Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carol Knoploch

DA COR DO PECADO

“Várias estréias em uma”, copyright O Estado de S. Paulo, 25/01/04

“Da Cor do Pecado, nova novela das 7 da Globo, estréia amanhã com alguns destaques: o autor, João Emanuel Carneiro, premiado no cinema (ver matéria ao lado), escreve pela primeira vez um folhetim. E não chega sozinho. Traz um dos melhores atores da atualidade, Matheus Nachtergaele, consagrado no teatro e na grande tela. Matheus, que será um vidente picareta e cômico, afirma que adiou sua estréia no formato porque tinha medo de uma ?obra aberta.? As novidades estendem-se ao enredo: essa será a primeira novela da Globo em que a protagononista será uma atriz negra. O papel de Preta caberá a Taís Araújo, que já foi Xica da Silva, na extinta Manchete. Disputará o amor de Paco (Reynaldo Gianecchini) com Bárbara, a primeira vilã de Giovanna Antonelli. Além de Paco, um botânico e único herdeiro do milionário e viúvo Afonso Lambertini (Lima Duarte), Gianecchini também interpretará Apolo, da engraçada família Sardinha. Os gêmeos desconhecem a existência um do outro e não se encontrarão na trama. Seus destinos, porém, se cruzarão em meio a tragédias.

Preta, vendedora de ervas medicinais em uma feira em São Luís (Maranhão), filha de Dona Lita (Solange Couto), conhecerá Paco, que vive no Rio. Ela tem um namorado, o Dodô (Jonathan Haadensen, de Cidade de Deus, que também estréia em novela), mas ficará apaixonada por Paco que irá a São Luís para fazer uma pesquisa sobre ervas medicinais. Ao chegar à cidade, Paco vê uma linda mulher na roda do tambor de crioula. Quando chega a uma barraquinha de ervas das mais variadas funções, descobre que Preta é a moça que viu dançar na rua. Os dois viverão uma grande paixão e Paco tentará se livrar de Bárbara, sua noiva, que, na verdade, está interessada na fortuna da família dele. Bárbara é filha de Vera (Maitê Proença) e Eduardo Campos (Ney Latorraca) que um dia foram ricos, mas, após perderem o que tinham, decidiram se separar. Vivem, no entanto, no mesmo apartamento, único bem do casal que não foi tomado pelos credores. Paco não se dá bem com o pai porque discorda da forma que Afonso ganhou dinheiro – destruindo boa parte das matas do Sudeste do Brasil. E Bárbara, que trabalha na Fundação Lambertini, tenta aproximá-los para agradar ao sogro e usufruir de sua fortuna. Ficará grávida de seu amante, Kaíke (Tuca Andrada), e, obviamente, falará que o filho é de Paco. A armação afastará Preta, que também será mãe, de seu grande amor.

Paco sofrerá um acidente de helicóptero e conseguirá sobreviver. Como seu corpo não será encontrado pelas equipes de resgate, sua morte será declarada pelos noticiários da TV. Ele acreditará que esta confusão poderá ser a oportunidade para recomeçar uma vida nova. E aqui Apolo terá sua vida modificada completamente. Ele será confundido com Paco. O outro personagem de Gianecchini é o filho mais velho de Edilásia Sardinha (Rosi Campos), que será uma espécie de Dona Armênia, de Rainha da Sucata (1990), de Silvio de Abreu – os cinco filhos, todos fortões e lutadores, não largam a barra da saia da mãe. Além de Apolo, Ulisses (Leonardo Brício), Thor (Cauã Reymond), Dionísio (Pedro Neschiling) e Abelardo (Caio Blat) seguem os passos do pai, que já morreu, um importante mestre de artes marciais. Edilásia sustenta os filhos sozinha: é dona de um quiosque de comida natural na praia.

