Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

10 ANOS SEM FRANCIS
Marcos Augusto Gonçalves

O polemista da corte

‘Seria um erro procurar medir a relevância de Paulo Francis na história da imprensa brasileira utilizando como metro as prescrições dos manuais de redação ou as convenções mais clássicas do jornalismo. Quando morreu, aos 66 anos, no dia 4 de fevereiro de 1997, ele já era considerado o mais cáustico polemista do país e havia se transformado numa personalidade midiática, exercitando para milhões, com seu sarcástico e divertido personagem do ‘Jornal Nacional’, um pouco da vocação que, na juventude, o levara a se alistar no grupo de teatro de Paschoal Carlos Magno.

Ninguém esperava dele o texto eqüidistante e exemplar ou a reportagem premiada, mas a opinião, a maneira como utilizaria a sua pesada caixa de ferramentas para desmontar este ou aquele imbróglio político, comentar a atuação de presidentes e candidatos, elogiar ou demolir escritores, livros, filmes, óperas ou montagens teatrais londrinas.

‘Francis foi o maior polemista da imprensa brasileira das últimas décadas do século passado. Era imbatível em pelo menos três pontos: na versatilidade dos assuntos que abordava, no senso de humor ao escrever e na capacidade de combinar um repertório intelectual elevado com uma forma de expressão direta e coloquial’, avalia Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha.

‘Ele preservava a tradição do grande jornalismo autoral internacional que um dia se leu nas páginas do último ‘The New York Herald Tribune’, na revista ‘Esquire’, de Harold Hayes, na ‘New Yorker’ ou no londrino ‘Observer’, de David Astor’, diz Matinas Suzuki Jr., ex-editor da Ilustrada.

Ironia e preconceito

Leitor voraz, com uma cultura descrita por muitos como ‘impressionante’, seu leque era amplo e as suas opiniões, provocativas, irônicas, agressivas, engraçadas, politicamente incorretas, não raro preconceituosas -mas nunca indiferentes, mesmo quando previsíveis. Francis desenvolveu como ninguém uma espécie de relação sadomasoquista com uma legião de leitores que de antemão o odiava, ‘sabia’ o que ele diria, mas não resistia à tentação de se irritar com as suas certezas definitivas.

Na realidade, essas certezas mudaram ao longo do tempo. O jovem simpatizante de Trótski tornar-se-ia um contumaz crítico da esquerda, percorrendo o mesmo caminho de outros intelectuais, quando já se mostravam cada vez mais enfáticos os sinais de que o totalitarismo e a ineficiência do mundo socialista não eram apenas um ‘desvio’ da revolução, mas algo intrinsecamente ligado ao projeto comunista.

‘O ex-comunista é alguém que se sente traído, e ele passou a reagir assim, como se tivesse sido vítima de uma traição’, diz o jornalista Sérgio Augusto sobre a mudança ideológica daquele sujeito ‘extremamente generoso’ que o convidou a escrever no ‘Pasquim’.

Foi no ambiente bem-humorado e egocêntrico do semanário carioca que o texto de Francis, inicialmente sisudo e convencional, começou a ganhar contornos mais descontraídos e a sua imagem de polemista ferino se difundiu.

Para Caetano Veloso, que manteve com ele uma relação ambígua de admiração e ódio (o que não era incomum), Francis e o ‘Pasquim’ sofriam de uma doença arrogante, por ele apelidada de ‘ipanemia’.

Na passagem da década de 70 para a de 80, a ‘ipanemia’ contagiou São Paulo. A cidade emergia como principal pólo da redemocratização e da modernização política e cultural do país. Francis e outros ex-articulistas do ‘Pasquim’, como Tarso de Castro e o próprio Sérgio Augusto, haviam passado a escrever na Folha, que despontava como a mais vigorosa e interessante novidade da imprensa brasileira.’

Vinicius Torres Freire

Super-homens nos botecos do Leblon

‘Quase linda, mas feia. Era uma piada de tempos antigos da faculdade de filosofia da USP sobre os encantos equívocos de uma filósofa. Seria o caso do romance de Paulo Francis? Quase ótimo, mas ruim?

‘Cabeça de Papel’ (1977) é ‘quase lindo’; ‘Cabeça de Negro’ (1979), o segundo da sua trilogia incompleta, é francamente ruim, um ‘thriller que se lê de uma sentada’ e produzido para ser pop e vendável, segundo o próprio Francis.

‘Cabeça de Papel’ é uma sucessão de esquetes e de vidas paralelas encenada no Rio, entre meados dos anos 60 e 70, repleto de delírios intelectuais, confessionais e debates políticos entre os protagonistas, Hugo Mann e Paulo Hesse, as duas figuras sendo um só alter ego bifronte de Francis.

Mann é um jornalista que desembarca do trotskismo, empregado como crítico de cinema no jornal dirigido por Hesse, seu amigo de infância.

