O jornalista americano Bob Woodward, famoso por denunciar o escândalo Watergate na década de 70, resolveu dar um puxão de orelha nos coleguinhas de profissão. Esta semana, em discurso durante uma conferência em Tóquio, o veterano repórter do Washington Post criticou a cobertura feita pela imprensa de seu país sobre a guerra do Iraque.
Para Woodward, os jornalistas que cobrem o conflito deveriam ter se esforçado mais para verificar se Saddam Hussein possuía de fato armas de destruição em massa – justificativa usada pelo presidente George W. Bush para invadir o Iraque. ‘Nós deveríamos ter sido bem mais agressivos’, afirmou, para logo depois assoprar: a culpa, em parte, seria dos prazos curtos de entrega de matérias da imprensa atual, algo que prejudica o bom funcionamento do jornalismo investigativo. ‘É um ambiente louco, o da mídia. Nós precisamos desacelerar. Precisamos de semanas, meses ou até anos para trabalharmos em reportagens’, defendeu.
O repórter e os presidentes
Woodward já escreveu alguns livros sobre o governo Bush e a guerra no Iraque. ‘O estímulo real é fazer o governo assumir suas responsabilidades para que não tenhamos um governo secreto’, disse. ‘O pesadelo é quando o presidente se fecha e se convence de que está fazendo a coisa certa ou apenas não é capaz de assumir a possibilidade de ter cometido um erro enorme’.
Junto com o repórter Carl Bernstein, Woodward revelou ao público o caso do arrombamento do escritório do Partido Democrata no Hotel Watergate, em Washington. O escândalo levou à saída do presidente republicano Richard Nixon. A trajetória dos repórteres no que ficou conhecido como ‘Caso Watergate’ foi contada no filme Todos os Homens do Presidente. Informações da AFP [28/2/07].