SP SOB ATAQUE
Os prejuízos causados pelo PCC, 17/07/06
‘O economista Marcel Solimeo é um dos mais experimentados na área de comércio no Brasil. Foi dele a declaração que sintetizou, na minha opinião, o que aconteceu na economia no dia em que uma facção criminosa fez parar 85% dos transportes em São Paulo: ‘Não tem pra quem vender e não tem quem venda’. O PCC cumpriu seu objetivo. A intenção da facção é, além de levar ao caos a segurança, produzir medo nas pessoas, provocar muito, muito prejuízo. Quando ataca agência de banco, comércio, ônibus, produz uma onda de violência capaz de devastar com qualquer ação da cidade em todos os sentidos, incluindo os econômicos.
A imprensa dá muito bem a questão dos arsenais, fala das ações policiais, dos aparatos de inteligência, mas não se dá conta do bastidor econômico. Até fala das coisas mais evidentes, mas não faz o exercício de mostrar quanto custa para o Brasil um dia de São Paulo parado. E a imagem da cidade que vive do turismo de negócios? Há um esforço muito grande para colocar São Paulo cada vez mais nessa rota e, agora, com a avalanche de notícias que são divulgadas lá fora, o destino acaba comprometido e se terá de começar do zero de novo, de mostrar que a cidade é viável, que tem bons restaurantes, boas casas noturnas e de shows, que tem passeios e tem segurança.
Nessa hora, aliás, cabe tudo, menos política. Mas o movimento do PCC certamente leva isso em conta também. Usando táticas de guerrilha, eles sabem que os ataques em amplo espectro, em várias frentes e em momento de disputa eleitoral é um prato cheio para se criar muita confusão. Se em meio a tudo isso tiver uma São Paulo Fashion Week, então, tanto melhor. Imaginem a situação da cidade lá fora com a presença de 1,5 mil jornalistas do exterior cobrindo o evento?
Mas voltemos à questão política. Como se já não bastassem os problemas, os nossos governantes e postulantes ficam a se digladiar como se tudo não passasse de jogo de empurra. Pois em nome dos paulistanos digo que a culpa é de todos. Um por não fazer repasses nem dar prioridade ao assunto segurança, como fez seu antecessor, o outro porque poderia ter agido de forma mais inteligente em vez de manter apenas atenção a um arsenal absolutamente impróprio para os tempos modernos, além de presídios que são verdadeiras pocilgas, incompatíveis com a palavra regeneração.
No Brasil, tudo só vira prioridade depois que a coisa ferve, que chega ao seu ápice. Está acontecendo com a segurança, daqui a pouco será a saúde ou a educação. A máquina da corrupção dá lugar a novos ricos, mas não permite consertar definitivamente certos problemas; a briga e o gosto pelo poder não faz aos governantes ver que não podemos ter vários modelos e gestões na educação, saúde e segurança, em todas as esferas do governo. Porque não se pode ter uma situação de centralização, com a área federal cuidando de toda a segurança, os Estados da educação e os municípios da saúde?
É só uma sugestão, que envolve abrir mão de um monte de coisa. Mas ninguém quer definitivamente fazer um esforço tão grande e que signifique abrir mão de alguma coisa. Me parece contudo tão claro que se apenas uma área administra determinada uma coisa, comprará produtos em vantagem, poderá formar um grupo gestor melhor, terá funcionários que poderão ser melhor distribuídos, poderão atender melhor e de maneira uniforme a população. Esse tipo de discussão também deveria estar nos jornais.
(*) Também assina uma coluna no site MegaBrasil, é diretor de Comunicação da DPZ e âncora da Bandnews. Ele passou pelo Estado de S. Paulo, onde ocupou cargos como o de chefe de Reportagem e editor da Economia, secretário de Redação, editor-executivo e editor-chefe, Folha de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.’
Carlos Chaparro
Semana de graves omissões, 14/07/06
‘O XIS DA QUESTÃO – Apesar da gravidade da crise que desabou sobre São Paulo, os governantes optaram por um silêncio tão intolerável quanto inexplicável. Silêncio que, no clamor das ruas, adquiriu o seguinte significado: o povo que se dane. O povo se danou, de verdade. E o jornalismo não se incomodou com isso nem cobrou compromissos públicos de quem tem o dever constitucional de garantir segurança aos cidadãos.
1. Silêncio ofensivo
Não sei se conseguirei, mas pretendo expressar em poucas palavras a indignação de que estou tomado, ante o temporal de violência que esta semana varreu São Paulo. Indignação e perplexidade, principalmente, com a atitude omissa das autoridades estaduais, que durante pelo menos dois dias se fecharam em criminoso mutismo, sem dar explicações à população assustada. O povo da maior cidade brasileira foi simplesmente abandonado à própria sorte, obrigado a se movimentar no caos urbano sem qualquer orientação que lhe amenizasse as incertezas e o sofrimento.
Em vez de dar as caras e as falas aos cidadãos, o governador do Estado e os seus comandados optaram por um silêncio tão intolerável quanto inexplicável. Silêncio que, traduzido na interdiscursividade social produzida no clamor das ruas, adquiriu o seguinte significado: o povo que se dane. Quando assim acontece, assiste-se a um afrontoso exercício de poder que nada tem a ver com democracia. E o povo se danou, de fato!
No terceiro dia de medo, num momento em que já não possível alongar protelações, alguns desses ‘poderosos’ senhores do silêncio resolveram, enfim, dizer alguma coisa à sociedade por meio da imprensa. Mas mais se empenharam em não dizer do que em dizer.
Se o que aconteceu esta semana em São Paulo tivesse ocorrido em qualquer país regido por direitos e deveres da ordem democrática, os governantes teriam que, logo nas primeiras horas, vir solenemente a público – para, com clareza e sem fugas retóricas, dar explicações, anunciar medidas e assumir compromissos. Aqui, porém, quem está no governo acha que democracia se pode fazer com silêncio e omissão, mesmo em situações de tamanha gravidade social e cívica.
2. Jornalismo sem lucidez
O comportamento da imprensa foi igualmente lamentável. Pelo menos no que li em jornais, e no que vi e ouvi nos meios eletrônicos, ninguém nas redações se incomodou com a fuga dos governantes ao dever de dar explicações à sociedade. Nem se cobraram compromissos públicos dos governantes, para garantir aos cidadãos a segurança e a ordem urbana a que têm direito.
Os jornais mais importantes da cidade limitaram-se ao jornalismo oportunista de reportar as ações e os efeitos da violência. A Folha desta sexta-feira, por exemplo, usa a sua primeira página para nos dizer que os ‘ataques deixam dois milhões a pé’. Ao focar o discurso jornalístico unicamente no sucesso das ações violentas, a Folha deixa-se pautar pela perspectiva que interessa à bandidagem. E esquece o que seria mais importante: o significado dos números como expressão do desastre governativo e de agressão à democracia.
