ESPÍRITO SANTO
Victor Gentilli
Já comentara na edição anterior [veja remissão abaixo] que a sociedade capixaba está desinformada sobre o que de fato se passa na política local.
É certo que os jornais se esforçam em buscar notícias, e seus repórteres são até agredidos. A equipe da TV Gazeta, que, no cumprimento do dever, identificou um grupo de 20 deputados (numa Assembléia de 30) trancados num hotel-fazenda ? todos desconfiados uns dos outros, mas armando a sucessão da mesa diretora ? chegou a ser agredida por funcionários do Aroso Hotel.
O problema é que, destes 20 deputados, cinco estão com prisão preventiva solicitada pelo Ministério Público há vários dias, acusados de formação de quadrilha, venda de votos e outros crimes.
No fim da tarde de sábado, menos de 10 horas após a solenidade de posse dos novos deputados, o juiz de plantão, Rubens José da Cruz, atendeu ao pedido dos procuradores e decidiu, diante dos novos fatos relatados, conceder liminar que impede que esses parlamentares compareçam à Assembléia e participem da eleição da nova mesa diretora.
Só então um jornal (apenas um, e com uma só versão) apresentou os nomes dos suplentes e informou que, conforme entendimento de um procurador, a eleição da mesa terá que ser feita apenas com 25 deputados ? conforme jurisprudência de casos ocorridos no passado no próprio Espírito Santo.
Mesmo assim, a situação dos parlamentares continua um mistério para a sociedade. Por enquanto, a decisão da Justiça apenas impede que esses deputados exerçam a função. O pedido de prisão preventiva pode ser julgado no mesmo dia 3, data da eleição da mesa diretora.
Tudo pode acontecer. Mas às 13h do dia 2 de fevereiro de 2003, a sociedade capixaba ainda sabia muito pouco sobre as alternativas jurídicas, políticas e legais do caso.
Um caso com desdobramentos e repercussões nacionais.
O governador Paulo Hartung contava até sábado [31/1]com 10 votos certos para o deputado petista Cláudio Vereza, que apoiava. Entre os outros 20, a desconfiança grassava.
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foram acionados e telefonaram, cada um mais de uma vez, para o senador do PL capixaba Magno Malta, que insistia em manter os deputados de seu partido no grupo de oposição que se articulava para manter os esquemas do crime organizado.
Para quem não se lembra, o senador Magno Malta é a mesma pessoa que, ainda como deputado, presidiu a CPI do Narcotráfico e fez campanha sobre a necessidade de combater o tráfico e o crime no Espírito Santo. [Texto concluído às 13h15 de 2/2/03]
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