No início da novela, Apolo terá um romance com a ?Maria tatame? Tina (Karina Bacchi), que o troca pelo irmão Thor depois que Thor venceu Apolo em uma competição – Dionísio, o quarto irmão, sonha em namorá-la. Somente o caçula, Abelardo, não liga para Tina nem para as lutas. Quer ser cabeleireiro. Desiludido, Apolo junta-se a Ulisses em viagem pelo litoral brasileiro em busca de emprego e dinheiro. Apolo sofrerá um acidente de barco perto do Maranhão e será confundido com o desaparecido Paco. O verdadeiro Paco vai aparecer novamente após 7 anos.

Nos 18 primeiros capítulos, gravados em São Luís, a produção priorizou as cenas de Paco. De volta ao Rio, Reynaldo Gianecchini fez as outras imagens de Paco e, somente após dois meses de gravação, pôde fazer as cenas de Apolo. ?Estou trabalhando muito, quase sem tempo para nada. Às vezes esqueço quem estou fazendo por causa do cansaço?, comentou Gianecchini, que, assim como os irmãos Sardinha, fez aulas de artes marciais. A casa de Edilásia até ganhou piso de borracha, igual ao do tatame de judô, para que os atores façam as cenas de ação com mais segurança.

?Eu adoro esse casal, gente… Eu e o Gianecchini?, declarou, empolgada, Taís Araújo, que afirma ter ficado neurótica com algumas semelhanças com a personagem, principalmente traços de caráter.?De todas que fiz, essa tem mais semelhanças comigo. No início foi uma neurose, queria distanciá-la o máximo possível da minha vida. Agora uso as semelhanças a meu favor.? Depois de Xica da Silva (1996), de Adamo Rangel, Taís não fez nenhuma outra protagonista. ?A única diferença é que a Globo tem muito mais recursos que a Manchete. Mais nada.?

Giovana Antonelli é outra eufórica: faz a sua primeira vilã da carreira e nem se incomoda com a maratona de gravações. De segunda a quinta-feira vive Bárbara e de quinta a domingo sobe ao palco com Dois na Gangorra, em cartaz no Rio – no fim do mês, estará na telona em Cartomante. A peça chega a São Paulo em março. ?Diferente da mocinha, a vilã te dá inúmeras possibilidades de criação. A mocinha está sempre sofrendo, chorando, apaixonada… A vilã pode fingir tudo isso e pode potencializar tudo isso na mocinha. Como se trata de uma novela das 7, não terá o mesmo peso de uma vilã em minissérie. Acho que posso ser má e ter humor ao mesmo tempo?, explica a atriz, que trocou a cabeleira de Anita Garibaldi, de A Casa das Sete Mulheres, seu último trabalho na TV, por um visual curtinho e loiro.

Parceria – O autor João Emanuel Carneiro, co-autor de A Muralha (com Maria Adelaide de Amaral) e colaborador de Os Maias e de Desejos de Mulher, enviou a sinopse da novela à Divisão de Recursos Artísticos da Globo e teve seu texto escolhido por Silvio de Abreu. ?Li mais de 30 sinopses e achei que a do João Emanuel tinha ótimos elementos, principalmente uma protagonista negra?, elogia Silvio de Abreu, o supervisor de texto da novela. Denise Saraceni, que conheceu João Emanuel em A Muralha, é a diretora da novela.

Depois de escolhida a sinopse, a primeira preocupação de Silvio era se ?dar bem? com o autor. ?Não nos conhecíamos, mas nos entendemos muito bem, nos afinamos. Ele tem 33 anos e eu 62. Ele cresceu assistindo algumas novelas e a maioria era minha. Além disso temos referenciais parecidos porque viemos do cinema.?

A dupla escreveu os 24 primeiros capítulos e escalou o elenco. Diferentemente da antecessora, Kubanacan, de Carlos Lombardi, que é atual recordista em participações especiais – o protagonista Marcos Pasquim teve casos amorosos com mais de 50 mulheres -, o elenco de Da Cor do Pecado é enxuto: 24 atores. João Emanuel vai escalar outros profissionais à medida que precisar. ?Prefiro assim do que ser obrigado a encaixar. Não gosto também quando os personagens explicam demais o que estão fazendo. Estou mais habituado à agilidade narrativa, típica do cinema?, comenta o autor, que não escreve pensando em atores. ?Minha viagem, meu prazer está em elaborar personagens fictícios. O nascimento da coisa tem de ser em uma figura inexistente. Imagino o rosto de uma pessoa qualquer, de um ser humano, não de um ator específico.?”

