Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Laura Mattos

FIM DE ANO NA TV

“Mesmice ?brinda? o telespectador no final de ano”, copyright Folha de S. Paulo, 21/12/03

“Para não quebrar a tradição, a programação da TV aberta neste final de ano será basicamente preenchida por filmes temáticos reprisados, retrospectivas e apresentadores fazendo festa em programas pré-gravados.

Quem passar a noite da véspera de Natal diante da telinha será brindado, por exemplo, com um conto natalino protagonizado por Xuxa na Globo, um especial musical de Ratinho no SBT ou o padre Marcelo Rossi cantando com Luciana Gimenez na Rede TV!.

A TV Cultura leva ao ar a tradicional Missa do Galo do Vaticano, celebrada pelo papa João Paulo 2?, ao vivo, a partir das 21h.

A maior parte dos programas será temática e será apresentada em cenários festivos a partir de hoje (veja a programação completa às páginas E9 e E10).

Na Globo, ?A Turma do Didi? e ?Domingão do Faustão? comemoram o Natal neste domingo, e as outras atrações seguem nesse rumo durante a semana.

No SBT, Gugu veste seus convidados de Papai Noel hoje e, nos próximos dias, sempre às 22h30, a emissora trará títulos do cinema da noite feliz, como ?Natal em Família? (terça-feira), ?O Presente de Natal Perfeito? (quarta) e ?A Árvore de Natal? (quinta).

Na Record, Milton Neves entrega hoje o tradicional Prêmio Bola de Prata, em parceria com a revista ?Placar?, aos jogadores eleitos os melhores de 2003. A cerimônia já foi gravada no teatro da emissora paulista.

Ano Novo

O Réveillon da TV terá, como sempre, o ?Show da Virada? da Globo. A sequência de cantores vestidos de branco incluirá Daniela Mercury, KLB, Titãs, Ivete Sangalo, CPM 22, Fernanda Abreu, entre outros.

O telespectador também poderá fazer a contagem regressiva com Ratinho, no SBT, e seus artistas convidados.

A Bandeirantes vira o ano com Astrid Fontenelle, que comanda a transmissão da festa no Farol da Barra, em Salvador. O show, com participação de Toquinho, Vânia Abreu e Ney Matogrosso, será uma homenagem a Vinicius de Moraes.

Entre as novidades escassas nesta época na TV, estão os programas de teledramaturgia da Globo. Hoje tem ?A Terra dos Meninos Pelados? e ?A Diarista?. Na terça-feira, é a vez de ?Carol & Bernardo?.”

 

CELEBRIDADE

“?Celebridade? é novela à antiga”, copyright Folha de S. Paulo, 21/12/03

“Até agora, o melhor que se pode dizer sobre ?Celebridade? é que, ao contrário das novelas que a precederam, Gilberto Braga ainda acredita em roteiro. Não passa uma semana sem que as revistas e sites sobre TV noticiem reviravoltas da trama e arrisquem especulações sobre os destinos das personagens.

As últimas novelas pareciam sugerir que um novo tipo de ficção seriada para TV estava se firmando. Em tudo assemelhadas às novelas tal como as conhecíamos antes, a nova novela, aquela praticada por Manoel Carlos e Glória Peres, prescinde de uma história. Baseadas em situações circulares e tensão quase zero, novelas como ?Mulheres Apaixonadas? e ?O Clone? envolvem o espectador num tempo e espaço vazio de acontecimentos -e, portanto, de motivações e psicologia do personagem.

?Celebridade?, perto desses dois exemplos, sofre de uma espécie de hiperatividade. Já teve sequestro frustrado, casamento idem, volta do filho pródigo, reconciliação de sogro e genro, morte de filho, encontros amorosos ardentes etc. Mas o principal é que tudo isso parece obedecer a uma lógica ditada pelas ações e motivações das personagens.

É por isso que a novela vem suscitando diversas interrogações sobre o andamento da trama, que acabam por ser objeto das explicações as mais estapafúrdias. Afinal, por que Laura (Claudia Abreu, excelente, por sinal) quer tanto destruir Maria Clara Diniz (Malu Mader)? Renato (Fábio Assunção) e Laura vão se aliar para destruir a inimiga comum? Como Ubaldo (Gracindo Júnior) vai se vingar de Lineu (Hugo Carvana)?

Velha escola

No formato recente que anda se impondo às novelas, diminuem de importância os fios condutores da trama e as motivações dos personagens, como se os autores quisessem deixar uma e outro ?abertos? o suficiente para modificá-la ao sabor dos índices de audiência.

Braga, não. Braga ainda é da velha escola do folhetim -não por acaso, ?Celebridade? tem um quê de retrô, de viagem a tempos (melhores) da teledramaturgia e da televisão.

Curioso é que essa impressão de anacronismo perpasse toda a novela. O Andaraí cenográfico está parado em algum lugar entre o final dos anos 60 e os anos 70. Tem algo dos anos 50 no fato de Maria Clara Diniz não morar sozinha e, sim, com a mãe e a irmã casada. Da mesma década é a música-tema de Fernando (Marcos Palmeira) e Maria Clara, ?Ruby?, sucesso dos anos 50 regravado por Ray Charles em 1960. Cenas picantes de Cláudia Abreu e Márcio Garcia acontecem ao som de ?Sympathy for the Devil?, faixa lançada pelos Rolling Stones em 1968, no disco ?Beggar?s Banquet?.

Resta saber se a novela à antiga de Braga ainda tem lugar na TV contemporânea.”