THE WASHINGTON POST
São poucos os órgãos de imprensa que têm se empenhado em investigar se são verdadeiras as acusações da coalizão que invadiu o Iraque de que Saddam Hussein estaria desenvolvendo armas de destruição em massa. O Washington Post tem buscado respostas a respeito e, recentemente, uma matéria do repórter Barton Gellman intitulada "Busca no Iraque não encontra armas nucleares", que questiona as alegações anglo-americanas, foi contestada por duas cartas de militares. O responsável pela investigação, o americano David Kay, e outro participante da busca, o brigadeiro-general australiano Stephen Meekin, escreveram ao jornal colocando em dúvida a veracidade de partes da reportagem.
O argumento mais poderoso de Gellman, segundo o ombudsman Michael Getler [9/11/03], é uma afirmação de Meekin, que o jornalista tem gravada, de que os tubos de alumínio encontrados no Iraque, que supostamente serviriam para uso em uma centrífuga de enriquecimento de urânio, na verdade são peças de foguetes de guerra comuns e, portanto, em se falando de armas de destruição em massa, "inócuos".
As cartas de Kay e Meekin foram publicadas na íntegra e acabaram gerando dúvidas nos leitores com relação à matéria de Gellman. Getler conversou com a subeditora-gerente Liz Spayd, que disse ter conferido os procedimentos do repórter sem ter encontrado problemas. Ora, se o jornal está certo de que sua reportagem é precisa, não deveria ter publicado essa espécie de desmentido redigido por autoridades. Elas têm direito de resposta, mas teria sido melhor fazer nova matéria explicando que há discordância e que o Post mantém sua posição. "Não é algo que jornais fazem normalmente. Mas esses não são tempos normais", conclui o ombudsman.