É inadmissível que se dê em manchete uma notícia dessa magnitude e se aceite o silêncio dos governantes. Então não se cobra nada? Não se dá expressão discursiva ao clamor das vítimas? Não se relacionam os fatoaos danos cívicos causados?
O Estadão fez coisa pior, ao incentivar que a intriga eleitoral miúda dê tom ao noticiário. ‘Lembo: ‘Lula está desequilibrado’, grita o jornal, no alto da sua primeira página, também nesta sexta-feira. E isso, na mesma edição em que o principal editorial, burocraticamente dedicado à crise, tem a desfaçatez de recomendar que não se leve a gestão da crise para a disputa eleitoral.
Que proposta é essa de isolar as questões da violência e do crime organizado das discussões eleitorais? O que aconteceu em São Paulo é a síntese dramática de uma grave moléstia social e política que afeta a totalidade da Nação. Em São Paulo se escancarou uma dolorosa verdade que tem a ver com o voto de cada um de nós, sim senhor. E que terá de ser encarada seriamente nos embates eleitorais. O que não se pode é reduzir a questão à pequenez das frases espertas de candidatos que parecem mais preocupados com o jogo das picuinhas do que com a grandeza e a complexidade dos problemas.
Com a manchete fofoqueira, o próprio Estadão fez um lance mesquinho no jogo das picuinhas.
(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’
DIPLOMA EM DEBATE
Desse jeito a Fenaj enterra o diploma, 12/07/06
‘A obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício do jornalismo recebe, a meu ver, um golpe mortal com esse projeto que a Fenaj tão ardorosamente defende. Apresentado pelo obscuro deputado Pastor Amarildo (PSC-TO) e aprovado sem maiores discussões nas duas casas do Congresso, foi agora parar nas mãos do presidente da República, cuja assinatura (Lula tem de decidir até dia 28), entre outras medidas supostamente protetoras da profissão, proïbirá o médico Tostão de comentar futebol.
O que assusta mesmo é a total falta de bom senso entre os dirigentes da Fenaj. Como todos sabemos, a obrigatoriedade do diploma está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, por conta da decisão de uma juíza paulista de primeira instância, que a considerou inconstitucional.
Os absurdos de querer tirar de Tostão, Gérson e Casagrande o direito de falar ou escrever profissionalmente sobre futebol, e de comprar brigas desnecessárias com entidades de radialistas, arquivistas e RPs podem se transformar em argumento fatal contra os próprios objetivos da Fenaj.
Leia aqui matéria de O Globo.
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Nosso Estado explica até como ser prostituta
Nosso Ministério do Trabalho, nascido e até hoje mantido sob inspiração da Carta del Lavoro fascista, tem um carinho especial em explicar no seu Guia das Profissões como cada trabalhador deve se comportar. Um amigo me mandou a relação das ‘competências pessoais’ que o Ministério exige das prostitutas:
Competências pessoais
1 – Demonstrar capacidade de persuasão
2 – Demonstrar capacidade de expressão gestual
3 – Demonstrar capacidade de realizar fantasias eróticas
4 – Agir com honestidade
5 – Demonstrar paciência
6 – Planejar o futuro
7 – Prestar solidariedade aos companheiros
8 – Ouvir atentamente (saber ouvir)
9 – Demonstrar capacidade lúdica
10 – Respeitar o silêncio do cliente
11 – Demonstrar capacidade de comunicação em língua estrangeira
12 – Demonstrar ética profissional
13 – Manter sigilo profissional
14 – Respeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho
15 – Proporcionar prazer
16 – Cuidar da higiene pessoal
17 – Conquistar o cliente
18 – Demonstrar sensualidade
Para quem quiser conferir: http://www.mtecbo.gov.br/busca/competencias.asp?codigo=5198
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Dica em favor do Meio Ambiente
O que fazer com o óleo usado? Você sabe onde jogar o óleo das frituras em casa? Mesmo que não façamos muitas frituras, quando o fazemos, jogamos o óleo na pia ou por outro ralo, certo?
Este é um dos maiores erros que podemos cometer. Por que fazemos isto, perguntam vocês. Porque infelizmente ninguém nos diz como fazer, ou não nos informamos. Sendo assim, o melhor que tem a fazer é colocar os óleos utilizados numa daquelas garrafas de plástico (por exemplo, as garrafas pet de refrigerantes), fechá-las e colocá-las no lixo normal (ou seja, o orgânico).
UM LITRO DE ÓLEO, CONTAMINA CERCA DE 1 MILHÃO DE LITROS DE ÁGUA, o equivalente ao consumo de uma pessoa no período de 14 anos.
Obs.: Se VC optar por enviar para seus amigos, o meio ambiente ficará muito grato, afinal é para o bem de todos.
Recebi esta nota por e-mail e achei importante divulgá-la. Passe adiante também.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Ora, o glúten!, 13/07/06
‘Eles vêm com fome
uma fome sem nome
que tudo come
(Talis Andrade in Sertões de Dentro e de Fora)
Ora, o glúten!
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, tomava seu café da manhã com o jornal ao lado e os ouvidos a escutar os gritos de Lula, o qual exigia engajamento dos ministros na campanha política, quando pegou uma garrafa de água mineral e leu: ‘Não contém glúten’.
Foi então que nosso Mestre perdeu mais uma vez a paciência e escreveu esta, digamos, circular, à imprensa:
Sr. Redator: é algo bizarro encontrar a inscrição ‘Não contém glúten’ no rótulo de produtos alimentícios sabidamente isentos dessa substância, como o leite, o vinho e, pasme, a água mineral!
Não se trata de desarranjo mental dos fabricantes, mas sim de uma exigência da legislação brasileira, que substituiu a anterior determinação de identificação dos produtos COM glúten por outra que manda identificar todos os produtos, com ou sem glúten.
O curioso é que o pão vendido a varejo nas padarias, por não ter embalagem industrial, não recebe esse tratamento, embora contenha glúten, substância que, de repente, apresenta-se tão perigosa para os consumidores. Parece mais uma demonstração do subdesenvolvimento mental brasileiro.
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Chicotes & raquetes
Dizia a chamada de capa do Consultor Jurídico: Criminalidade não se resolve com um chicote na mão.
Antes mesmo de dar uma olhada na matéria, Janistraquis comentou:
‘Pois é, considerado; somente com um chicote, não dá mesmo…’
O colunista recordou imediatamente um comercial de TV no qual o dono da casa escutava ruídos na garagem e para lá se dirigia, armado de uma… raquete de tênis!!!
Na ocasião, meu secretário e eu achamos que, em vez de enfrentar os bandidos com ‘arma’ tão bizarra, teria sido mais prudente que o protagonista do comercial procurasse abrigo debaixo da cama.
