O REI DO GRAMPO
Alberto Dines
O nome do senador Antonio Carlos Magalhães, nos últimos
anos, esteve relacionado com a farta distribuição
material grampeado aos repórteres “investigativos” de Brasília.No
último episódio, em fevereiro de 2001, o vice-rei
doNordeste pisou na bola quando armou um pseudogrampo com a ajuda
da IstoÉ e do procurador Luiz Francisco, do Ministério
Público Federal.
Deveria fazer revelações arrasadoras mas tropeçou
em si mesmo: inadvertidamente, admitiu que conhecia os votos de
cada senador num decisão secreta. Evidenciou-se que mandou
violar o sistema informático do painel eletrônico do
Senado e, para escapar da cassação, teve que renunciar.
Agora, menos de uma semana depois de reempossado, o senador do PFL aparece envolvido em outro grampo. Ilegal, feito nos telefones do seu arquiinimigo Geddel Vieira (PMDB-BA) e o pior, com evidências de que recebeu cópias das transcrições das fitas da polícia do seu estado. Há fortes suspeitas de que políticos do PT baiano também tenham sido grampeados na mesma operação.
As impressões digitais do senador ACM estão em suas declarações à Folha de S.Paulo (sexta, dia 7/2). Pretendendo malícia, ao afirmar que desconhecia o grampo, sugeriu que o conteúdo das fitas fosse imediatamente investigado. Novamente traiu-se: era isso exatamente o que desejava. No dia seguinte, IstoÉ já circulava com os fac-símiles da transcrição com anotações do próprio punho do Rei do Grampo (edição com data de 12/02).
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