Hesse, filho de empresário casado com uma aristocrata carioca, doutor em administração por Yale, era o colunista ‘guru’ da esquerda até a ditadura chegar. Logo depois do golpe, assume a fachada de defensor jornalístico-intelectual da ‘revolução capitalista liberal e centralizadora’ de 1964. A fachada de Hesse é o eixo do parco enredo do romance.

O livro é costurado pelos vomitórios e memórias de Mann e Hesse. Pelas suas regressões digressivas e sentimentais sobre o Rio dos anos 40 e 50. Pelo jorro de tiradas esculhambativas, irônicas, crípticas e permeadas de citações sobre pessoas, política e cultura. Pelas explicações que os dois fornecem sobre a história universal, em particular sobre o destino de centro e periferia mundiais em tempo de Guerra Fria.

De permeio, há retratos de jornalistas, donos de jornal, da vida nos jornais, de um e outro aristocrata, artistas, intelectuais de bar, da ‘mulher carioca’, de ricos americanos integrados ao ambiente local. Enfim, da elite do provincianismo charmoso de Cosme Velho, Ipanema, Leblon e arredores, de suas festas e bandalheiras.

Mas, raridade em romances e na arte brasileira, cada vez mais adepta do pauperismo, o livro trata de gente rica; é um memorial vívido dessa elite carioca que desapareceu.

Mas ‘Cabeça de Papel’ é um romance? O livro é feito de remendos da idéia que Francis fazia do modernismo: fluxos de consciência; niilismo desesperado diante da mera aparência de ordem e sentido da realidade; fim da narrativa linear.

No pior, o livro tem algo de romance de espionagem e de Graham Greene aguado, no que evidencia um ranço ridículo de certos jornalistas e escritores que ficaram adultos no início da Guerra Fria -pessoas para quem era sofisticada (adjetivo já em si ridículo) a pose de perceber conspirações e espiões por toda parte.

Os tipos de Francis, pois não são bem personagens, parecem quase todos marionetes risíveis, estereótipos de sua origem social e classe, ou títeres da política e de poderes globais. Mas os fios que movem os bonecos são grossos, visíveis; a encenação é exagerada.

Epifanias e clarividência ficam restritas a figuras além do bem e do mal, como os quase sempre oniscientes Hesse e Mann. Os protagonistas têm a moral de senhores, super-homens nietzscheanos de fancaria que cafungam num bar do Leblon a rir do criouléu.

O conjunto dos materiais artísticos de Francis poderia dar samba, mas a compulsão retórica prejudica a carpintaria romanesca de ‘Cabeça de Papel’. O livro é desconjuntado pela ‘vontade de poder falar’ sobre tudo, evidenciada no esnobismo ingênuo e provinciano das digressões senhoriais de Mann e Hesse. Parece uma colagem de ensaios superficiais, bons retratos e do jornalismo de espetáculo típico de Francis.

Mas o ponto forte de Francis, porém mal aproveitado, é ainda essa mesma verborragia estruturada, a estilística da esculhambação, a retórica avacalhada e agressiva, em si uma crítica da logorréia pomposa e da desconversa brasileiras. Seu fraco: o desamor por forma e estrutura, reflexo de seus empirismos, suas leituras por vezes rasas de grandes idéias, seu desgosto exagerado pela teoria.

Mas a leitura de Francis sempre é uma diversão. Causa impressão parecida à dos poemas de Mário Faustino (1930-62). Amigos, tinham como traço comum (e algo clichê) o ‘pathos’ do poeta angustiado entre o cosmos sangrento e a alma pura. Difícil não ficar embalado e não ter amor juvenil pelas baladas lindas e vazias de Faustino, ‘nihil aliud est quam fictio rethorica musicaque posita’, nada além de ficção retórica musicada, uma citação de Dante um dia usada para criticar Faustino. Difícil não dizer algo parecido sobre a prosa de Francis, para o bem e para o mal.’

Folha de S. Paulo

Site reúne vídeos engraçados com o jornalista

‘O site Youtube (www.you tube.com) reúne aparições de Paulo Francis na TV (basta fazer a busca pelo nome do jornalista). Entre elas, compilações de erros de gravação, xingamentos e frases históricas.

Um dos clipes, por exemplo, traz Francis no programa ‘Manhattan Connection’ (da GNT) fazendo um de seus freqüentes ataques ao jornalista Caio Blinder. Numa discussão sobre o direito constitucional de se possuir armas nos EUA, Blinder diz que ‘o direito à vida é mais importante que o direito ao porte de armas’. Ao que Francis rebate: ‘se você vier com mais um clichê desses eu tenho uma síncope aqui’.’

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Romance inédito deve sair ainda neste ano

‘‘Jogando Cantos Felizes’, romance inacabado de Paulo Francis, deve ser publicado ainda neste ano pela Francis, editora criada pela viúva do autor, a jornalista Sônia Nolasco.