Tudo isso, porém, são digressões; é melhor o considerado leitor dar uma olhada na entrevista do ministro Eros Grau, do STF. Ele é o autor da frase que o Consultor Jurídico transformou em chamada.
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Projeto da Fenaj
Janistraquis está convencido de que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) anda infiltrada de militantes do PFL, cuja missão é bombardear o projeto de reeleição presidencial:
‘Considerado, trata-se de grande sacanagem com o candidato-presidente, que vai ser obrigado a vetar esse projeto de ‘regulamentação da regulamentação’ da profissão de jornalista e cair em desgraça com a chamada, com perdão da palavra, categoria. Se não vetar, os jornais vão cair de pau em Sua Excelência.’
É mesmo. O projeto é mais uma besteira sesquipedal e meu secretário gostaria que os próceres da Fenaj publicassem alguns textos por aí afora, para a gente poder avaliar melhor o nível intelectual de cada um.
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Lição de vida
Palavras de Oscar Niemeyer, citado no site Vidanet:
‘Se a gente continuar com Lula, já satisfaz. Apesar de não ter a decisão que a gente esperava, ele é decente, honesto. Mas não adianta pensar em nada que acontece o contrário. É feito como o João Saldanha dizia: ‘A vida leva a gente para onde ela quer’.
Janistraquis ficou impressionado com a lucidez do veterano arquiteto:
‘Considerado, Niemeyer, aos quase cem anos de idade, e João Saldanha, que já morreu, nos dão uma espetacular lição de vida e democracia.’
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A voz do rádio
A melhor notícia da semana, pelo menos para este veterano colunista, chegou via Jornalistas & Cia., o indispensável boletim produzido por Edu Ribeiro e sua competente equipe: De volta ao rádio, Marco Antonio Gomes assume Jornalismo da Cultura FM e AM.
Marco Antonio é um jornalista/radialista histórico, de belíssima voz e caráter idem, que estava a fazer uma falta danada!!! Janistraquis ficou na maior felicidade, porém avisa:
‘Considerado, se o Marco Antonio voltou apenas para dirigir as emissoras, iniciarei imediatamente campanha de difamação ao melhor estilo petista; os ouvintes exigem aquela voz em todos os programas!’
O colunista assina embaixo.
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Paiva Netto
A Legião da Boa Vontade convida para o Jubileu de Ouro de Paiva Netto, festa marcada para este sábado, dia 15, no Ginásio da Portuguesa de Desportos. São 50 anos à frente de uma entidade dedicada aos milhões e milhões de brasileiros realmente necessitados. Daqui do meio do mato, Janistraquis e eu enviamos nosso abraço a este homem decente, cujo desempenho jamais se valeu dos favores oficiais.
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Guadalajara
Excelente ‘erramos’ da Folha:
(10.JUL, PÁG. E5) Diferentemente do que afirmou o infográfico ‘Copas’, na seção sobre as cidades com mais jogos, Guadalajara fica no México, e não no Uruguai.
Janistraquis, que já estava com a passagem da Varig para o Uruguai, a fim de recordar o melhor cenário do Brasil na Copa de 70, protestou:
‘Ah, considerado, assim não dá! Todo santo dia tudo neste mundo fica mais caro e mais distante!’
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Talis Andrade
Leia no Blogstraquis o poema intitulado O Desembarque dos Marines, cujo excerto é a epígrafe desta coluna.
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Terceiro lugar
O colunista ficou boquiaberto com este despropósito deveras esquisito, pois os alemães se esbaldaram numa festa para comemorar o terceiro lugar na Copa, enquanto os franceses choravam sobre o título de vice-campeão. O socorro veio de Janistraquis, veterano de tantas derrotas nesta vida.
‘Considerado, acontece que o terceiro lugar a gente conquista; é preciso vencer pra chegar lá, ao contrário do vice-campeonato, que nasce da derrota e, muitas vezes, derrota acompanhada de vexame, como a França mostrou ao mundo.’
É verdade. Então, viva o terceiro lugar!!!
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Débil mental
O considerado leitor Amílcar José de Almeida, do Rio de Janeiro, envia notinha colhida no Meio&Mensagem Online:
A Kaiser Family Foundation revelou estudo no qual constatou que 43% de crianças e bebês de menos de dois anos assistem à TV todos os dias. Além disso, 18% assistem vídeos e DVDs diariamente. Um total de 14% fica por duas ou mais horas, pelo menos, na frente do aparelho por dia e 22% ficam entre uma e duas horas.
O estudo também revelou que 19% dos bebês com menos de um ano têm TV em seus quartos e 29% das crianças entre dois e três anos possuem o aparelho em seus dormitórios. As informações foram divulgadas pelo jornal segmentado Ad Age.
A dar demonstrações de abatimento, o leitor concluiu:
Reside aí o motivo pelo qual a programação de nossas tevês é feita para débeis mentais.
Janistraquis discorda, ó Amílcar; afinal, bebê é bebê e débil mental é débil mental (aliás, para ser politicamente correto, ‘portador de necessidades especiais’). Todavia, se for assaltado (êpa!) por alguma dúvida, meu secretário sugere que você escreva para o senador Suplicy.
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Arqueologia
Chamada do telejornal Hoje, da Globo:
Achados doze sítios arqueológicos na Bahia
Sem esperar pela matéria, Janistraquis arriscou:
‘Considerado, um desses sítios arqueológicos deve ser o lugar onde vive o babalorixá ACM…’
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O que é subúrbio
Na coluna anterior o Mestre Roldão Simas Filho escreveu que a Tijuca não era subúrbio carioca e então nosso correspondente na Europa, Giulio Sanmartini, que mora em Belluno, Itália, mas passou anos e anos no Rio, toma a liberdade de discordar.
Confira no Blogstraquis as razões do Giulio.
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Nota dez
Eleito por maioria absoluta de votos o artigo assinado por Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa, intitulado JORNALISMO & POBREZA — O preconceito social na notícia. Dê uma olhada na abertura e confira a íntegra aqui.
Que o jornalismo impresso se dirige quase integralmente para a classe média, é uma realidade que extrapola a simples percepção e se torna explícita em todas as ações de comunicação, dos editoriais às campanhas de marketing de jornais e revistas. Explica-se parcialmente por questões de mercado. Não se justifica, porém, o fato de a imprensa continuar tratando a chamada base da pirâmide social como uma fatia apartada da sociedade, quase um peso a ser arrastado.
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Errei, sim!
