iG & BRASIL TELECOM
“Brasil Telecom pretende comprar o iG”, copyright O Estado de S. Paulo, 20/12/03
“Na segunda-feira, a operadora fixa Brasil Telecom deve divulgar ao mercado financeiro seu plano para a aquisição do provedor gratuito iG. Está marcada uma reunião com acionistas minoritários, em que serão discutidos os valores envolvidos na operação.
?Precisamos conhecer todos os pontos?, afirma o presidente da Associação Nacional de Investidores do Mercado de Capitais (Animec), Waldir Corrêa. O Conselho de Administração da Brasil Telecom decidiu, quinta-feira, dar o sinal verde para que a empresa apresentasse uma oferta pelo provedor. A proposta poderia chegar a US$ 160 milhões.
O iG tem como principais acionistas a GP Investimentos, que possui 11% da Telemar, e o Banco Opportunity, que controla a Brasil Telecom. A Telemar já tem cerca de 17% de participação no iG.
De acordo com a GP Investimentos, ?não passa de boato? a informação de que a Telemar também estaria interessada no controle do iG. ?Não temos informação de reunião do conselho ou assembléia de acionistas para discutir o assunto?, informou a Assessoria de Imprensa da GP.
A Brasil Telecom estaria de olho no tráfego de telefonia gerado pelo iG. O provedor informou que espera faturar R$ 184 milhões este ano. Segundo uma fonte próxima da empresa, o lucro poderia chegar a R$ 18 milhões, o que não é confirmado pelo iG, uma empresa de capital fechado.
O provedor tem cerca de 3,5 milhões de usuários ativos, sendo responsável por cerca de 50% do tráfego de internet em São Paulo. Cerca de 20 mil pessoas cadastram-se no acesso gratuito do iG por dia.
Ontem, o mercado financeiro reagiu mal às informações sobre o interesse da Brasil Telecom no provedor gratuito. Na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações sem direito a voto da holding caíram 2,42%, apresentando a sexta pior performance do dia.”
“Telemar e Brasil Telecom devem disputar o iG”, copyright Telecom Online (www.telecomonline.com.br), 18/12/03
“A Telemar se surpreendeu com a proposta que, segundo um executivo da operadora, foi feita pela Brasil Telecom para a compra do provedor de Internet IG, onde ambas são sócias com participações semelhantes, de cerca de 20% cada um. ?O IG é estratégico para a Telemar e temos interesse em defender nossa posição?, afirmou. A possível articulação da Brasil Telecom para comprar do IG foi divulgada hoje, 18, pelo site de notícias UOL News, que afirmou também que a concessionária já teria, inclusive, marcado Assembléia Geral Extraordinária (AGE) para o próximo dia 26, para discutir a questão. O UOL disse, ainda, que o valor da proposta seria de aproximadamente US$ 115 milhões. A Brasil Telecom, via assessoria de imprensa, negou tanto o interesse nessa aquisição quanto a realização de AGE no dia 26 para esse fim. Para o executivo de uma operadora, esse movimento da BrT indica uma estratégia de consolidação dos provedores de Internet em que ela tem participação acionária, o IG e o Ibest, em sua operação de telefonia fixa. ?Há um mês a Telefónica, na Espanha, incorporou o Terra em sua operação de telefonia fixa, o que poderá se repetir no Brasil, em breve?, disse. Isso mostra a importância que os provedores de acesso à Internet, por serem grandes geradores de tráfego, estão ganhando nas operações de telefonia das concessionárias. ?Se perder essa disputa pelo IG, a Telemar deverá criar um novo provedor ou mesmo partir para aquisições?, comenta. O futuro do IG, a partir do interesse das duas concessionárias, deverá ser decidido, principalmente, pelos fundos de investimentos, entre os quais o UBS Capital, que também são acionistas do provedor.”
“Brasil Telecom quer comprar poor US$ 115 milhões empresa sem receita”, copyright UOL News (http://noticias.uol.com.br/uolnews), 18/12/03
“O UOL News apurou que a Brasil Telecom pretende realizar uma assembléia no dia 26 de dezembro para comprar o provedor gratuito de Internet iG. Segundo especialistas que o UOL News consultou, o valor de mercado do iG se aproxima de zero, já que ?é uma empresa que tem zero de faturamento?, disse um deles.
Para entender o que pode ser o motivo dessa compra, é preciso ter uma idéia da composição acionária do iG e da Brasil Telecom.
1) O empresário Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, é acionista da Brasil Telecom, da Telemar, e do iG;
2) A Telemar, o empresário Beto Sicupira, do Grupo GP, Sergio Andrade, da Andrade Gutierrez, e Daniel Dantas controlam o iG;
3) O BNDES tem 20% do capital da Telemar;
4) Beto Sicupira e Sergio Andrade também são sócios controladores da Telemar.
