Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

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O jornalista Gregg Easterbrook acaba de lançar The progress paradox, livro em que afirma que o mundo não é tão ruim como mostram as notícias dos jornais.

Pelo contrário. Para o jornalista da New Republic o mundo está cada vez melhor: as mortes por ataque do coração, derrame e a maior parte dos tipos de câncer estão diminuindo; e todas as formas de poluição ? excluindo-se o efeito estufa ? também estão diminuindo. Mas, segundo ele, quando se lê as primeiras páginas dos jornais, a impressão que se tem é a de que o mundo em que vivemos está prestes a se tornar um verdadeiro inferno.

A tese de Easterbrook é que os jornalistas e os veículos de comunicação são obcecados em dar más notícias a seus leitores, telespectadores e ouvintes. Isso aconteceria porque a elite a quem os jornalistas servem costuma tirar proveito da propagação do medo na sociedade.

Desta forma, os políticos adoram fazer acusações de como as coisas estão sempre terríveis, já que isso faz com que eles sejam convidados a participar de debates na televisão, por exemplo. Grupos de pessoas se agarram a manchetes trágicas para valorizar sua arrecadação de fundos ? para causas sempre nobres. E os próprios jornalistas sentem a adrenalina correr nas veias em cada crise séria que ajudam a divulgar.

Easterbrook afirma que, como na realidade o mundo não está tão ruim assim, as reportagens acabam tornando-se alarmistas, exageradas, dando ênfase a problemas cada vez menores. Danos cerebrais por uso de aparelhos celulares, alergias raríssimas, descobertas de novos complexos psicológicos e estranhas coincidências que afetam apenas um grupo reduzido de pessoas acabam tomando uma importância de dimensões globais. “Em um mundo de seis bilhões de pessoas, algo estará sempre explodindo em algum lugar, mas você acaba tendo a impressão de que tudo está explodindo o tempo inteiro em todos os lugares”, diz.

Mas mesmo com todas as críticas, o jornalista não acusa a mídia de deturpar os fatos. A maioria das notícias trágicas possui informações corretas e precisas. O problema, conclui ele, é o tom, a localização e o volume em que elas são dadas. [As informações são do Washington Post, 29/12/03]