Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O controle externo do quarto poder

Em meio ao clamor de protesto dos habituais formadores de opinião brasileira, tenta-se discutir a Ancinav e o Conselho de Jornalistas.

Alguém diria, no entanto: a mídia não usurpa freqüentemente os direitos dos poderes constituídos no exercício do governo? Que admitimos um quarto poder não eleito pelo povo e que vai se enraizar – além das portas fechadas – no terreno do lucro empresarial privado? Que a imprensa deixa de ter aquela parcialidade necessária com os governos de esquerda, em meio à globalização perversa? A organicidade de uma nação em desenvolvimento a fortalecer a sua democracia e honrar a esperança de solidários patriotas?

A proteger a sua cultura nacional e – como diria Ianni – a prestigiar a regional, sempre ameaçada pelo lixo global que infesta os canais de TV a cabo com a propaganda hedonista e de consumo… A mídia é um ‘marketing’!

O Judiciário, poder legítimo da União, submete-se a um controle externo; a mídia, não? Tudo o que organiza melhor a mídia é mordaça, é censura, é bolchevismo? A imprensa nem é um poder constitucional do Estado a fortalecer e ampliar!

Julgo que a discussão é sadia, mas não denota um cacoete de quem está acostumado aos idos de 64? Quando a inclinação ‘bakunista’ era bem clara na maldosa aliança de socialistas e anarquistas em luta contra a repressão? Como um Estado fraco do Terceiro Mundo pode ser ‘bolchevique’?

Boa intenção

Aliás, isso me lembra petróleo. As jazidas da Venezuela, às vésperas do referendo. O quinto país produtor no mundo, no quintal dos americanos. E o que determina a invasão do Afeganistão e do Iraque? Hugo Chávez não é Saddam Hussein. Mas os iraquianos já tinham um ‘Bahas’ como perspectiva de processo histórico em evolução a despeito da cobiça de todo o G-8 em seu ouro negro.

Dizem Craig Unger e Paul Krugman, gente que fala a palavra petróleo, embora ainda haja óleo, se ele falta param os Estados Unidos e a União Européia. Se ele falta pela guerra, que aumentando os preços, fornece lucros aos que se ocultam nos bastidores dos Estados laranjas das transnacionais. Todos sabemos que Chávez é vítima das companhias de petróleo que ele estatizou e que querem reassumir o controle do produto. Estes hão de votar ‘Sim!’ no referendo.

O problema não é a ligação entre Chávez e Fídel. É a questão do petróleo, que não pode faltar aos americanos, não importando o que façam pelo mundo em sua luta contra um terrorismo que eles mesmo determinaram, menos pela sua inábil política externa, que pela hipocrisia de seu Estado fachada dos interesse transnacionais no petróleo.

A nossa visão crítica não viria da época de um Estado militar e de exceção dos idos de 60 e 70, uma espécie de neurose traumática? Obviamente que nem Lula ou Dirceu são ‘stalinistas’! Ou o Gil, imaginem, o Gil ‘stalinista’! O grande defensor de nossa cultura – o Samuel Pinheiro Guimarães!

A imprensa deve ser livre, mas jamais o quarto poder de uma república de bananas, o tal Estado risível de que falou de Gaulle. E o Estado, vamos pensar no Estado?, não deve ser nem muito forte, nem muito fraco, frágil, mínimo, joguete dos interesses sombrios de uma mídia globalizada na forma e no conteúdo.

Desagradei aos gregos ou aos troianos? Mas a intenção foi boa. Sempre com Lula