Logo, a operação, na verdade, significa o seguinte: Daniel Dantas pega US$ 115 milhões da Brasil Telecom e entrega US$ 115 milhões a Daniel Dantas, à Telemar (e 20% disso ao BNDES), a Beto Sicupira e a Sergio Andrade.
Ou seja, Daniel Dantas vende e compra. Compra (em nome da Brasil Telecom) por US$ 115 milhões uma empresa que ele vende (o iG) e que possui faturamento próximo de zero.
Segundo as mesmas fontes que o UOL News ouviu, a assembléia do dia 26 de dezembro será um jogo de cartas marcadas. O iG pediria US$ 140 milhões.
A Telemar faria oferta inferior a US$ 115 milhões – para fazer parecer que haveria competição. Em seguida viria a proposta da Brasil Telecom de US$ 115 milhões. E o iG aceitaria.
A data de 26 de dezembro teria sido escolhida a dedo, por atender a duas preocupações. Primeiro, no período de festas a divulgação seria menor e, portanto, não chamaria a atenção dos sócios minoritários. Segundo, porque em janeiro Daniel Dantas corre o risco de perder o controle da BrasilTelecom para a Telecom Itália, o que impossibilitaria a concretização do negócio.
Se essa transação se realizar, terá sido a segunda vez que Daniel Dantas venderá o iG a ele mesmo.
Primeiro, quando o iG era controlado por Daniel Dantas, Nizan Guanaes, Rede Bandeirantes, Beto Sicupira e Sergio Andrade, ele vendeu o iG à Telemar. Agora, venderia o iG à Brasil Telecom.
Essa operação, se realizada, poderia significar:
1) Uma descapitalização da Brasil Telecom e, portanto, dificuldades em desempenhar seu papel como concessionária de telefonia fixa. A Anatel, a agência reguladora da indústria de telefonia, portanto, poderia se interessar em analisar a operação.
2) Um ?mico? para a Telecom Itália (com a qual Dantas está publicamente em disputa pelo controle da Brasil Telecom) e para os acionistas minoritários da Brasil Telecom – que seriam obrigados a engolir uma empresa cuja receita é zero por US$ 115 milhões. Como a Comissão de Valores Mobiliários cuida (ou deveria cuidar) dos direitos dos acionistas minoritários, ela deveria também analisar a transação. Embora, como o Teletime News já denunciou repetidas vezes, tanto o presidente da CVM, Luiz Leonardo Cantidiano, quanto uma diretora da CVM, Norma Parente, tenham trabalhado para Daniel Dantas.
3) A operação poderia levantar suspeitas também do Tribunal de Contas da União, que se perguntaria ?como é que o BNDES vende por US$ 115 milhões uma empresa que fatura zero??
Por tudo, o UOL News fez as seguintes perguntas:
Ao vice-presidente da Anatel, Antonio Carlos Valente (o presidente da Anatel, Guilherme Schymura, está em férias): ?O senhor vai autorizar a Brasil Telecom a comprar o portal iG por US$ 115 milhões, sendo que o valor de mercado do iG é próximo de zero??
Ao presidente da presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CV), Luiz Leonardo Cantidiano: ?A CVM vai permitir que a Brasil Telecom empurre aos seus acionistas minoritários a compra do iG por US$ 115 milhões??
Ao empresário Daniel Dantas, do Grupo Opportunity: ?A Brasil Telecom vai comprar o iG por US$ 115 milhões??
À presidente da BrasilTelecom, Carla Cico: ?A Brasil Telecom vai comprar o iG por US$ 115 milhões??
Ao empresário Sérgio Andrade: ?O senhor vai vender o iG por US$ 115 milhões para a Brasil Telecom??
Ao presidente do BNDES, Carlos Lessa:
?Levando-se em consideração que o BNDES controla 20% da Telemar, o que o senhor acha da informação de que a Brasil Telecom vai comprar o iG, que é controlado entre outros pela Telemar, por US$ 115 milhões? Levando-se em conta que o iG fatura zero, o senhor sabia que ia fazer um negócio tão bom? O senhor está preparado para participar de um negócio em que o senhor venda por US$ 115 milhões uma empresa sua que vale próximo de zero? O senhor teria como explicar isso ao TCU??
As únicas respostas que o UOL News obteve até agora foram da Anatel e da Telemar. O vice-presidente da Anatel, Antonio Carlos Valente, disse: ?Se se confirmar que a empresa concessionária, a Brasil Telecom, está fazendo uma compra que possa prejudicar as responsabilidades dela como concessionária, a Anatel analisará.? O gerente de Comunicação da Telemar, André Moragas, respondeu apenas que ?a Telemar não comenta boatos de mercado?.
A Brasil Telecom informou que ?em função de uma agenda com muitos compromissos, não foi possível levar ao conhecimento da dra. Carla Cico? a pergunta do UOL News. A secretaria da presidência da empresa disse que um ?novo contato? poderia ser agendado para janeiro.”