Tendo como pano de fundo o Maio de 1968, o livro traz um homem frustrado no casamento que presencia as passeatas estudantis na capital francesa.

Roberto Nolasco, irmão de Sônia e atual proprietário da Francis, disse que estuda chamar amigos do jornalista para fazer três finais para o livro.

A editora, que está relançando todos os títulos do autor, pretende ainda publicar ‘Tempo de Francis’, coletânea com artigos e crônicas do jornalista.’



MÍDIA & RELIGIÃO
Editorial

Brasil pentecostal

‘ESTE NÃO é só o maior país católico, com quase 140 milhões de fiéis, como também o mais pentecostal. Segundo a World Christian Database, são 24 milhões de seguidores das igrejas pentecostais, o mais fértil ramo do protestantismo.

Há quatro vezes mais pentecostalistas aqui do que nos Estados Unidos. A nação de origem dessas religiões abriga 5,8 milhões de fiéis. A vertente religiosa surgiu por lá, no século 20, da insatisfação com uma suposta falta de fervor evangélico. Valoriza o poder do Espírito Santo, da qual deriva seu nome (o Pentecostes festeja a descida do Espírito Santo sobre apóstolos).

Dos EUA, a novidade se disseminou pelo Brasil. Nasceu uma primeira geração de igrejas, como Assembléia de Deus e Brasil para Cristo. Depois vieram as neopentecostais, como Igreja Universal do Reino de Deus e Renascer em Cristo.

No Censo de 1940 havia 2,6% de brasileiros evangélicos. No de 2000, a parcela já era de 15,4%. Existem muitas explicações para o sucesso dessas religiões no Brasil, que não serão abordadas aqui. Sua aclimatação, porém, comporta facetas dignas de nota, como revela pesquisa de opinião da fundação americana Pew com pentecostalistas de dez países.

Em geral os fiéis brasileiros sobressaem como mais tolerantes: 37% aceitam o divórcio, 76% o homossexualismo e 72% acham que nunca se deve beber álcool (percentuais relativamente baixos, diante da margem de 80-90% em outras nações).

Como assinalou o sociólogo Reginaldo Prandi, o interesse da pesquisa está em mostrar que a religião não é a única fonte de valores para esses fiéis. Parece que o arraigado hábito brasileiro de abrandar doutrinas importadas não poupou nem mesmo o rígido zelo evangélico.’



ECOS DA DITADURA
Mário Magalhães

Papéis da ditadura somem dos arquivos

‘O arquivo do extinto Serviço Nacional de Informações (1964-90), sob guarda da União, sofreu uma ‘limpeza’ na qual foram suprimidos documentos que deveriam constar de acervos federais. É o que revela investigação da Folha feita por um mês e meio em órgãos públicos.

O Arquivo Nacional emitiu certidão de ‘nada consta’ em resposta ao pedido de papéis do SNI de 1975. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) afirma que não os tem.

A descoberta do sumiço comprova, de maneira inédita, relatos de antigos funcionários da chamada ‘comunidade de informações’ do regime militar (1964-85).

Em conversas reservadas em anos recentes, eles disseram ter havido um ‘banho’ no material produzido pelo SNI.

Em 2005 o governo anunciou com pompa que a ida para o Arquivo Nacional de todo o acervo do SNI que estava com a Abin seria um marco no acesso à memória do país.

O decreto de transferência foi assinado por uma dupla de antigos opositores da ditadura: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

A considerar o pronunciamento de duas repartições subordinadas a órgãos da Presidência da República, o que a Abin entregou não corresponde ao acervo integral do SNI.

Em outras palavras, o governo deu a conhecer somente parte da história. A Abin se vincula ao Gabinete de Segurança Institucional. O Arquivo Nacional, à Casa Civil.

A busca pelos papéis começou com um pedido feito pelo jornal à Abin no dia 15 de dezembro: a cópia das ‘Apreciações Sumárias’ do SNI elaboradas em outubro (mês em que o jornalista Vladimir Herzog foi morto por tortura em São Paulo) e novembro de 1975.

A Abin sublinhou diversas vezes: todo o acervo do SNI, em obediência à legislação de 2005, foi para o Arquivo Nacional. Este, por sua vez, assegura que não recebeu as ‘Apreciações’ requisitadas pela Folha.

A certidão é firmada por três servidores. Uma funcionária disse que só chegaram à instituição as ‘Apreciações’ de 74.

Acaso

A comprovação de que documentos de relevo histórico sumiram só foi possível com o cruzamento das informações da Abin e do Arquivo Nacional e graças a um acaso: os papéis estão à disposição de qualquer interessado no bairro carioca de Botafogo.

A filha do presidente Ernesto Geisel (1974-79) doou o arquivo particular do pai ao CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil), da Fundação Getúlio Vargas.

