Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Antonio Brasil

ELEIÇÕES EUA

“Eleições americanas, bobos e Internet”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 16/01/04

“A corrida presidencial americana já começou. Os candidatos a candidato pelo partido democrata lutam pela preferência dos delegados do partido. Eles gastam fortunas e se utilizam de todos os meios para garantir a preferência dos eleitores. Enquanto isso o presidente Bush aguarda os primeiros resultados e se prepara para enfrentar mais uma campanha eleitoral. Com certeza, torce por uma vitória mais confortável e menos dramática. Todos os candidatos lutam com todas as armas pelo cargo mais importante do planeta.

Mas qual será o papel da Internet na escolha dos próximo presidente americano? Esta eleição pode ser o grande teste do novo meio no cenário político americano. Além de meio de comunicação eficiente, a Internet pode viabilizar uma Democracia Cibernética onde todos votam pela rede. Há anos, em seus livros sobre a Cibercultura, o pensador francês Pierre Levy já aposta e descreve essa utopia.

Mas, em termos de comunicação de massa, será que a Internet já estaria ameaçando a supremacia da televisão como principal meio de informação dos eleitores nos Estados Unidos? No passado, os debates políticos transmitidos ao vivo pela televisão garantiram o sucesso ou o fracasso de candidatos. A televisão ainda decide uma eleição mas a Internet se torna um veículo capaz influenciar os resultados. Principalmente entre os eleitores mais bem informados, os formadores de opinião.

Eleições e Internet

Segundo pesquisa recente do Pew Research Center, 13 porcento dos entrevistados declararam que a Internet tinha se tornado a principal fonte de informações sobre os candidatos a presidência. Trata-se de um crescimento significativo de mais de 6 porcento em relação aos índices da última eleição em 2000. A televisão aberta ainda é o principal meio de informação com 42 porcento, mas sofreu um declínio alarmante de 6 porcento na preferência do público. Os índices de audiência dos telejornais americanos tem caído sistematicamente. Mas as últimas ?trapalhadas? das grandes redes de TV durante a apuração de votos na última eleição presidencial também devem ter contribuido para esses resultados negativos.

Humor na TV

No entanto, os dados mais assustadores dessa pesquisa dizem respeito ao público mais jovem. Eles citam a televisão a cabo e a Internet como suas principais de fontes de informação para a escolha de candidatos à presidência. Mas os jovens americanos também destacam a importância cada vez maior de programas humorísticos como o Saturday Night Live como fonte informação sobre os candidatos a presidência. Receber um convite do programa ? algo parecido com o nosso Casseta e Planeta, é garantia de prestígio e audiência para qualquer celebridade do mundo. Ou seja, a pesquisa revela que os eleitores mais jovens acreditam mais no entretenimento televisivo do que no seu jornalismo. Para bom entendededor…O alerta já está no ar.

As pesquisas mais recentes confirmam que a televisão tem se tornado um meio que prioriza o ?entretenimento?. A informação de qualidade tem perdido espaço no telejornalismo televisivo e os Reality Shows confundem a própria noção de realidade. O público jovem é sempre um bom indicador de tendências em comunicação. Com muitas opções, tanto de informação como de entrentenimento, eles podem estar nos mostrando o futuro tanto do jornalismo como do entretenimento.

Os bobos

Mas o resultado dessa pesquisa não deveria nos surpreender. Jornalismo e entretenimento podem ter raízes comuns. Essa preferência dos jovens americanos nos remete as próprias origens mitológicas do jornalismo.

Sempre acreditei que os primeiros jornalistas não eram necessariamente os pensadores ?iluminados? de uma Europa em busca de novas idéias libertárias durante o século XVIII. Nossas origens podem estar no dificil e perigoso trabalho dos ?bobos? da corte na Idade Média. Eles tinham a obrigação de entreter os poderosos com suas gracinhas, mas também aproveitavam o espaço e a liberdade para informar. Entre uma piada e outra, eles sempre acabavam dizendo algumas ?verdades?. Nem todas essas ?verdades? eram bem recebidas pelo público. Pouca coisa mudou. Mas aos ?incomodados?, o jornalista-bobo ou bobo-jornalista poderia sempre dizer que tudo não passava de uma ?piada?. Ou seja, eu divulgo, mas acredita quem quer. Nada muito diferente do atual cenário da grande mídia internacional. Assim como no passado, muitos jornalistas importantes têm se revelado grandes mentirosos. Mas, eles podem sempre negar os princípios da profissão, a importância da informação e alegar que só estavam tentando nos ?divertir?. Em jornalismo, entretenimento ou pesquisa, a verdade é sempre muito relativa. Acredita quem quer.”

 

FRAUDE NO USA TODAY

“?USA Today? acusa de fraude ex-correspondente no exterior”, copyright O Estado de S. Paulo, 14/01/04

“O jornal americano USA Today publicou ontem um comunicado de meia página informando que um de seus mais famosos repórteres foi demitido após fraudar investigações internas sobre a veracidade de suas reportagens. David Kelley, de 43 anos e há 18 anos no jornal, foi forçado a deixar o emprego no dia 6.

Segundo o comunicado, Kelley tentou enganar os responsáveis pela investigação a respeito de uma reportagem enviada de Belgrado, publicada em 14 de julho de 1999. ?Ao se envolver numa fraude, ele violou a primeira responsabilidade de qualquer jornalista: dizer a verdade.?

A reportagem dizia que funcionários das Nações Unidas haviam encontrado um caderno com anotações que sustentavam que militares sérvios estavam envolvidos em limpeza étnica na província de Kosovo. Segundo o texto, o caderno havia sido mostrado ao correspondente por uma ativista de direitos humanos durante uma entrevista. A reportagem foi manchete do jornal.

Quando a apuração começou a ser questionada, Kelley disse que o conteúdo das anotações do caderno não estava claro e até um tradutor teve dúvidas a respeito. Segundo o USA Today, a investigação concluiu que a ativista nunca esteve com o jornalista.

Tradutora

Kelley chegou a participar da sindicância. Ele forneceu contatos para tentar mostrar a veracidade de seu trabalho. Mas depois reconheceu ter pedido a uma amiga tradutora que mentisse ao jornal dizendo que tinha presenciado a suposta entrevista com a militante. A sindicância não conseguiu constatar se a história do caderno era ou não verídica.

Numa nota divulgada por seu advogado, Kelley – que em 2002 foi finalista do Prêmio Pulitzer de jornalismo – disse: ?Deixei o USA Today sabendo que em meus 21 anos de carreira eu nunca fabriquei ou plagiei uma reportagem?. O jornalista, porém, disse estar arrependido por seu comportamento durante a investigação. (Reuters, AFP e DPA)”

 

FUSÃO DE JORNAIS / EUA

“Jornais para hispânicos anunciam fusão”, copyright O Estado de S. Paulo, 17/01/04

“Os dois maiores jornais para as comunidades de idioma espanhol dos Estados Unidos – La Opinión, de Los Angeles, e El Diario/La Prensa, de Nova York – anunciaram ontem sua fusão para criar a primeira rede nacional de publicações hispânicas. A comunidade representa mais de 13% da população dos EUA, com 290 milhões de habitantes. A Impremedia LLC deve lançar um diário de circulação nacional, no estilo do USA Today. (Reuters)”