‘ATLETA MINEIRO – O colunista Paulo César de Oliveira, do Estado de Minas, revela: ‘Vencedor da última edição da Corrida de São Silvestre, o atleta mineiro Ronaldo Cunha deseja que seu nome não caia no esquecimento’. Já caiu, se depender de Paulo César, pois o atleta se chama Ronaldo da Costa, conforme lembra o bom e vigilante mineiro Sérgio Carvalho de Andrade Pinto, que enviou recorte dessa coluna atacada por uma espécie de escoliose da informação.’ (março de 1995)’
JORNAL DA COPA
Imagens da TV decidem a Copa do Mundo, 10/07/06
‘A Copa do Mundo é o maior evento televisivo do planeta. Este ano, segundo a Fifa, mais de 40 bilhões de telespectadores assistiram aos 64 jogos da competição. São números impressionantes. Nada supera essa audiência. É bom lembrar que a Fifa tem mais países afiliados do que a própria ONU. E a partida final é a apoteose do futebol e da TV. Nenhum outro programa, evento artístico ou esportivo supera a audiência de uma final de Copa do Mundo.
Mas este ano, pela primeira vez na história, uma Copa do Mundo pode ter sido decidida pelas imagens da TV. Trata-se de um enorme precedente. O medíocre futebol de resultados em uma das piores Copas de todos os tempos não revelou estrelas ou grandes jogadas, mas pode ter sido decidido pelas novas tecnologias.
Juiz com replay
Querem um exemplo do novo poder da TV na Copa do Mundo? Segundo o técnico francês, Raymond Domenech, a culpa não foi do Zidane. Foi da tecnologia. Ele preferiu denunciar o quarto árbitro, o espanhol Medina Cantalejo, que após ter visto a agressão em um monitor de TV resolveu denunciar o incidente com uma outra novíssima tecnologia: o sistema de intercomunicação por rádio. O resultado nós já conhecemos. A expulsão do capitão francês foi definitiva para as ambições da equipe francesa. A TV pode ter influenciado de forma definitiva o resultado final da Copa da Alemanha.
‘Acabamos de inventar o vídeo assistente. O juiz e o assistente não tinham visto. Nunca existiu uma decisão assim’, denunciou o técnico francês.
O futebol pode estar mudando definitivamente. O poder das imagens de TV com mais de 30 câmeras espalhadas pelo estádio podem interferir no resultado dos jogos e no comportamento dos jogadores. É o Big Brother do Futebol. E, mais uma vez, as imagens de TV podem ter colaborado com a polêmica vitória italiana.
Imagens expulsam Frings
Para mim, o exemplo mais significativo do poder das imagens de TV para interferir nos resultados de jogos veio de um outro incidente. Após a partida contra a Argentina, o melhor jogador da Alemanha, o volante Frings, foi impedido de jogar contra a Itália porque uma emissora de TV a cabo da Itália, a SkyTV, conseguiu imagens exclusivas da agressão de Frings contra um jogador argentino nos conflitos ocorridos após a partida.
Naquela ocasião, nenhuma das 30 câmeras ‘oficiais’ da Fifa conseguiu captar imagens que comprometessem qualquer jogador durante o conflito. Mas, ‘providencialmente’, uma emissora de TV a cabo italiana, a Sky TV, não só conseguiu registrar com exclusividade a agressão de Frings contra o jogador argentino como fez questão de enviar uma cópia para os comissários da Fifa.
O resultado todos nós conhecemos. O volante alemão Frings foi suspenso e fez muita falta no jogo decisivo contra a Itália. A Alemanha enfrentou a Itália sem um dos seus principais jogadores graças ao poder das imagens de TV. As imagens de TV, mais uma vez, contribuíram para a Itália vencer a Copa.
As mesmas poderosas imagens de TV também denunciariam um pênalti inexistente marcado pelo juiz contra a Austrália nos 46 minutos do segundo tempo que tanto beneficiaram a trajetória do tetra italiano.
Os italianos sabem tudo de futebol. Mas sabem ainda mais sobre o poder das imagens de TV, como causar boas polêmicas no campo e como influenciar resultados de seus próprios campeonatos. No momento, além de comemorar o tetra, a Itália, mais uma vez, enfrenta um dos maiores escândalos de manipulação de jogos na história do seu futebol. Mas isso…é uma outra ‘história’.
Telão das vaidades
Mais um exemplo do novo poder da TV durante os jogos da Copa pode ser notado pela instalação de telões gigantes nos estádios. Os jogadores passaram a assistir seus close-ups ou suas jogadas maravilhosas em replay nesses telões. Um olho no jogo e outro no telão. Resta saber ou pesquisar o efeito dessa nova tecnologia na concentração e no comportamento dos jogadores, torcedores e juízes durante as partidas. Podemos abrindo uma caixa de Pandora com efeitos muito perigosos para o futuro do esporte.
Hoje nada escapa às câmeras de TV. Nem mesmo a vaidade ou os erros de nossas estrelas do futebol.
Arquivos na Internet
Novíssimas tecnologias como a Internet também marcam presença no futebol de resultados e denúncias. Vídeos de arquivos de difícil acesso, até então condenados ao esquecimento do público, revivem na rede em questões de minutos. Agora mesmo já circula na rede (ver aqui) um vídeo com um seleção das entradas mais ‘criminosas’ do tal zagueiro italiano Materazzi. Essas imagens do passado não justificam, mas talvez tentem explicar um dos maiores mistérios da história de todas as Copas: o que teria dito o zagueiro italiano Materazzi para o Zidane tomar uma atitude tão drástica? As imagens das câmeras de TV são incompletas e possivelmente, injustas. Elas denunciam a agressão do jogador francês, mas não revelam suas razões.
Não seria a hora da Fifa convocar a turma dos leitores labiais do Fantástico?
Roberto Carlos na TV
Outra oportunidade para avaliarmos o poder das imagens da TV para denunciar o comportamento dos jogadores durante a Copa fica por conta da atitude do zagueiro Roberto Carlos durante a jogada que resultaria no gol da eliminação, no gol de Thierry Henry. Agora, após a eliminação, os arquivos da emissora ‘excrusiva’ tentam demonstrar no Fantástico deste domingo que a mesma situação já teria acontecido em diversas outras ocasiões. Só que agora essa denúncia chega tarde demais. O tal jornalismo oportunista, o jornalismo de interesses comerciais não pode alterar o passado.
E a próxima Copa?
Após tantas decepções, agora estamos diante de novos desafios. Estamos em clima de eleições, em época de cobranças e mudanças. Porém algumas questões ainda devem ser investigadas e respondidas: como será a cobertura de uma TV digital brasileira na próxima Copa? Mais do mesmo? Ainda teremos que aceitar contratos nebulosos entre a CBF e a Globo que garantem exclusividade, monopólios, mesmices televisivas, festival de besteiras e cobertura medíocres que, em nome da audiência e de contratos milionários com patrocinadores, nos manipulam e nos induzem a falsos sonhos ou exigiremos mudanças? Assim como exigimos mudanças e renovação na nossa seleção, também devemos exigir mudanças e renovação no nosso modelo de TV. E também devemos estar atentos ao poder cada vez maior da televisão para influenciar os resultados das partidas de futebol.’
