Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Publicação dos EUA enfrenta êxodo de editores

Em época de crise no jornalismo, o mais comum é se ter notícias de funcionários de jornais demitidos por corte de custos. No entanto, na semana passada, ocorreu a situação inversa na redação do Santa Barbara News-Press, na Califórnia. Seis editores e um colunista pediram demissão do jornal, alegando que a proprietária e sua administração prejudicaram diversas vezes a cobertura jornalística, como informa Lisa Alcalay Klug [The New York Times, 10/7/06].

O diário foi fundado em 1855 e possui, atualmente, circulação de 41.000 cópias diárias. A proprietária, Wendy P. McCaw, é ex-mulher do magnata Craig McCaw, um dos pioneiros no desenvolvimento da telefonia celular. Wendy e o novo publisher, Travis K. Armstrong, não quiseram comentar o caso, mas a porta-voz da empresária informou que as demissões ocorreram por causa dos planos de aumentar a cobertura de notícias locais. O editor Jerry Roberts, um dos demissionários, refuta a alegação. Segundo ele, os empregados deixaram seus cargos ‘devido a motivos éticos’ sobre as políticas da proprietária, do co-publisher Arthur von Wiesenberger (que é noivo de Wendy) e de Armstrong, que também é o editor da seção de editoriais.

‘Há questões éticas que devem ser pensadas quando se mistura opinião e fato, páginas editoriais e de notícias. Mais de 100 jornais publicaram matérias sobre a nossa demissão, mas o News-Press não o fez. Em vez de noticiar este fato, publicou uma coluna de Travis Armstrong dando sua interpretação do caso’, afirma Roberts. ‘Para mim, isto prova que o jornal está misturando ‘maçãs com laranjas’ e, assim, não está prestando um bom serviço aos leitores, que esperam encontrar notícias na primeira página do jornal, em vez de opinião’. Segundo o editor, a tensão teve início em abril, com a saída do ex-publisher Joseph Cole.

Além de Roberts, pediram demissão os editores George Foulsham, Donald Murphy, Jane Hulse, Michael Todd e Gerry Spratt, e o colunista Barney Brantingham, que trabalhava na empresa desde 1960.