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“Silvio De Abreu Ajuda A Descobrir Talentos”, copyright O Estado de S. Paulo, 25/01/04

“Silvio de Abreu começou no cinema e está voltando – seu grande sucesso foi Mulher Objeto, há 23 anos. A minissérie Boca do Lixo, escrita em 1989 e produzida somente um ano depois pela Globo, pode ser conhecida integralmente, sem cortes, em publicação da Panda Books antes mesmo do filme. O autor, que apimentou as cenas de sexo, diz que o longa será feito este ano. Após As Filhas da Mãe (2001), não escreveu mais novelas.

Supervisiona textos de novos talentos. Começou com Vereda Tropical (Carlos Lombardi, em 1984), Amor Está no Ar (Alcides Nogueira, em 1997) e Anjo Mau (Maria Adelaide Amaral, em 1997). Afirma que é preciso renovação no time, ?se não a novela vai acabar?.

Estado – Por que somente agora os negros ganharam mais espaço nos folhetins?

Silvio – Uma vez o Antônio Pitanga me perguntou por que eu nunca colocava uma família negra na novela. Respondi que não sabia como era o cotidiano deles. E ele disse: ?É exatamente igual ao de uma família branca.? O público sempre aceitou muito bem o negro, a gente é que não escalava… Quando fiz A Próxima Vítima coloquei uma família negra e o resultado da pesquisa de opinião do público foi excelente. Era a família mais querida e a personagem da Zezé Motta, mais aceita do que a de Suzana Vieira.

Estado – A novela vai abordar o racismo?

Silvio – Toda vez que tem negros em cena esse assunto tem de ser abordado?

Acho um saco falar de racismo. O problema dos protagonistas está relacionado à diferença social.

Estado – De onde vem o nome da novela?

Silvio – (canta) Esse corpo moreno, cheiroso e gostoso que você tem… é um corpo delgado da cor do pecado que faz tão bem… Vem da música. Mas o pecado do título tem mais a ver com a ambiciosa vilã do que com a mocinha negra.

Estado – Você tem um lado forte de comédia e o João Emanuel é mais drama. A junção é perfeita para uma trama das 7?

Silvio – Ele também tem um lado de comédia muito bom, mas que não exercitava. No início é comum ter receio, mas não é preciso ter medo. Eu não tenho medo de nada, não tenho medo do fracasso, nem de perder o emprego…

Estado – Qual o seu maior fracasso?

Silvio – (pausa) Minha primeira novela na Globo, Pecado Rasgado, em 1978. A direção não entendeu minha proposta de dar mais movimento às cenas. O que via na tela não era o que escrevia. Novela era dentro do cenário ou tinha passeio de mão dada em externa. Eu tirei a novela do sofá. Trouxe correria, gente pulando de prédio. Fui o primeiro a usar dublê (em 1981, em Jogo da Vida). O João Emanuel pensa assim, tem a agilidade do cinema, não escreve só os diálogos, descreve as cenas, as ações.

Estado – É preciso gente nova para propor inovações?

Silvio – Se não renovarmos, a novela sumirá. Morre mais autor do que aparece. Mas não dá para abrir escola e ficar no quadro-negro. Tem de pegar um por um e ensinar. Ensinar, não! Despertar o raciocínio do que é novela.

Eu faço isso.”

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“João Emanuel É A Nova Aposta Da Telinha”, copyright O Estado de S. Paulo, 25/01/04

“João Emanuel Carneiro, de 33 anos, é filho da crítica de arte Lélia Coelho Frota e do artista plástico Artur Carneiro, mas não se define como um intelectual. Abandonou a faculdade de Letras para inventar histórias. Aos 15 anos começou a escrever roteiros para quadrinhos, em parceria com Ziraldo.