WEBJORNALISMO
Dez anos temperando o meio online, 11/7/2006
‘Após falar na semana retrasada sobre os dez anos de vida de uma revista virtual (Slate) e na semana passada sobre os dez da edição online de um jornal tradicional (The Washington Post), eis que chega a vez – e depois disso, basta, porque não agüento mais falar em aniversários (risos) – do The Onion, o clássico periódico que diariamente satiriza notícias em geral.
Criado nos Estados Unidos em 1988 com a tal proposta de ser um veículo satírico de notícias, o The Onion (A Cebola) teve sua edição online lançada em 1996. Agora, com dez anos de vida, o site afirma contabilizar cerca de três milhões de leitores. Porém, mais que os números, o diário conseguiu levar para o meio online, com sucesso, um formato de crítica, uma linguagem semelhante a do Agamenon, no jornal O Globo, ou a do José Simão, no programa Buemba! Buemba! na Bandnews FM e na Folha.
O que poderia ser meramente uma brincadeira, quando bem feita, pode contribuir para o desenvolvimento do senso crítico, talvez despertar o interesse de leitores para assuntos que não costumariam ler. Para o jornalista Guilherme Simões Reis, que já publicou na Internet uma coluna no estilo do Onion, o humor, quando bem utilizado, tem muito a acrescentar:
– Quando se trata de humor pelo humor, pode ser uma válvula de escape, como assistir a uma telenovela, mas não serve para desenvolver senso crítico. Por outro lado, quando se usa para ajudar um conteúdo a atingir o leitor ou o espectador, é perfeito. É comum, nos mais diferentes meios, que pessoas com conteúdo para passar não tenham a capacidade de torná-lo inteligível ou interessante para o público. Ser incompreendido não é sinal de erudição ou senso crítico. O humor pode ser uma ferramenta extremamente eficaz para passar mensagens para pessoas pouco dispostas a gastar seu tempo com questões relevantes – acredita o jornalista.
Por isso o Onion conseguiu conquistar um bom espaço. Como costumam dizer por aí, fazer humor é coisa séria. Não é ridicularizar situações e pessoas. No caso das crônicas, é fazer uma crítica inteligência e, principalmente, com informação. Para Reis, criticar é ser imparcial, é não manipular:
– Acho que essa abordagem só desinforma se for utilizada a serviço da promoção do caos alienante, da ‘metralhadora giratória’, sem uma preocupação de diferenciar o que deve ser condenado do que tem méritos. Também desinforma, obviamente, se estiver a serviço de manipulação do público, com o apoio de uma deturpação da informação. Acho que mais importante do que premiar quem tem sacações rápidas é atingir com inteligência também quem não tem – diz.
Aliás, quando falei que o Onion migrou com sucesso para o meio online, me veio instantaneamente à cabeça que a Web e o atual papel do leitor têm tudo a ver com a proposta do diário temperado. Atire a primeira pedra quem é acostumado a ler weblogs e nunca esbarrou com um post que tenha feito uma crítica humorada e informativa. A Blogosfera está recheada desse tipo de linguagem. A Web como palco para a exposição do raciocínio se mostra uma verdadeira plantação de cebolas, uma horta de pensamentos muitas vezes sensatos e que nos fazem refletir sobre o mundo que nos é mostrado pelas agências de notícias. Segundo Reis, é esse lado informal e leve da Web que atrai o leitor:
– É um meio que viabiliza a difusão de conteúdos extremamente segmentados, e há um público sedento de humor inteligente e franco. Além disso, é fato que a Internet é útil por tornar disponíveis para pessoas geograficamente muito distantes conteúdos extremamente complexos e eruditos, mas, em linhas gerais, é o seu lado mais informal e leve que atrai o leitor médio. Textos com diagramações alegres e linguagem direta parecem agradar mais aqueles que lêem na tela do computador. Por isso, esse tipo de veículos e colunas se encaixa muito bem – comenta o jornalista.
Como parte das comemorações pelos seus dez anos de vida, o Onion colocou logo na página principal uma linha do tempo com as principais histórias publicadas no site durante a década. Pra quem tem alguma dúvida do sucesso do site nos Estados Unidos, ele está ganhando uma versão para as telonas, o ‘The Untitled Onion Movie’, que satirizará eventos de grande porte e curiosidades sobre o comportamento humano.
Parabéns ao Onion! Pelo aniversário e pela aposta! Até a próxima.
(*) Trabalha com conteúdo online desde 1996 e já passou por empresas de renome na Internet. Foi editor do AQUI!, extinta revista virtual do Cadê?, editor do canal Digital do portal StarMedia e coordenador de operações do Prêmio iBest. Realizou seminários e ministrou diversas palestras sobre jornalismo digital. Em fevereiro de 2000, criou o site Jornalistas da Web(JW), primeira publicação virtual brasileira sobre jornalismo online e cibercultura. Em 2005, criou e implantou a Biblioteca de Comunicação Digital e Cibercultura (BCCD) no campus 3 das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA, no Rio de Janeiro. Atualmente, Cavalcanti é pesquisador de mídias digitais e editor de conteúdo do JW.’
RPs vs. JORNALISTAS
Por uma função (re)partida, 12/07/06
‘Há quase duas décadas e meia acompanho, de perto, a luta travada entre jornalistas e relações públicas na defesa do que ambos consideram justos para as respectivas categorias profissionais. A luta ganha contornos de briga de rua quando a discussão se refere às funções específicas de assessor de imprensa ou de comunicador com responsabilidades sobre as publicações empresariais.
Pouca coisa nessas duas atividades mudou tão pouco nesse período quanto essa guerra surda travada corporativamente por essas duas categorias.
Entra ano, sai ano, e estamos nós novamente assistindo a manifestações de beligerância entre elas, sem um resultado prático, pragmático, sereno, justo e duradouro. E por que isso acontece? A meu ver, porque em casa onde falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão. É uma guerra que não terá vencedores, porque essas atividades, sobretudo assessoria de imprensa, não pode e nem deve ser reserva de mercado de ninguém.
Não faz sentido proibir pessoas formadas em qualquer uma dessas áreas – e também em outras – de atuar no segmento de assessoria de imprensa. Isso não é razoável, nem bom para o próprio mercado. Aliás, o mercado ignora essa briga e quer distância dessas querelas. Para as empresas, vale a competência, a dedicação, a oportunidade de ter bons quadros etc e muitas nem olham a cor do diploma na hora de contratar alguém.
Tenho visto, ao longo desses anos, excelentes assessores de imprensa formados em jornalismo e também excelentes assessores de imprensa formados em relações públicas. E outros, por vezes até melhores, formado em publicidade, em marketing, em administração e até sem curso universitário. E também vi péssimos profissionais, formados nas duas atividades, fazendo lambanças que só contribuíram para reforçar preconceitos retrógrados contra a atividade.
