Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Plim-plim, oba-oba, bye-bye (II)

rede_globoRecolhidas as lantejoulas, encerrada a quermesse televisiva, a paróquia platinada volta ao ramerrão. A próxima festinha – se houver – será em 2065. Se completar um século o império global deverá estar operando em outro ramo. Inevitável: dinossauros, assim como os mosquitos, têm prazos de validade rigorosos, ciclos definidos. Tal como acontece na astronomia, depois de alcançar o zênite qualquer astro ou constelação embica invariavelmente em direção ao nadir.

O balanço da chatíssima festinha dos 50 anos aponta para uma clara fadiga do material. O novo cenário high-tech do Jornal Nacional não consegue camuflar a obsolescência dos estrategistas que apostaram no novo brinquedo todas as suas fichas em matéria de criatividade e inovação. Dentro de seis meses, no máximo, o novo telão será um gadget velho.

A TV Globo não avança em matéria de conteúdo e concepções, tem medo de mudar essências, teme embarcar no expresso da qualidade e perder o controle das mudanças. Prefere marcar passo a converter-se em campeã de saltos. Cada vez que o sistema global esboçou um movimento em direção da qualidade e consistência de sua mensagem, o próprio sistema aplicou imediatas reversões. Cada passo aplicado na direção de uma TV adulta resulta sempre em retrocessos e mais infantilização. O conglomerado abomina a dialética, tem alergia ao dinamismo.

Primeiras fissuras

É uma tremenda injustiça acusar o Grupo Globo de golpista. Ao contrário, é intrinsicamente conservador, organicamente comprometido com a manutenção do status quo. E quanto mais se oligopoliza mais precisa controlar eventuais mudanças.

Isso não significa que as convicções do Grupo Globo sejam reacionárias – a defesa do meio ambiente, dos direitos das mulheres, dos programas assistenciais, da reforma da educação, das quotas étnicas, de privilégios para confissões religiosas e até uma benevolência com o homossexualismo compõem um ideário minimamente progressista capaz de dar a impressão de mudança formal sem mudança real.

São exemplares os dois mea culpa relativos a opções não democráticas durante a ditadura militar e embutidos no esperto retrospecto do Jornal Nacional. Com muito charme, cativante informalidade e bonomia o Grupo Globo vai aparando arestas, maquiando vexames e reescrevendo a história a seu favor.

Está no seu direito. E nós no nosso, ao respeitar a dialética hegeliana e pressentir que esta formidável hegemonia começa a apresentar fissuras. Voltaremos ao assunto, motivos não faltam.

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