“Venda do iG será definida em janeiro”, copyright Folha de S. Paulo, 20/12/03
“A Brasil Telecom ofereceu pagar US$ 115 milhões pelo controle acionário do provedor de internet gratuita iG. A Folha apurou que a proposta foi apresentada aos grupos La Fonte e AG Telecom (Andrade Gutierrez Telecomunicações) no final de novembro.
La Fonte e AG Telecom fazem parte do bloco de acionistas controladores da empresa de telefonia fixa Telemar, que também participa do capital do iG, por intermédio de uma holding registrada nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal localizado no Caribe.
A Telemar tem 20% das ações da iG Cayman, mas, a Brasil Telecom não ofereceu comprar as ações que estão em poder dela.
O motivo que levou o grupo Opportunity, administrador da Brasil Telecom, a não estender a oferta à Telemar ainda é desconhecido. Toda a negociação vem sendo feita sob sigilo e nenhuma das partes envolvidas comenta publicamente o assunto.
Anteontem, o conselho de administração da Brasil Telecom autorizou os executivos da empresa a negociarem a compra do iG até o limite de US$ 160 milhões. Ou seja, US$ 45 milhões a mais do proposto no final de novembro.
Executivos ligados a acionistas da Telemar garantem que eles só responderão à proposta da Brasil Telecom em meados de janeiro. Isso contradiz a versão que circulava anteontem em São Paulo de que a compra poderia ser definida entre o Natal e o Ano Novo.
O controle acionário do iG está concentrado em Cayman. O iG Cayman tem 99,99998% do capital da empresa no Brasil, e sabe-se que o Opportunity e o grupo GP Investimento têm o controle das ações que dão direito a voto.
A Brasil Telecom e a Telemar são acionistas do iG por vias distintas. Enquanto a Telemar participa diretamente da empresa de Cayman, a Brasil Telecom tem participação indireta, ao lado do Opportunity, por meio da empresa Nova Tarrafa Participações.
Segundo a Folha apurou, a Telemar foi informada da oferta da Brasil Telecom e estuda a hipótese de fazer uma contraproposta. A tendência na empresa era analisar o negócio, sem muito apetite. A orientação era a de não criar uma ?falsa competição? pelo iG.
O Opportunity, que detêm, atualmente, o controle da Brasil Telecom, disse ontem que não vai comentar as negociações envolvendo a compra do iG.
A mesma posição foi adotada pelos acionistas da Telemar.”
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“Brasil Telecom estuda compra do iG”, copyright Folha de S. Paulo, 19/12/03
“A Brasil Telecom – empresa concession&aaacute;ria de telefonia fixa local, administrada pelo grupo Opportunity- estuda comprar o provedor gratuito de internet iG.
Em reunião realizada, ontem, no Rio, o conselho de administração autorizou os executivos da Brasil Telecom a prosseguirem nos preparativos para a formalização de uma oferta de compra até o limite de US$ 160 milhões.
A compra do iG foi batizada internamente na Brasil Telecom de ?Operação Tupi? e vem sendo tratada sob sigilo. Luiz Octávio da Motta Veiga, presidente do conselho de administração da Brasil Telecom, disse que não faria nenhum comentário.
O iG Brasil é controlado societariamente por uma empresa com sede nas ilhas Cayman, de nome iG Cayman, que pertence a alguns dos acionistas controladores da Telemar: banco Opportunity, GP Investimentos, Andrade Gutierrez Telecomunicações e grupo La Fonte (Jereissati). A Telemar e a Brasil Telecom também têm ações do iG.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que faz parte parte do bloco controlador da Telemar, disse à Folha que a Telemar também analisa a compra do iG.
Segundo o BNDES, por usar a estrutura da Telemar, o iG é um gerador de receitas para a empresa. O banco confirmou que alguns dos acionistas da Telemar que são investidores do iG receberam proposta para vender suas ações à Brasil Telecom.
Embora as negociações estejam sendo conduzidas em sigilo, algumas informações, não comentadas pelas companhias diretamente envolvidas, começaram a circular entres executivos do mercado de telecomunicações.
Uma versão é de que as ações com direito a voto da iG Cayman ficariam sob controle do Opportunity, e a Brasil Telecom compraria as ações dos demais acionistas diretamente e indiretamente, por meio da empresa brasileira MetroRed, da qual é acionista.
Uma das cláusulas do acordo é que os fundos poderiam vender suas ações, pelo preço que pagaram (quase oito vezes o valor atual), se o IG fosse vendido para companhias telefônicas.
O jornalista Paulo Henrique Amorim, do UOL News, noticiou ontem um acordo entre os acionistas do iG segundo o qual a Telemar faria uma oferta de US$ 114 milhões pelo iG. A Brasil Telecom ofereceria US$ 115 milhões.”