A pequena Shiloh Nouvel, filha dos atores Brad Pitt e Angelina Jolie, foi capa da última edição da Life&Style. A anterior havia dado destaque aos filhos da cantora Britney Spears. As revistas de fofocas americanas estão convencidas de que os pequenos são vendáveis – assim como seus dramas familiares, noticia Monica Corcoran [Los Angeles Times, 6/1/08]. ‘A proliferação de tablóides semanais significa uma guerra nas bancas’, opina Lisa Granatstein, chefe de redação da revista especializada em mídia Media Week. ‘Eles precisam de algo para escrever’.
Michelle Lee, editora da Life&Style, afirma que entre 10% e 15% de suas capas trazem filhos de celebridades, mas defende a cobertura feita por sua publicação. ‘Nós definitivamente temos ética em relação às crianças. Nossas matérias não são necessariamente sobre elas, mas sim sobre como são seus pais’, explica. Não que os papais do momento sejam as primeiras celebridades a ter filhos. A diferença é que, no passado, as crianças tinham sua privacidade respeitada. As revistas, além disso, evitavam expor os filhos de artistas para manter a segurança deles. Não havia, tampouco, tantas publicações nas bancas disputando a atenção dos leitores.
Hoje, além das revistas, sítios de fofocas estão de olho nos filhos de famosos. O sítio Parade realizou no fim do ano passado uma eleição do bebê-celebridade mais adorável. A filha de Ben Affleck, Violet, foi a escolhida, com 36% dos votos. Em dezembro, a Forbes elegeu em seu sítio a criança mais influente. A vencedora foi Shiloh, filha do casal Pitt-Jolie, mencionada em dois mil artigos ao longo de 2007.
Sem noção
Quando a questão é falta de ética para expor os filhos de famosos, é na rede que o assunto fica mais pesado. O blogueiro Perez Hilton diz não se sentir culpado ao escrever fofocas sobre as celebridades e suas crias. Ele e outros blogueiros, como os dos sítios Socialite’s Life e Evil Beet não se importam, por exemplo, de falar mal das aparências físicas ou do mau gosto nas roupas de alguns filhos de artistas.
De acordo com Sandra Baron, diretora-executiva do Media Law Resource Center, centro de estudos de direitos da mídia, a cobertura de crianças é uma falta de bom gosto, mas não uma violação da lei – ou seja, não caberia recursos jurídicos por parte dos atores irritados com matérias sobre seus filhotes. ‘É a barganha faustiana [uma alusão ao dilema de Fausto, de Goethe] que as celebridades fazem pela fama. Parte do pacto é paga por suas famílias – crianças e cônjuges’, opina.