Dele fazem parte as ‘Apreciações Sumárias’ dos anos do governo Geisel. Elas eram informes semanais endereçados pela Agência Central do SNI (em Brasília) ao presidente e, eventualmente, às Agências Regionais.

Falavam de política, economia, movimento estudantil, Igreja, Forças Armadas e outros assuntos.

Inicialmente com o carimbo de ‘confidencial’ e depois com o de ‘secreto’, mais rigoroso, acompanhavam-se da rubrica ‘Campo Interno’.

O pacote de outubro e novembro de 1975 soma oito edições e 105 folhas. A cópia em papel de cada página do microfilme sai por R$ 1,00 no CPDOC. Para ler, é de graça.

As ‘Apreciações’ foram citadas em dois livros: ‘A Ditadura Encurralada’ (2004), de Elio Gaspari, e ‘Dossiê Geisel’ (2002), de Celso Castro e Maria Celina D’Araújo.

O expediente padrão do SNI era manter pelo menos uma cópia do que produzia. Para destruir um documento sem cometer ilegalidade, é preciso consignar em ata no livro específico para esse fim.

A Abin, herdeira do arquivo do SNI, diz não ter como identificar registro de destruição. Nos últimos dias, em contato com o Arquivo Nacional, buscou de novo os papéis, sem sucesso. A agência não diz quando houve o desaparecimento -se sob a ditadura ou depois.

Se o general Geisel não guardasse cópias, talvez ainda hoje não houvesse conhecimento público sobre as ‘Apreciações’ e seu conteúdo. Se o sumiço deu cabo de alguns documentos, é possível que tenha dado de outros.

O arquivo do SNI, agora sob guarda do Arquivo Nacional, é esperança de cerca de 140 famílias para encontrar os corpos de desaparecidos políticos. Pesquisadores esperam obter nele novos dados para contar a história do regime militar.’

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Abin afirma que ‘hipótese mais provável é a de destruição’ dos documentos feitos pelo SNI

‘A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) afirmou, em nota endereçada à Folha na sexta-feira, que ‘a hipótese mais provável é a de destruição’ das ‘Apreciações Sumárias’ do SNI (Serviço Nacional de Informações) de outubro e novembro de 1975. ‘Certamente não houve extravio.’

A Abin ressalva: ‘Desde que tenham sido efetivamente produzidas’.

Em seguida, o jornal avisou que os documentos podem ser lidos na Fundação Getúlio Vargas, mas a agência não se pronunciou de novo.

Seus esclarecimentos sobre as ‘Apreciações’ não são conclusivos: ‘Caso tenha(m) sido elaboradas(s), pode(m) também ter sido destruída(s), na forma da legislação vigente da época, da mesma forma que a destruição hoje em dia é regulamentada por lei’.

A agência diz que transferiu para o SNI os ‘termos de destruição’ de papéis do SNI.

Sustenta não saber se as ‘Apreciações’ foram destruídas.

Não deixa de ser curioso para o órgão de informações encarregado de assessorar o presidente da República ignorar se foram produzidos determinados documentos do SNI -órgão que a antecede historicamente, extinto em 1990, por decisão do então presidente Fernando Collor.

Bastava consultar o livro ‘A Ditadura Encurralada’, escrito por Elio Gaspari e publicado em 2004, que os cita.

A Abin nega que possa ter ficado com os papéis.

‘A transferência do acervo do SNI, até então sob guarda da Abin, para o Arquivo Nacional deu-se por completo. Não houve documento extraviado, desaparecido, retirado etc.’, afirmou a agência em nota.’

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SNI reconhece ‘maus tratos’ e ‘seqüestros’

‘O que há de mais notável nas oito edições das ‘Apreciações Sumárias’ do SNI (Serviço Nacional de Informações) que desapareceram dos arquivos federais é o retrato sem -ou com poucos- retoques que o órgão fazia do regime militar. A Folha leu a cópia do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil), da Fundação Getúlio Vargas.

A edição seguinte ao assassinato de Vladimir Herzog é a nº 11/75, de 3 de novembro de 1975. O jornalista fora morto no dia 25 de outubro em dependências militares. O Exército divulgou a versão de que ele se enforcara.

‘No caso particular do suicídio de Vladimir Herzog, o que mais se lamenta é o descrédito, que se formou de certa forma generalizado, na palavra oficial, circunstancialmente a do próprio Exército’, disse o SNI ao presidente Ernesto Geisel.

Outra constatação: ‘Não há porém, nas atuais circunstâncias, como desconhecer ou minimizar sinais da reprovação popular [ao governo]’.

Formalmente, o serviço bancou o relato de suicídio. Mas afirmou que a ofensiva contra a oposição carecia de apoio social: ‘Outros -e não há como fugir à verificação [de] que aí se inclui a maioria do povo- parecem não apoiar a ‘escalada da repressão’, justamente por não reconhecerem a efetiva existência de uma escalada subversiva’.

