Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Decisão do STF transforma jornalista em rábulas

Queridos colegas, diplomados ou não diplomados. Acredito que qualquer pessoa tem o direito de se manifestar, expor suas idéias. Isso é um direito de qualquer cidadão em qualquer parte do mundo. Agora saber definir o que é notícia, isso é o que desejamos que as faculdades indiquem o caminho, para que na prática diária o profissional vá se aperfeiçoando, melhorando. Todos aqueles que tiveram sua atividade regulamentada, por exercer o jornalismo antes das exigências criadas pela ditadura, particularmente os respeito como heróis, pois tiveram a coragem de se manter nas redações durante os anos de chumbo. O que o STF fez hoje foi o que eles dizem que fazemos, eles manipularam toda uma categoria, um contra o outro porque vivemos uma inflação, um ‘derrame’ de formandos todos os anos e nem sempre a instituição de origem os capacitou de forma adequada para trabalhar. Eu lamento que muitos colegas não diplomados, mas regulamentados, queiram deixar transparecer que chegaram prontos nas antigas redações.

A formação universitária serve para preparar o indivíduo para o começo de nossa profissão. O amadurecimento vem com o tempo. A exigência do diploma, a meu ver, serve para defender alguns princípios básicos de cada profissão, não somente da nossa. Muitos jornalistas das ‘antigas’ contribuíram para a construção das teorias que existem hoje dentro da academia. Se estão sendo ensinadas de forma inadequada, devemos cobrar das instituições que melhorem a qualidade do ensino e, por consequência, a formação dos novatos.

Tábua rasa é uma fria

Todas as categorias profissionais têm seus defeitos de formação. Não somos perfeitos, não somos superiores nem mesmo somos os donos da palavra, mas nos dispomos a enfrentar um curso universitário para, até que provem o contrário, aprimorarmos nossos conhecimentos. Prevalecendo a decisão do STF, tanto os colegas das antigas quantos os graduados, acreditam que estaremos mordendo a própria, com o perdão da palavra, cauda. Por que? Porque teremos de conviver com novos colegas que também podem, vejam bem, podem também não ter uma grande formação e serem contratados a qualquer preço, levando a um efeito dominó.

Toda a categoria, com suas imperfeições, será transformada definitivamente em uma ‘alcatéia de chacais’ mortos de fome pela concorrência com aqueles que acostumamos chamar de medíocres: os sobrinhos dos executivos do veículo, a prima bonitinha do redator, o irmão do produtor, a sobrinha do chefe de redação e toda a patota que sabemos que só entra ‘fichada’ na empresa por ‘QI’. Claro que toda regra tem exceção! Você, de repente, não está aí por ‘QI’, e sim, porque se tocou e correu atrás de preencher o vácuo da faculdade de onde veio ou, como os da antiga fizeram, lavaram muito tinteiro, cataram muita pauta datilografada e amassada, varreram redação e foram na melhor das hipóteses apadrinhados por um outro colega mais experiente – que te chamava de foca. Lembra?

Vamos parar de ser peteca na mão de uma justiça que já deu toneladas de processos encalhados como prova de que não tem competência para julgar e usa dois ou três pesos e centenas de medidas diferentes para cada caso que decidem. $$$. Façamos todos concurso para juiz e depois vamos entrar com mandados de segurança apoiados na jurisprudência que eles acabaram de ‘dar à luz’. Depois veremos de quem é esse filho sem pé nem cabeça. Fiz um ano do curso de Direito e não gostei, mas o salário de juiz é muito melhor do que o de jornalista e a categoria deles é mais unida do que a nossa. Olha, se eu não amasse o jornalismo como eu amo, virava a casaca agora mesmo! Por fim, clamo aos colegas que tenham bom senso. Competência realmente não vem de um diploma, mas aceitar o risco da tábua rasa é uma fria. Grande, independente e fraterno abraço a todos!

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Jornalista, Vitória, ES