Uma mudança na fórmula do serviço de busca do Google está criando alvoroço na internet. Em vigor desde terça-feira [21/4], ela prevê que sites compatíveis com as telas reduzidas dos dispositivos móveis tenham preferência nos resultados das buscas feitas a partir desses aparelhos.
Isso significa que, quando você procurar por um restaurante japonês no seu celular, é bem possível que a primeira indicação não seja o estabelecimento mais perto da sua casa ou do seu trabalho. Se o restaurante não tiver um site feito para dispositivos móveis com menus adaptados à tela sensível ao toque, letras maiores e outras características ele ficará bem longe das primeiras posições da pesquisa.
E como só uma em cada seis pessoas passa da primeira página dos resultados apresentados pelo Google, perder posições pode significar o sumiço de uma empresa no mundo virtual. Alguns especialistas estão chamando a mudança de “mobilegeddon”, ou “googlegeddon”, uma referência ao possível armagedon que será causado por ela, principalmente para as empresas de menor porte.
Mas não são apenas as companhias pequenas que terão problemas com a novidade. Um levantamento feito pelo Valor indica que dos sites das 50 maiores companhias do país listadas no Valor 1000, mais da metade (54%) não tem uma versão para celulares. Mesmo entre os que são compatíveis, muitos apresentam problemas para exibição do conteúdo. A expectativa é que haja uma grande demanda por projetos de adaptação das páginas, principalmente nos próximos três ou quatro meses, segundo especialistas. “A boa notícia para os publicadores é que o site não precisa ser caro ou demorado: pode ser tão simples como ajustar as configurações ou escolher um novo desenho de que você gosta”, escreveu Cody Kwok, engenheiro de software do Google no blog oficial da companhia.
Mais investimento
As atualizações do sistema de busca do Google são constantes. As novidades têm o objetivo de melhorar a relevância dos resultados apresentados levando em consideração novas demandas dos usuários e a própria realidade dos negócios da companhia.
Os dispositivos móveis, mais notadamente os smartphones, são hoje as principais ferramentas de acesso à internet ao redor do mundo, o que mudou alguns hábitos de navegação. Nos Estados Unidos, mais da metade das pesquisas feitas no Google são originadas de dispositivos móveis. No Brasil, o número é de 30% e a expectativa é que ele chegue a 50% até o fim do ano, diz Léo Xavier, presidente da Pontomobi, especializada em sistemas móveis.
Para o Google, que tem boa parte de sua receita originada na venda de publicidade em seu serviço de busca (os chamados links patrocinados), é preciso adaptar o modelo de negócios e também o ecossistema que o rodeia a essa realidade. Na avaliação de Xavier, a mudança pode gerar mais receita para a companhia. “Quando as empresas começarem a ver os resultados de seus sites móveis, elas vão investir mais em publicidade móvel [que é mais cara que a exibida nos computadores]”, disse.
Os anúncios em dispositivos móveis responderam por aproximadamente 9% do mercado de publicidade digital no Brasil no ano passado, com receita de R$ 721 milhões, segundo o Interactive Advertising Bureau (IAB).
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Gustavo Brigatto, do Valor Econômico