Não será, portanto, o diploma do profissional que vai garantir que ele será melhor ou pior assessor do que o outro. Digo mais: há, no universo corporativo e empresarial (aí incluídas as empresas privadas e públicas, ONGs, Serviço Público etc.), trabalhos que se encaixam em ambos os perfis: tem aquela assessoria que requer um trabalho mais forte de planejamento e relacionamento, duas atividades típicas de quem abraçou as relações públicas como profissão; e tem também aquela que requer um trabalho mais sério e depurado de construção de imagem baseado no uso intensivo de informação e conteúdo, perfil que dificilmente será ostentado por alguém que não seja jornalista.
O assunto voltou à baila nas últimas semanas, razão de ser deste artigo.
A Fenaj comemorou – e muito – a aprovação pelo Senado, no último dia 4 de julho, do Projeto de Lei Complementar (PLC) 79/04, que atualiza a regulamentação profissional dos Jornalistas, fixada pelo Decreto-Lei 972, de 1969. E aguarda, agora, a sanção presidencial. Nesta nova atualização, funções anteriormente ignoradas ou não definidas claramente como privativas de jornalistas diplomados passarão a ser, entre elas a de assessor de imprensa.
Se de um lado os jornalistas vibraram, de outro, os RPs ficaram furiosos por acreditar que estão sendo passados para trás. E se o entendimento for de que essa deva efetivamente ser uma briga corporativa, eles estão cobertos de razão, uma vez que a legislação que garante a eles a atividade de assessoria de imprensa é anterior a dos jornalistas. Foi instituída pela Lei 5.377, de 11/12/1967, e complementada pelo Decreto 63.283, de 26/9/68 e pelo Decreto-Lei 860, de 11/9/69 (a regulamentação da profissão de Jornalista foi instituída pelo Decreto-Lei 972, de 17/10/69, alterada pela Lei 6.612, de 7/12/1978, e pelo Decreto 83.284, de 13/3/1979).
Em última instância, há entre os RPs a clara sensação de que lhes puxaram solenemente o tapete. O detalhe é que eles não estão só nesta cruzada. Ao lado deles, estão, por exemplo, os patrões da mídia que sempre se mostraram visceralmente contrários à regulamentação da atividade profissional de jornalista, sobretudo em relação à obrigatoriedade do diploma de curso superior para o exercício profissional. O jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, não perdeu tempo: publicou neste início de semana um editorial falando cobras e lagartos desse Projeto de Lei Complementar, apontando-o como um ‘Um novo golpe da Fenaj’. Agora que não se iludam os RPs nesse particular, porque se os donos de jornais são contra a regulamentação para os jornalistas, também o são, ao menos em tese, em relação à regulamentação de profissões afins.
Acho interessante e importante abrir aqui para os leitores do Comunique-se um pouco dos bastidores dessa briga.
Dentro do segmento de relações públicas há uma corrente liberal que defende uma radical desregulamentação do setor, por entender que a atividade pode e deve ser aberta, como em outros países, a profissionais com outras formações. Essa corrente propugna, e aqui vou simplificar, até por não ser um profundo conhecedor da área, que as relações públicas se abram desde que isso se faça de forma organizada e com garantias de que a atividade não venha a sofrer algum tipo de prejuízo. O ingresso de outros profissionais poderia se dar via complementação de estudos (um curso de pós-graduação, por exemplo), ou por força de um exame feito pelos respectivos Conselhos para comprovar o conhecimento dos eventuais candidatos em relação à atividade, como se faz, por exemplo, na OAB.
Curiosamente, bons e respeitados quadros dessa corrente estão hoje no poder no Sistema Conferp/Conrerp (os conselhos federal e regionais responsáveis pela fiscalização da atividade de Relações Públicas em todo o País) e em várias conversas reservadas que tive com alguns deles constatei o interesse e mesmo o empenho em trabalharem nesta direção. A iniciativa foi por água abaixo quando esses profissionais deram-se conta de que enquanto os RPs mostravam-se dispostos a trabalhar efetivamente pela desregulamentação, os jornalistas, via Fenaj, passaram a atuar no sentido inverso, ou seja, de regulamentar ainda mais a atividade jornalística. E, o que era pior, invadindo nitidamente a seara deles. Cessou ali o diálogo e a disposição de avançar no caminho da desregulamentação e, ao contrário, se fez um movimento inverso, num retrocesso infeliz para todo mundo (penso eu).
De longe, um dos maiores empregadores desses dois grupos de profissionais, as agências de comunicação, não mostram a mínima disposição em tomar partido de quem quer que seja e, ao contrário, tendem a defender a liberdade de escolha. E o devem fazer com base na atual realidade do setor, que emprega maciçamente jornalistas e relações públicas e não tem queixas nem de um nem de outro, muito pelo contrário. As agências não concordam e mostram-se revoltadas ao se verem obrigadas a vestir uma camisa de força, seja em decorrência de legislações restritivas e punitivas tanto dos jornalistas quanto dos RPs. Essas legislações, dizem lideranças do setor, ao invés de aproximar as empresas das entidades de classe que representam essas duas forças, criam um clima de enfrentamento e provocam um distanciamento que dificilmente será revertido no curto prazo. Estão aí multas aplicadas, por exemplo, pelos Conrerps em empresas de grande tradição na área de assessoria, por não terem um RP empregado.
Espero, sinceramente, estar redondamente enganado, mas não tenho, hoje, ilusões de que possamos retomar o diálogo e avançar na desregulamentação no curto prazo. Penso, aliás, que dificilmente vamos mudar esse estado de coisas nos próximos 20 ou 30 anos.
O ressentimento corporativo entre essas duas forças é muito grande e está impregnado no DNA de ambas. E isso fica muito claro nos encontros sindicais que tanto jornalistas quanto RPs têm organizado ao longo dos últimos anos.
Enquanto isso, o mercado dá o seu jeito e, dentro do possível, ignora as brigas e tenta apontar caminhos. Em algum momento há de surgir uma luz que coloque frente a frente ideais comuns de compartilhamento, entre as duas categorias. Se isso ocorrer, vamos todos ganhar: os RPs, os jornalistas, o mercado e a sociedade que, em última análise, é a maior beneficiária de um trabalho sério de Comunicação.
Falo tudo isso com a tranquilidade de quem participou ativamente das primeiras reuniões de entedimento entre Fenaj e Conferp, em meados dos anos 80, quando o presidente da Fenaj era Audálio Dantas, e a do Conferp, Vera Giangrande. Naquele tempo, chegamos a um entendimento, que o tempo, depois, fez letra morta. Mais de 20 anos depois, voltamos à estaca zero.