Onze anos depois de instaurada a ditadura, o SNI era realista sobre o tratamento dado aos presos políticos.

Conforme a ‘Apreciação’, ‘seria faltar à verdade deixar de reconhecer que prisões têm sido feitas sob a forma aparente de seqüestros, maus tratos têm sido aplicados aos prisioneiros, prazos legais não têm sido obedecidos, comunicações sobre as prisões não têm sido feitas como recomenda a lei’.

A requisição da Folha à Abin e ao Arquivo Nacional citava especificamente a ‘Apreciação Sumária nº 12/Gab/75 – Campo Interno’, de 10 de novembro. Ela abre com a descrição de discursos de parlamentares sobre a conjuntura após a morte de Herzog.’



TELEVISÃO
Daniel Castro

‘Paraíso Tropical’ repete trio de ‘Belíssima’

‘Está faltando ousadia na Globo. Próxima novela das oito, ‘Paraíso Tropical’ irá repetir o triângulo amoroso chocho de ‘Belíssima’ (2005/06), formado por Tony Ramos, Glória Pires e Marcello Antony.

Na trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, que estréia dia 5 de março, Glória será ex-mulher de Antony, com quem tem um filho de 18 anos, e irá se envolver com o personagem de Ramos por volta do 60º capítulo. Glória viverá Lúcia, e Antony, o bonitão boa-praça Cássio. Quando a novela começa, o romance do casal já é coisa do passado, segundo Braga.

Descrito como um empresário poderoso, frio e arrogante, que perdeu seu único filho quando o rapaz tinha 16 anos, Antenor, o personagem de Tony Ramos, transa com garotas de programa e trai a mulher, Ana Luísa (Renée de Vielmond), com a advogada Fabiana (Maria Fernanda Cândido), formando outro triângulo amoroso antes de se envolver com a Lúcia de Glória Pires.

A novela só não repetirá outras formações manjadas porque Malu Mader, sempre presente nas obras de Gilberto Braga, será protagonista da próxima produção das seis. E Claudia Abreu, grávida, teve de ceder seus papéis (os de uma gêmea boa e outra má, como Ruth e Raquel de ‘Mulheres de Areia’), para Alessandra Negrini). Assim, evitou um reencontro em cena com Fábio Assunção, o mocinho Daniel.

ATÉ QUE ENFIM 1

Ator cujo nome aparece nos créditos de ‘Páginas da Vida’ desde o primeiro capítulo, José Victor Castiel finalmente vai entrar na novela das oito -mas só nas derradeiras cenas.

ATÉ QUE ENFIM 2

Castiel, que inicialmente seria administrador do centro cultural da trama, fará agora o papel de um milionário de quem Sandra (Danielle Winits) se aproxima para dar um golpe.

ATÉ QUE ENFIM 3

‘Ele seria um homem com muito dinheiro, porém bronco e ingênuo. Mas a notícia dos jornais [do assassinato de um premiado em loteria] me levou a fazer desse homem ganhador da Mega-Sena. Agora, se ela [Sandra] chega a matá-lo, isso ainda não resolvi’, diz o autor de ‘Páginas’, Manoel Carlos.

IDENTIDADE

A Band, que está transformando a picante ‘Paixões Proibidas’ em novela vespertina (a trama trocará a faixa das 22h pela das 17h30, por causa da baixa audiência), não pretende parar de fazer novelas. No segundo semestre, planeja lançar uma nova produção, desta vez dirigida ao público jovem.

SAFRA 2007

A Globo está fazendo inúmeros testes para montar o elenco de ‘Eterna Magia’, próxima novela das seis. Quase todos os personagens infantis e adolescentes da produção deverão ser interpretados por caras novas.

YOU TUBE

O ‘Pânico na TV’ será mais interativo neste ano. Passará a ter participação ao vivo de telespectadores -que poderão exibir seus vídeos no programa.’

Lucas Neves

Aberta a temporada

‘A crítica norte-americana tem insistido em usar a expressão ‘era de ouro’ para se referir à atual safra de teledramaturgia. Os pilares do bom momento seriam a ousadia e a originalidade dos temas abordados, associadas à disposição de experimentar formatos.

Se a adjetivação laudatória pode soar precipitada, três séries que reestréiam no Brasil nesta semana -’Lost’, ‘Grey’s Anatomy’ e ‘Desperate Housewives’ – provam que os ventos sopram mesmo a favor da ficção televisiva ianque. De quebra, salvam um ano em que os canais pagos brasileiros fizeram más apostas e quase só importaram ‘bombas’, como ‘In Justice’ e ‘Courting Alex’, ambas do Sony. A exceção é ‘Heroes’, grande sucesso nos EUA, que estréia no Brasil em 2 de março.

