entraria no ar em 26 de novembro de 1960, ano em que Fortaleza tinha cerca de 500 mil habitantes e apenas 200 televisores, muitos deles adquiridos bem antes, em promoções feitas pelas grandes lojas da época: Casa Parente, Flama, Cimaipinto, Livraria Alaor, Ceará Gás Butano, A Cruzeiro, Armazém Paissandu e outras.
Velhas lavagens cerebrais
No dia 23 de maio, a Ceará Rádio Clube comemorou seu 48º aniversário do lançamento de sua pedra fundamental onde funcionaria o canal 2, dos Diários Associados. Instalada na Estância Castelo, onde hoje fica a holding do Grupo Edson Queiroz, na Avenida Antônio Sales, foi a primeira emissora de televisão do Estado, servindo de escola pra muita gente boa, como Emiliano Queiroz, Renato ‘Didi’ Aragão, Ayla Maria, Augusto Borges, Paulo Limaverde, B. de Paiva, João Ramos, Wilson Machado, Guilherme Neto, Ary Sherlock, Hiramisa Serra, Karla Peixoto, Assis Santos e muitos outros.
Uma história linda, cheia de nuanças positivas, rádio e televisão serviram para a divulgação da cultura e a história do povo brasileiro e dos acontecimentos de destaque no cenário mundial. É lamentável que nos dias de hoje esta cultura esteja deixando a desejar, tanto no rádio como na televisão. A falta de vocação profissional deu lugar ao benefício próprio. Os dois canais de comunicação estão servindo de trampolim para pretensos profissionais galgarem posições mais altas, procurando mostrar serviço para os incautos e visando a abiscoitar um cargo político.
O rádio também passa por estes momentos cruciais. É lamentável que este trampolim esteja descaracterizando os dois veículos de comunicação e, além do mais, profissionais sem escrúpulos e educação usam os meios de comunicação para verbalizar sua linguagem de duplo sentido, estendendo-se a pornografia explícita. Banalizam a violência e dizimam a cultura aos poucos. Os horários arrendados pelo rádio e a televisão têm proporcionado uma queda na qualidade da programação destes veículos. Vamos batalhar por um rádio e uma televisão de melhor qualidade e acabar com o estigma de que a beleza física seja mais importante do que a vocação profissional. E o perigo ronda a rádio e a televisão com a concessão de espaços para emissoras religiosas e de caráter político, que no frigir dos ovos só serve para iludir o povo através das velhas lavagens cerebrais.
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Membro da Aci-Alomerce e Aouvirce