Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Brasileiros ‘conectados’ foram 85,6 milhões em 2013

O acesso à internet continuou a crescer no Brasil, mas em ritmo menor do que na década passada. Além disso,o alcance da tecnologia só avançou devido ao uso de celulares, tablets e televisores, já que o acesso por computadores teve até pequena queda diante de limitações de infraestrutura e de renda das famílias para adquirir o bem. O celular, por sua vez, já é utilizado em mais da metade dos domicílios com internet. Na visão do governo, o aparelho tende a se firmar como instrumento de inclusão digital.

Ao todo, 85,6 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade utilizaram a rede em 2013, 7,2 milhões delas exclusivamente por celulares, tablets e outras ferramentas, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou um suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013 sobre tecnologias de informação e comunicação (TICs).

“Este número (de outros equipamentos) pode estar subdimensionado por falta de conhecimento do que é uso de internet efetivamente”, disse o gerente de projetos do Departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações, Pedro Lucas Araújo. Para ele, usuários de aplicativos como WhatsApp e Netflix podem achar (e declarar) que não usam a internet por meio de celular ou TV.

Dados de outras entidades mostram que o acesso móvel é o que cresce com mais força no País. Em 2014, mais de 50 milhões de linhas de banda larga móvel foram ativadas, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Entre as adições que ocorreram nos últimos meses, em média, 97% foram pela internet móvel (smartphone e tablet).

“As pessoas querem estar cada vez mais conectadas e o acesso móvel permite isso”, afirmou Carlos Duprat, diretor do Sinditelebrasil (sindicato que representa as operadoras). Na visão de Duprat, ainda há muito espaço para o crescimento da internet. “Haverá um vetor de aumento com a liberação da faixa de 700 megahertz (para a tecnologia 4G)”, acrescentou.

O IBGE mostrou ainda que o número de pessoas que utilizaram o computador para acessar a rede ficou em 78,3 milhões em 2013, contra 78,7 milhões dois anos antes. Esse contingente vinha crescendo a taxas de dois dígitos desde 2005, mas agora está muito próximo da quantidade de domicílios que possuem computador com internet. O fato é considerado evidência de que a ausência do equipamento no lar é uma limitação para a expansão da internet. “Sabemos que a renda afeta. Pelo celular, muita gente acessa, mas tablets e computadores são bens mais caros”, comentou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.

Daqui para frente, o celular tende a crescer no papel de viabilizar o primeiro contato dos brasileiros com a internet, algo já percebido nos últimos tempos, principalmente com a desoneração dos smartphones em 2013. “O primeiro contato é por meio do smartphone. Mas isso é só o primeiro passo”, afirmou Araújo. O plano do Ministério é investir mais em infraestrutura física para dar mais oportunidades de acesso à população.

Sem barreiras

Para Eduardo Tude, presidente da consultoria Telecom, o celular acabou com a barreira do acesso à web. “Não precisa ter internet em casa, está muito fácil. Mas há outro limitador: o País tem poucos usuários de internet, em torno da metade da população”. Segundo ele, isso ocorre principalmente nas faixas a partir de 40 anos, onde a penetração é menor por questão cultural e educacional.

O IBGE mostrou ainda que apenas 31,2% das residências possuíam recepção de sinal digital de TV aberta em 2013. Enquanto isso, 28,5% dos domicílios contavam apenas com o sinal analógico, que será descontinuado ao fim de 2018.

***

Idiana Tomazelli e Mariana Sallowicz, do Estado de S.Paulo