Vendeu uma estatueta egípcia, relíquia da família, para produzir o primeiro curta, Zero a Zero, que em 1990 ganhou o Festival de Gramado. Firmou-se com Central do Brasil, Orfeu, Extraviado e O Primeiro Dia.

Estado – O que está achando de escrever uma novela?

João Emanuel – Novela é uma obra aberta e é exatamente isso o fascinante do formato. Gosto deste desafio de inventar ou reinventar uma história, de ter um filme dentro de cada capítulo. Mas, ao mesmo tempo, gosto de ter o controle da minha idéia.

Estado – Mas, se o público não estiver gostando, terá de mudar aspectos da trama…

João Emanuel – Tenho várias saídas pensadas em caso de rejeições. Mas, ainda assim, a trama está inteirinha na cabeça, inclusive os finais dos personagens.

Estado – Como está sendo essa parceria com o Silvio de Abreu?

João Emanuel – Nunca o tinha visto. Fomos nos conhecer por causa do trabalho. Ele é um grande artista. Tem visões da dramaturgia muito pessoais, não é acadêmico. Foi a melhor experiência de trabalho que tive na vida.

Estado – Por que gosta de escrever sobre os excluídos?

João Emanuel – A novela também tem essa temática. Acho que os escritores, de uma forma geral, não se aproximam das coisas de uma forma programada, é instintivo. Não escrevo sobre a classe média. Minha protagonista é humilde e negra. Para mim, a cena número um da novela é a do avô milionário com o neto mulato. Essa imagem não será a primeira cena da novela, mas foi o ponto de partida. A questão da família desmembrada, o filho longe do pai, me interessa.

Estado – Já se incomodou com comentários antes mesmo da estréia?

João Emanuel – Já senti cobrança, mas abstraio. Minha relação tem de ser com o público, não com a imprensa. Não quero ficar louco.

Estado – O que vem à cabeça quando o assunto é ibope?

João Emanuel – Acho importante a questão do ibope. É uma resposta ao trabalho. Em uma novela, o ibope é um dado relevante. Não se pode fazer novela sem pensar no público. No cinema é diferente. Acho difícil uma pessoa sem talento sobreviver na televisão. Não há tempo de dar o truque, entende?

Tudo é imediato.

Estado – Você assiste novela?

João Emanuel – Assistia quando adolescente. Gostei de Vale Tudo (Gilberto Braga), Guerra dos Sexos (Silvio de Abreu) e Roque Santeiro (Dias Gomes).

Tive uma formação elitizada. A TV nunca foi o universo da minha família. Eu gostava. Sempre tive um pé na cultura de massa.

Estado – Sua mãe vai assistir à novela?

João Emanuel – Sim, só porque é minha.”

 

TV EM FIGURINHAS

“História da TV contada em figurinhas”, copyright O Estado de S. Paulo, 25/01/04

“Hebe e o narrador esportivo Silvio Luiz ainda tinham cabelos negros como a asa da graúna. O autor Manoel Carlos e o diretor Nilton Travesso eram jovenzinhos produtores de TV. Silvio Santos tinha começado a vender o carnê do Baú e o banco da Praça é Nossa, na época Praça da Alegria, ainda era ocupado pelo Nóbrega pai. Imagens assim e outras tantas que marcaram a história da TV fazem parte do acervo de figurinhas do empresário Antônio Carlos Bonin, um colecionador de carteirinha.

Bonin, que coleciona figurinhas há quase 20 anos, possui mais de 5 mil álbuns, boa parte deles com imagens sobre o mundo da televisão. São relíquias como o álbum Ídolos da TV, lançado na década de 60, reunindo imagens do programa Jovem Guarda, de novelas da época e de apresentadores famosos. Na página batizada de Câmeras e Microfones, Hebe Camargo aparece garotinha ao lado de Cassiano Gabus Mendes (também jovem) e Ayrton Rodrigues. Dividem uma página Jô Soares, Arrelia, Pimentinha, Chico Anysio e Golias.

?Comecei colecionando moedas antigas e acabei fazendo uma troca por alguns álbuns de figurinha?, conta Bonin. ?Com o tempo, deixei as moedas de lado e passei a me dedicar só às figurinhas, me encantei com isso. É um tipo de coleção movida pela paixão, pois não há retorno financeiro, diferente de selos e moedas. Você só gasta. A recompensa vem ao ver um álbum completinho.?

