O compartilhamento de notícias falsas na internet – muitas vezes por quem só lê o título – não é novidade. A situação, no entanto, às vezes chega ao nível do ridículo. Foi assim na última semana, com a informação da possível chapa presidencial entre Jair Bolsonaro e Levy Fidelix em 2018. Bolsonaro já negou a especulação, mas entender o processo por trás da disseminação é didático.
Na revista Fórum (http://tinyurl.com/kakjgn2), a notícia rendeu 5,7 mil curtidas no Facebook. No Infomoney (http://tinyurl.com/lf9pxzm), foram 2 mil. Outros sites, como Correio Braziliense (http://tinyurl.com/mfrp2vk), Terra (http://tinyurl.com/mkqpl4o) e Diário de Pernambuco (http://tinyurl.com/kpd78s9) também publicaram o boato, rendendo centenas de comentários. A fonte parecia confiável: um texto publicado no site oficial do próprio de Fidelix (http://tinyurl.com/l6mg7oe), que dizia que Bolsonaro estaria se filiando ao seu partido, o PRTB. Uma leitura mais atenta, no entanto, indicaria que a sustentação da história era extremamente frágil.
Depois de comentar genericamente que “a notícia já está se espalhando por todo o Brasil”, o texto dizia que a dupla “vem trazer uma solução definitiva para colocar novamente o Brasil de volta aos trilhos”, mas não dava detalhes sobre a filiação.
O que muitos jornalistas ignoraram, no entanto, é que a matéria usava como fonte o site BRnews (http://www.brnews.ch/?p=519). E que este, por sua vez, apresentava outra fonte, mas baseada em uma interpretação completamente equivocada, que poderia ter sido percebida com uma mínima checagem.
História mal apurada
O que realmente aconteceu foi que o administrador de uma página do Facebook chamada “Brasil com Bolsonaro”, identificado como Rafael, anunciou que estava se filiando ao PRTB (http://tinyurl.com/knqv3jk). Seja por desatenção ou má-fé, o redator do Brnews interpretou que era o próprio deputado federal (atualmente sem partido) que estaria ingressando no partido, e o estrago estava feito.
O caso pode parecer pequeno, ainda mais em meio a tantas especulações partidárias infundadas. Mas me parece assustador que grandes veículos tenham embarcado em uma história tão mal apurada.
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Daniel Gullino é estudante de Jornalismo