‘Lost’, a mais festejada pelo público brasileiro, tem sua segunda temporada (já vista no canal pago AXN) apresentada na Globo, em versão dublada, a partir de amanhã. Em fevereiro de 2006, a primeira marcou 16 pontos de média no Ibope, índice excelente para o horário.

Nos EUA, depois de um hiato de três meses, o terceiro ano da saga dos sobreviventes do desastre no vôo 815 da Oceanic Air volta ao ar, nesta quarta, com um desafio: elucidar mistérios suficientes para estancar a sangria de audiência, sem entregar pontos-chave da trama.

O enigma que envolve o personagem de Rodrigo Santoro deve ser um dos primeiros da fila, já que ele está de saída. Para fugir do rastro de ‘American Idol’ e da concorrência de ‘Criminal Minds’, o programa migra das 21h para as 22h, nos EUA. Mas os rumos da história não mudarão segundo a medição do ibope.

‘Sempre buscamos um equilíbrio entre as duas principais críticas dos fãs: a mitologia excessivamente complexa que envolve a ilha e o fato de não darmos muitas respostas. Não há um balanço perfeito, mas contamos com o público para nos guiar de alguma forma’, disse o co-criador Damon Lindelof, em outubro passado, durante entrevista da qual a Folha participou, nos EUA.

A máxima do ‘nada em ‘Lost’ é o que parece’ -que inspira, no círculo de fãs, as mais estapafúrdias teorias sobre o simbolismo da ilha- é seguida pelos roteiristas desde o começo de tudo, quando esboçavam personagens como Sayid.

‘Escrevemos o piloto em janeiro de 2004. Na época, fazia cerca de seis meses que George Bush anunciara a vitória americana no Iraque, e a América começava a sentir que aquilo [a guerra] poderia durar mais do que se imaginava. Achamos interessante apresentar um personagem heróico e cativante e depois revelar que ele tinha sido da Guarda Republicana Iraquiana. A noção de que as coisas podem não ser o que aparentam nos parecia um comentário político interessante’, contou Lindelof.

Ambigüidade da guerra

Haveria, nas entrelinhas da trama, mais acenos à política externa dos EUA? ‘Não. O que existe é a idéia de tentar entender o ponto de vista daqueles que não se conhece’, afirmou o produtor Carlton Cuse.

Lindelof explicou melhor. ‘O mais curioso da guerra é a ambigüidade. Sabemos que temos tropas no Iraque mantendo algum tipo de paz, mas não estamos em guerra contra o país, certo? Essa ambigüidade também perpassa ‘Lost’. Quem são Os Outros [habitantes da ilha que não os sobreviventes do desastre aéreo]? Eles estão nos atacando? Porque o fato é que [os sobreviventes] matamos sete ou oito dos deles, e eles, só um dos nossos. Ok, eles nos atraem para dentro da floresta, mas não seria porque querem nos resgatar de algo?’

E completou: ‘É fácil dizer que pessoas que cometem atos terroristas, amarram bombas na cintura e lançam aviões contra prédios são loucas, mas você questiona isso se encara os fatos pela perspectiva delas. Isso [questionar-se] é mergulhar na consciência americana.’

Mergulhar na consciência dos roteiristas e emergir com a solução dos enigmas é certamente a aspiração de muitos fãs da série. Alguns temem que os produtores não saibam desatar os nós e que o desfecho não recompense a fidelidade à série. Cuse tranqüiliza a turma.

‘Nas principais tramas, já sabemos o que irá acontecer. Não criaríamos uma escotilha [que é explorada pelos sobreviventes na 2ª temporada] sem saber o que estaria ali’, exemplificou.

Os autores, pelo visto, guardam as explicações para si. Os scripts só são entregues aos atores dois ou três dias antes das gravações, o que deixa gente como Emilie de Ravin, intérprete de Claire, no escuro. ‘Acho que estamos todos na ilha para nos dar conta de algo, independentemente de aquele lugar ser real ou não’, arriscou.

O sentimento de coletividade que, na ficção, faz a turma se agrupar para enfrentar Lostzilla, urso polar e afins, não encontra eco longe das câmeras.

‘Não somos tão unidos. No início, saíamos juntos. Depois, por causa do sucesso do programa mundo afora e dos horários de cada um, ficou difícil’, diz Matthew Fox, o Jack Shepard, líder involuntário do bando.

O repórter LUCAS NEVES viajou a convite da Sony Pictures Television International’

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‘Desperate’ volta com mais humor; polêmica cerca bastidores de ‘Grey’s’

‘‘Receber uma crítica negativa é ok. O problema é ter de pedir dinheiro emprestado à sua mãe para pagar o aluguel.’ É com bom humor que o criador da comédia dramática ‘Desperate Housewives’, Marc Cherry, encara o desânimo com que a imprensa especializada recebeu o segundo ano da série e relembra a penúria pré-estrelato, quando ficou sem emprego por três anos.