Ao folhear a coleção – com cuidado, é claro, pois o dono fica como um cão de guarda ao lado delas – encontram-se figurinhas de novelas importantes como as da primeira versão de Irmãos Coragem, de O Semideus, de O Machão e de tramas mais recentes como Roque Santeiro. A TV era tão valorizada nesse universo de figurinhas que, nos álbuns dos anos 60 e 70, há espaço até para profissionais de bastidores e moças de merchandising, chamadas na época de anunciadoras. Em um dos álbuns, há páginas dedicadas a maquiadores, roteiristas – Max Nunes e Vianinha (criadores da Grande Família) aparecem nele – figurinistas, cinegrafistas e músicos da TV. Nesse último, há uma imagem do músico Caçulinha.

?Tenho álbuns que separam os artistas por década, por novela e outros com uma separação mais engraçada?, conta Bonin, mostrando um álbum com figurinhas de artistas divididas pelos títulos: Balzaquianas, Sereias, Brotinhos, Cheias de Curvas, Briguentos, entre outros. Nele, aparece a atriz Tônia Carrero – recordista de aparição nos álbuns de figurinha das décadas de 60 e 70 – só não seria apropriado dizer em que categoria.

Na coleção, além do universo da TV, há muitos álbuns sobre futebol, com craques de várias seleções, de várias décadas, do mundo inteiro. Tamanha diversidade fez com que a Globo procurasse o colecionador na época do programa Copas de Mel (2002), com Denise Fraga, para que ele mostrasse suas figurinhas da seleção brasileira.

Pouca cola – Além de álbuns de várias datas, o colecionador também possui diversos tipos de figurinhas: as que vinham em cigarros (lançadas em 1910, uma das primeiras), as que estavam em sabonete, as de balas e chicletes. Muitas dessas traziam até a biografia dos artistas na parte de trás. Depois, vieram as primeiras coladas com cola branca (que surgiram em 1930) e as autocolantes (mais modernas). Entre as mais antigas estão imagens em papel fotográfico, mais raras e caras, que dão um ar de álbum de fotografias à coleção. ?A história da figurinha pode ser contada pelo método com o qual elas eram colocadas nos álbuns. Primeiro elas não tinham cola, eram como cartões. Depois é que vieram as que colamos com cola branca e as autocolantes?, conta Bonin. ?Posso dizer que a cola Tenaz foi a ruína dos colecionadores, pois, com ela, uma vez colada torta, dificilmente tem conserto.?

Manter tudo isso e conseguir mais relíquias não é tarefa fácil. Bonin passa boa parte de seus finais de semana passeando por praças freqüentadas por colecionadores como a Benedito Calixto (Pinheiros) e feiras de antigüidade.

Na bolsa, figurinhas, álbuns repetidos para trocar e um pouco de dinheiro para novas aquisições. Na cabeça, boa memória, para se lembrar do que já tem e do que precisa para completar um álbum e muita paciência.?Uma figurinha custa em média 10 centavos, e um álbum, entre R$ 20 e R$ 30?, conta ele.

?Mas há álbuns raros que chegam a custar R$ 100.?

Separados por editoras e ano, os álbuns da coleção são cuidadosamente guardados em dois arquivos que Bonin possui em sua casa. Constantemente limpos e revisados, poucos álbuns aparentam a idade que têm. Não há figurinhas tortas, rasgadas ou mal coladas. Alguns poderiam passar por novos, se não fossem as imagens contidas neles: Chacrinha de bigode e sem fantasia, atores de Beto Rockefeller (1968) e da Família Trapo (Record, 1966/71). Imagens da TV que nem a própria TV tem. Raridades sobre um veículo que teve seu passado consumido pelo descaso, fitas regravadas e incêndios em quase todas as emissoras. Figurinhas que mostram que a história da TV sobrevive das lembranças de seus protagonistas e dos colecionadores de plantão.”