Um especial sobre o legado de Ryszard Kapuscinski, considerado por muitos como o melhor repórter do século, está sendo publicado desde sábado (15/12) no site El Boomerang, o blog literário latino-americano. Denominado ‘A grande viagem de Kapuscinski’, trata-se do I Seminário Virtual de Literatura e Jornalismo, organizado por La Oficina del Autor, a Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano (FNPI) e a Escuela de Periodismo Universidad Autónoma de Madrid/El País.
Dirigido especialmente a estudantes de jornalismo, o seminário conta com as intervenções do norte-americano Jon Lee Anderson, cronista de numerosas guerras para a revista The New Yorker, e dos escritores e jornalistas Sergio Ramírez, Tomás Eloy Martínez, Manuel Vicent e Erich Hackl.
A reportagem de guerra, a emigração, a reportagem como união entre jornalismo e ficção, a viagem do jornalista, o uso da ficção em uma reportagem, a crônica como um dos grandes gêneros literários, o jornalismo como missão, o que fez de Kapuscinski o melhor jornalista do século, os nacionalismos e a importância de dar voz aos mais pobres são alguns dos temas referidos pelos cinco participantes do seminário, em relação às lições que deixou Ryszard Kapuscinski como repórter, cronista e humanista.
A página conta com um guia de estudos que coloca perguntas e temas de reflexão para trabalhar nas faculdades de jornalismo. O seminário, que pode ser acessado por qualquer pessoa em El Boomerang, conta com o apoio da rede de universidades Universia e da Fundación Carolina.
Quem são
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Ryszard Kapuscinski nasceu em Pinsk, então Polônia, em 1932. Estudou na Universidade de Varsóvia. Durante mais de duas décadas trabalhou como correspondente da Agência Polaca de Imprensa. Foi correspondente no estrangeiro de 1958 até 1981, cobrindo 17 golpes de Estado e revoluções em 12 países da África, Ásia e América Latina. Colaborou para publicações como The New York Times, Frankfurter Allgemeine Zeitung e a revista Time.Em uma consulta realizada pela revista mensal Press, Kapuscinski foi distinguido com o título de Jornalista do Século, e em 2003 recebeu o Premio Príncipe de Astúrias de Comunicación y Humanidades. Autor de vários livros, recebeu também o Prêmio Viareggio, o Prêmio J. Parandowski do Pen Club, o Prêmio Goethe (Hamburgo), o Prêmio da fundação A. Jurzykowski (Nova York) e o Prix de l´Astrolabe (França), entre outros.
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Jon Lee Anderson é um dos grandes cronistas de The New Yorker. Escreveu para meios como o The New York Times, The Financial Times, The Guardian, El País, Harper’s e Time. Redigiu os perfis de Fidel Castro, Gabriel García Márquez, Augusto Pinochet, o rei Juan Carlos, Saddam Hussein e Hugo Chávez, entre outros. Cobriu mais de uma dezena de guerras ao redor do mundo. Alguns de seus livros são Al Interior de la Liga, Guerrillas, Che Guevara: Una vida revolucionaria, La tumba del León y La caída de Bagdad. Dirige oficinas de crônica e perfis na FNPI.**
Sergio Ramírez é nicaragüense. Participou na luta contra o somozismo, e em 1975, depois de anos de exílio, incorporou-se ao movimento sandinista para derrotar a ditadura do último Somoza. Foi eleito vice-presidente da Nicarágua em 1984. Entre seus livros estão Castigo divino, Un baile de máscaras, que recebeu o prêmio Laure Bataillon pela melhor novela estrangeira lançada na França em 1998; Margarita está linda la mar, Prêmio Alfaguara 1998; Cuentos completos, Sombras nada más, Mil y una muertes e El reino animal. É membro do Conselho Reitor da FNPI.**
Tomás Eloy Martínez nasceu na Argentina. Viveu exilado em Caracas, onde fundou El Diario de Caracas. Em 1991, criou o suplemento literário ‘Primer Plano’, do diário Página/12 , de Buenos Aires, que dirigiu até agosto de 1995. É colunista do diário La Nación, de Buenos Aires, e do The New York Times Syndicate. Entre seus romances estão Santa Evita, La novela de Perón, La mano del amo e El vuelo de la reina, Prêmio Alfaguara 2002. É membro do Conselho Reitor da FNPI.**
Erich Hackl nasceu na Áustria. Estudou filologia alemã e hispânica em Salzburgo e Málaga, atuou na Universidad Complutense de Madrid, onde também trabalhou como professor de alemão, e professor de literatura hispano-americana na Universidade de Viena. Trabalha, desde 1983, como tradutor, jornalista, cronista político e escritor. De sua obra foram traduzidas ao castelhano Sara y Simón: una historia sin fin, Adiós a Sidonie e La boda en Auschwitz. Seus livros estão traduzidos para cerca de 20 idiomas.**
Manuel Vicent nasceu na Espanha em 1936. Escritor e jornalista, entre seus livros encontram-se Otros días, Otros juegos, Pascua y naranjas, Los mejores relatos, Las horas paganas, Son de Mar (Prêmio Alfaguara de romance 1999), La novia de Matisse, Cuerpos sucesivos, Verás el cielo abierto; Viajes, fábulas y otras travesías e Comer e beber a mi manera. Colaborador habitual de El País, as seleções de seus artigos estão editadas em dois livros: Nadie muere la víspera (2004) y El cuerpo y las olas (2007).Leia também
A honra perdida do jornalismo – Alfonso Armada
‘Para ser bom jornalista há que ser boa pessoa’ – Jaime Abello Banfi (em espanhol)
O jornalismo está órfão – Giulio Sanmartini
O jornalista que escolheu Heródoto como mestre – Sebastião Jorge
Uma rara lição de reportagem – Pedro de Oliveira