Agora, com contas em dia e as arestas da história aparadas, ele celebra a boa acolhida da terceira temporada, que estréia no Brasil nesta quarta, e faz mea-culpa. ‘No segundo ano, estava exausto. Tinha escrito quase todo o primeiro sozinho. Era muito zeloso dos personagens.’

O preciosismo pode ter a ver com o fato de uma das protagonistas, a neurótica Bree, ser inspirada na mãe de Cherry. Mas a própria parece já ter dado carta branca ao filho escriba. ‘Ela me disse: ‘Qualquer segredo [da família] que você precisar contar para fazer sucesso vale a pena’, relembra Cherry.

Para James Denton, intérprete de Mike, o namorado de Susan, o problema do ano 2 foi outro. ‘As histórias eram muito soturnas, não tinham humor. Agora, a comédia está garantida por roteiristas que vieram de ‘Will & Grace’ e ‘Frasier’, diz.

Na estréia, a hilária ida do casal Gabrielle e Carlos ao restaurante administrado pela família da jovem chinesa que lhes serve de barriga de aluguel atesta essa impressão. Mas o mistério permanece, com a dúvida sobre a identidade e as intenções de Orson (Kyle MacLachlan), o dentista que atropela Mike, deixando-o em coma, e se envolve com Bree.

A condição do companheiro fará Susan se aproximar de outro homem e jogará um Mike amnésico nos braços da serelepe Eddie. No mais, espere tiroteio, mortes e casamentos.

Já no hospital de ‘Grey’s Anatomy’, a turma de jaleco não consegue curtir o sucesso do programa. Um insulto homofóbico proferido por um dos atores contra outro não sai da imprensa sensacionalista há meses. Para quem não quer saber das más condutas de bastidores, a protagonista Ellen Pompeo adianta detalhes dos scripts: ‘Veremos as repercussões da lesão de Burke [baleado no fim do ano 2] e como Christina irá protegê-lo’.’

Laura Mattos e Eduardo Arruda

Avallone reclama de ir para o banco na Band

‘Mais antigo apresentador de mesa-redonda da TV brasileira, Roberto Avallone, 60, não gostou nada de ser mandado para o banco de reservas na Band.

Estrela do time até o ano passado, ele será substituído por José Luiz Datena a partir desta noite. Sai de campo no melhor momento da partida, justamente quando a emissora volta à ‘primeira divisão’, ao fechar acordo com a Globo para transmitir os principais campeonatos de futebol do país.

‘Tenho comigo a sensação de que eu fui o jogador que driblei a defesa adversária e sofri o pênalti. Na hora de fazer o gol de pênalti, que é mais fácil, e de comemorar com a galera, chamaram outro e não eu, está claro?’, comparou ele, em entrevista à Folha, na quinta-feira.

Na Band, há diretores que consideram seu estilo ultrapassado. Ele parte para cima: ‘Faria esse gol de pênalti de letra’.

Datena, conhecido pelos berros histéricos em programas policialescos, seria a alternativa para ‘oxigenar’ a mesa-redonda. Avallone, seu desafeto não-declarado, prefere não comentar, mas não deixa de chutar de leve: ‘Com o pouco recurso que a gente tinha [quando a Band não possuía o direito dos campeonatos], nunca tivemos problemas de audiência. Qualquer apresentador agora tem obrigação de dar o dobro’.

Avallone não joga na retranca, mas sabe que não é hora de partir com tudo ao ataque. Repete na entrevista ‘n’ vezes que ‘a Band marcou um golaço ao obter os jogos’. Seu contrato vence em abril, e ele tem agendada para 5 de março reunião com Marcelo Parada, vice-presidente da Band, e Elisabetta Zenatti, diretora-geral de programação. Como foi claramente escanteado do novo time esportivo da casa -que conta, além de Datena, com a ex-Miss Brasil Renata Fan e a modelo e apresentadora Luize Altenhofen-, Avallone apresentou um projeto para atuar fora do futebol. ‘É um programa de jornalismo com temas polêmicos.’

Também não nega um namoro com a Record (que deixa neste ano de transmitir futebol, após romper a parceria com a Globo) e com sua principal grife esportiva, Milton Neves. ‘Estou me dando muito bem com ele. Entre tapas e beijos… Melhor, entre tapas e abraços, são mais abraços do que tapas. Considero o Milton Neves, hoje, o nome mais forte do esporte pelo conjunto da obra, embora eu me considere tão competente quanto. Mas ele, além da competência, tem um valor comercial.’

Último a saber

O que mais deixou Avallone irritado foi o fato de ter descoberto por notas em jornais e sites que levaria um cartão vermelho. Só na sexta-feira, dia 26, foi informado oficialmente pela direção da Band de que seu ‘Show do Esporte’ de domingo seria o último. ‘A minha ferramenta de trabalho é a minha competência e, do jeito que foi feito, eu sabendo por site… Foi lamentável e injusto. Solicitei férias para me recuperar do desgaste sofrido’, conta.