Particularmente, compartilho da opinião de centenas (talvez milhares) de profissionais que entendem que assessoria de imprensa não é uma atividade jornalística, e, portanto, não pode ser entendida como uma função jornalística. Ela é sim uma atividade que se vale, e muito, das ferramentas do jornalismo para ser bem feita, assim como também se vale das essenciais ferramentas dos relações públicas dentro do contexto em que é realizada. Por isso é que essa área de atuação vem se transformando num crescente mercado para as duas categorias ao longo de todos esses anos, independentemente de regulamentação. Não sei, a propósito, em que a regulamentação ajudará uns e outros. O mercado se fez forte sem ela, não há porque ser diferente. Estabelecer reserva para uma ou outra categoria a essa altura do campeonato é um atraso. Vai, ao contrário, jogar mais lenha na fogueira do desentendimento.
O que fazer agora? Difícil saber. Mas não consigo imaginar a Fenaj e respectivos sindicatos dos jornalistas partirem para cima das organizações que empreguem relações públicas na função de assessor de imprensa, pedindo cabeças. Assim como não vejo sentido algum em ver os Conselhos Regionais de Profissionais de Relações Públicas continuarem a multar empresas legitimamente estabelecidas e que ganham honestamente o seu pão, por não cumprirem uma legislação que, todos sabemos, está ultrapassada e não combina com a modernidade que se se deseja para o Brasil.
Enfim, está feito meu desabafo e a sugestão de que essas duas categorias voltem a sentar numa mesa de negociação para encontrar uma solução boa para todos. O mercado é grande e generoso e terá capacidade para abrigar as duas estirpes de profissionais. Sem medo de ser feliz.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
Comunique-se
Fenaj emite nova nota sobre projeto de lei, 17/07/06
‘A Federação Nacional de Jornalistas emitiu nova nota sobre a reação de jornais ao projeto de lei que amplia as funções jornalísticas, de autoria da própria Fenaj. O Estado de São Paulo já reagiu em editorial à primeira nota. Desta vez, a entidade acusa O Globo de participar do que ela chama de ‘ofensiva patronal’ e afirma que apesar de o diário ter feito entrevista com o presidente da Federação, Sérgio Murillo, nenhuma linha foi publicada.
O Comunique-se enviou e-mail ao diretor de redação de O Globo, Rodolfo Fernandes, oferecendo espaço para que ele possa responder ao texto.
Leia a nova nota da Fenaj na íntegra:
Golpe contra os jornalistas 2
Objetivo dos patrões é impedir a regulamentação da profissão
Após reação contundente ao ataque do jornal o Estado de São Paulo à FENAJ pela aprovação, na Câmara dos Deputados e Senado, do Projeto de Lei Complementar (PLC) 079/2004, a Federação voltou a ser alvo de novos ataques e deturpações pelo jornal O Globo. O veículo desinforma a população, apresentando que o projeto – que atualiza as funções privativas dos jornalistas – fere a liberdade de expressão. A entidade sustenta que o objetivo patronal é inviabilizar a regulamentação profissional dos jornalistas.
O PLC 079/2004 estabelece que para exercer o Jornalismo a pessoa tem que estar qualificada, com curso superior específico, o que evita o exercício da profissão por quem não está habilitado e garante o direito da sociedade à informação de qualidade. Deturpando os fatos, porém, o jornal O Estado de São Paulo iniciou a ofensiva patronal contra os jornalistas e suas organizações, acusando a Federação de aplicar um golpe. Em nota oficial emitida no dia 12 de julho, a entidade reagiu. ‘Adeptos de golpes são o Estadão e outros veículos de comunicação de massa do País. Eles, sim, apoiaram a ditadura militar, desde o primeiro instante do golpe ocorrido em 1964, e continuam a apoiar, cotidianamente, os mais diversos golpes que a elite brasileira desfere contra o povo’, disparou o documento.
No combate à valorização e regulamentação da profissão dos jornalistas, a ofensiva patronal ganhou novos contornos no jornal O Globo de 12/07, que ‘alertando’ para os riscos à ‘liberdade de expressão’ caso a regulamentação dos jornalistas seja mudada, ouviu os presidentes do Conselho Nacional de Arquivos, do Conselho de RPs e da ANJ. O repórter entrevistou longamente o Presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade. Mas nenhuma linha foi publicada. ‘Essa é a democracia das empresas. É um belo exemplo de anti-jornalismo, de manipulação de informação e hipocrisia patronal’, protestou Murillo, lembrando que, na edição de 13/07, o periódico da família Marinho fez campanha pela quebra do regimento do Senado estimulando um ‘jeitinho’ para a matéria não seguir para sanção presidencial.’
VIDA DE JORNALISTA
Repórter leva choque e cai de costas. No ar., 14/07/06
‘A tempestade havia derrubado um helicóptero em que viajava Ulysses. Ali perto, uma árvore caída no meio da estrada era perfeita para transmitir ao telespectador a noção da força das chuvas naquele período. O repórter desceu do carro e começou a gravação em plano-seqüência. Só percebeu que havia levado um choque quando já estava no chão. Segundos depois, tentava se levantar e, ainda grogue, ouviu a bronca.
– Pelo amor de Deus! Você está louco? Quer matar a gente?
Era o cinegrafista, assustado com o repórter Gérson de Souza, que havia encostado a mão em uma árvore apoiada em fios de alta tensão.
Cena ideal
A imagem é curiosa. Saíam faíscas elétricas dos fios que seguravam acidentalmente a árvore. Dias antes, em 12 de outubro de 1992, a chuva naquela região derrubara um helicóptero no mar. No acidente, morreram os políticos Ulysses Guimarães e Severo Gomes e suas esposas.
O carro do SBT estava na estrada de acesso ao condomínio Laranjeiras, onde ficava a base do SBT, entre Trindade e Parati (RJ). Gérson de Souza viu na árvore uma boa imagem, ideal para ilustrar a reportagem que iria ao ar no telejornal Aqui Agora, do SBT. Chovia bastante. Um morador da região acompanhava a reportagem. Era um guia local honorário. O jornalista empunhou o microfone.
Falando com a mão
Começou a gravação explicando que o tempo estava ruim, que uma árvore caíra, que o corpo de Ulysses não fora achado. Caminhou lentamente até a árvore e, bem no estilo do Aqui Agora, perguntou a alguém por trás das câmeras (no caso, o morador)
– Qual a pronúncia correta dessa árvore? É ‘embaúba’ ou ‘ambaúba’?
Antes de ouvir a resposta, encostou na árvore. O choque lançou o jornalista e o cinegrafista para o alto. Ambos caíram de costas e não morreram por sorte. ‘Minha avó costumava dizer que o caipira vê com a mão. Tem de encostar nas coisas para vê-las’. Gérson de Souza nasceu, cresceu e começou a carreira na aconchegante cidade de Bauru, no interior de São Paulo.