O ‘Show do Esporte’ de Avallone marcava de três a quatro pontos no Ibope (entre 165 mil e 220 mil domicílios na Grande SP), bom resultado para um canal até então sem futebol, cuja média diária gira em torno de dois pontos. Com Datena, a mesa-redonda mudou de nome. Será ‘Por Dentro da Bola’ e contará com a participação dos ex-jogadores Müller, Marcelinho Carioca e Neto e a eventual presença de Renata Fan, que amanhã passa a comandar na emissora uma mesa-redonda diária no horário do almoço.

Metrossexual

Enquanto não decide seu futuro, Avallone dará um tapa no visual: ‘Vou ficar bonitinho. Vou fazer uma correção nas pálpebras e pretendo voltar cinco quilos mais magro e bronzeado’. No cabelo, mantém rinsagem em tom castanho escuro. ‘A TV é um meio no qual o visual é importante’, diz Avallone, para quem a Band pagava ternos do estilista Ricardo Almeida, o mesmo de Lula.’

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Inconfundível, apresentador já ganhou Esso

‘‘Exclamação’, ‘interrogação’, ‘ponto e vírgula’. O português italianado de Roberto Avallone é inconfundível, principalmente quando encerra suas frases citando literalmente a pontuação para enfatizar o que diz.

Ícone dos programas de discussão sobre futebol, memória invejável, ele ganhou fama nos 20 anos (1983-2003) em que esteve, quase sempre, à frente do ‘Mesa Redonda’, da TV Gazeta.

Formado em ciências sociais, iniciou a carreira em 1966, no jornal ‘Última Hora’. No comando do caderno de esportes do ‘Jornal da Tarde’, ganhou dois prêmios Esso. Trabalhou ainda nas rádios Globo, Jovem Pan e Eldorado. Antes de ir para a TV Bandeirantes, teve programa na Rede TV!. Palmeirense fanático, Avallone diz pertencer ao ‘Jornalismo Futebol Clube’, slogan criado por ele. Quando o assunto é o clube do coração, põe em cena a Tia Dora, que existe mesmo, para dar suas opiniões sobre o time alviverde.’

Bia Abramo

De estrelas, misses e professoras

‘QUAL É mesmo a diferença entre, digamos, Leão Lobo com seu ‘De Olho nas Estrelas’ e o pessoal do ‘Pânico na TV’?

A matéria-prima é a mesma, ou seja, remexer o lixo do mundo das celebridades de qualquer porte -pequenas, médias e grandes. Os procedimentos, semelhantes: ambos utilizam ‘notícias’ produzidas por veículos jornalísticos como ponto de partida. E, como é o costume dessa TV das ‘bordas’, o espaço da programação é alegremente dividido com patrocinadores e merchandising.

E, de certa forma, também há em comum o espírito de deboche, mas aí aparece uma diferença sutil que, com o perdão do quase trocadilho, faz toda a diferença. Enquanto Leão Lobo maldiz as imperfeições várias de astros e estrelas com uma agenda moral-invejosa -ah, se ele estivesse naquele lugar, não cometeria os deslizes, estaria sempre belo e perfeito para o desfrute das massas-, o ‘Pânico’ opera no campo oposto.

Para começo de conversa, eles vão lá onde habitam os famosos, aproximam-se e é aí que tangenciam perigosamente a grosseria e o desrespeito. Mas vale o risco, pois uma vez lá, naquele lugar, tão fantasiados como suas vítimas, eles fazem-nas se confrontar com sua pequenez, sua mediocridade e seus inúmeros defeitos. É daí que tiram o humor, que às vezes funciona que é uma beleza.

A cruzada pela santificação do merchandising empreendida por certos assim chamados jornalistas ganhou uma aliada de peso e medidas: a nova assistente de Milton Neves fez um trabalho de conclusão de curso no qual defende a prática. Não se sabe se a moça ganhou a vaga porque afina com as convicções mais profundas do mestre, mas o fato é que a coincidência é grande -e preocupante. Singela, a ex-Miss Brasil afirmou à Folha, à guisa de argumentação: ‘Quem sustenta a mídia é o anunciante’. Para além da obviedade, a confusão entre interesses privados e públicos é notável.

Tem no YouTube um trecho do pito da professora no bispo da Universal. Vale a pena ouvir o tom de voz do bispo Clodomir quando ela menciona o fato de a emissora ser uma concessão pública e, portanto, ter algum tipo de obrigação… pública (e não de audiência). O bispo retruca: ‘Não tem ninguém que possa tomar nossa concessão, uma vez que o programa que fazemos está de acordo com a Constituição. Só quem não pensa e que quer nos perseguir pode achar o que a senhora acha’. Fina, a professora não aceitou a provocação.’

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Terra Magazine

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