– Pelo amor de Deus! Você está louco? Quer matar a gente? – desabafou, assustado, o cinegrafista Tarcísio Lopes.
– Você está bem, Tarcísio?
– Estou bem. Mas você quer me matar? Ficou maluco, Gérson?
– Está tudo bem. A câmera está funcionando?
Choque
Na reportagem que foi ao ar, o choque foi exibido. A câmera continuou funcionando, a bateria estragou. Depois, homens da Cerj (Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro) chegaram ao local. Gerson quis tirar a dúvida.
– Se alguém encostar nessa árvore, o que acontece?
– Pode morrer na hora.
– Então, dei sorte. Porque eu coloquei a mão e estou aqui, vivo.
Normalmente, a árvore não conduziria a corrente elétrica. Qualquer um poderia encostar a mão sem levar choque, se estivesse seca. Acontece que estava molhada e a umidade conduziu a corrente. Felizmente, ao encostar a mão, Gérson foi arremessado para longe. Poderia ter ficado grudado e, nesse caso, morreria na hora. ‘Na verdade, eu dei uma bobeira. Foi um erro grotesco. Fui trouxa mesmo (risos)’.
Bateria nova
Tarcísio trocou a bateria e a câmera continuou funcionando. A alça trincou, mas a lente estava intacta. Horas depois, na ilha de edição, a equipe toda parou para ver, frame a frame, as imagens. ‘Vimos que meu pé passou em frente à câmera. Eu voei mesmo, a ponto de meu pé subir à frente da câmera’.
O material fora gravado desde as 4 horas da manhã. Mas quase nada do que estava gravado foi aproveitado. O choque roubou a cena. Virou assunto entre os colegas por várias semanas. ‘As pessoas tiravam o sarro: ‘ei, caipira, colocou a mão, hein!’.
* * * * *
Nota do colunista: hoje, Gérson de Souza atua no Repórter Record. Semana passada, contei nesta coluna uma outra história sua, também nos tempos de Aqui Agora. Para ler a coluna passada, clique aqui.
(*) Cassio Politi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como videorrepórter de matérias de Cidades e Especiais no Uol News, comandado por Paulo Henrique Amorim até 2004. Trabalha com Internet desde 1997. Esteve em projetos pioneiros em jornalismo na Web, como sites da Zip.Net. Ministra cursos de extensão há cinco anos e deu aulas em 24 estados brasileiros para quase 2 mil jornalistas e estudantes de Jornalismo. Atualmente, tem suas atenções voltadas para a área de Marketing. Ocupa o cargo de Diretor da Escola de Comunicação, a unidade de cursos e seminários do Comunique-se.’
José Paulo Lanyi
O tropeço de Fernando Vannucci, 13/07/06
‘Parece pegadinha de Internet. Mas aconteceu e você viu. O apresentador Fernando Vannucci apresentou o seu ‘Bola na Rede’, da Rede TV!, sob efeito de alguma substância química. Bebida, especulam alguns. Remédio, diz a assessoria de Imprensa da emissora.
Por mim, pouco importa se ele errou na dose ou na substância. Deve ser tratado com compreensão. Merece ser criticado e até punido, por culpa (remédio) ou dolo (álcool), como foi o Zidane, expulso pelo que fez na final contra a Itália. Mas fritá-lo em fogo baixo é mesquinho. Não há razão para condená-lo ao ostracismo.
Não o conheço. Parece-me competente (apesar daqueles bordões insuportáveis, como ‘Alô, você!’) e arrogante. Não é o único. A televisão está cheia de gente assim.
Tempos atrás, perdeu terreno na Globo por ter sido flagrado engolindo um biscoito. Alçaram o biscoito à condição de um psicotrópico qualquer. As coisas mudam e devem mudar. Esta semana o Jô Soares serviu duas doses de cachaça ao cantor Leonardo. Ninguém se escandalizou. Apresentadores de programas jornalísticos não podem comer um biscoitinho. Devem ser assépticos, robóticos, antinaturais.
O formato predominante do nosso telejornalismo é dos mais tediosos. Sou a favor de biscoito no estúdio. E de álcool, desde que ninguém se embriague.
Em um dos nossos programas da allTV já servimos bebida. Três vezes, em um total de cerca de 150. Vinho no programa de aniversário, o Mino Carta como convidado. Cachaça trazida da Bahia pelo convidado Pedro Diedrichs. Provamos e aprovamos. E um coquetel em um programa com os escritores Mariella Augusta e Fernando Mariz Masagão. Clima literário, com fumaça de cigarro. Em todos os casos, havia ‘gancho’. Sem abusos, nem exageros. O público achou normal. A única reação foi de uma colega da casa, inimiga declarada deste colunista, que quis aproveitar para ‘causar polêmica’. Recebemos, contudo, o apoio da direção da emissora.
O Vannucci foi mal. Não conseguia articular as palavras, que saíram, vamos dizer, coloridas… Deve estar envergonhado, no mínimo triste ou arrependido. Faltou cuidado, talvez profissionalismo. Entrevistado, disse estar passando por uma crise familiar.
Precisa erguer a cabeça e, para evitar constrangimentos, ser, ao menos, prudente. Quanto a nós, cultivemos a empatia. Uma voz embargada no estúdio não vai melhorar nem piorar o mundo. Divertir, talvez. O que não é tão ruim assim…
(*) Jornalista, escritor, dramaturgo, ator, é autor de quatro livros, um deles com a peça ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog). No jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre outros. Tem no currículo três prêmios em equipe: Esso e Ibest (2). Nascido em Brasília, filho de um oficial do Exército e de uma artista plástica, é paulistano de coração e torcedor de um clube do Rio de Janeiro: o Vasco da Gama – time que escolheu aos sete anos, quando morava no Rio Grande do Sul.’
JB
EM BERLINERComunique-se
JB também berliner para assinantes, 14/7/2006
‘Depois de 90 dias trabalhando com dois formatos, a partir deste domingo (16/07), todos os assinantes do Jornal do Brasil receberão a publicação em formato berliner. Segundo o diretor de conteúdo e convergência de mídia do jornal, Amauri Mello, a decisão foi tomada pelos próprios assinantes. ‘Quando mudamos a edição das bancas, demos a opção para os assinantes trocarem também. Tivemos uma aceitação total do formato berliner’.
O formato berliner (47 cm por 31,5 cm) é menor que o jornal convencional e maior que o tablóide. ‘Crescemos 17% desde a mudança e esta semana até passamos O Globo em vendas’, diz Mello.
O diretor contou que novas mudanças acontecerão no JB no próximo dia 23/07 e adiantou a criação de novos cadernos. ‘Mas, infelizmente, não posso falar mais nada para não dar munição à concorrência’.’
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