Mudanças na diagramação ou no formato dos jornais nem sempre agradam aos leitores. As mais recentes no New York Times – feitas com o objetivo de tornar a leitura mais dinâmica e ágil – não foram tão bem recebidas. No rodapé da capa do jornal impresso, há agora um box informando o número de páginas de cada editoria e algumas de suas principais manchetes. As páginas 2 e 3 ganharam a seção ‘Inside The Times‘, contendo resumos de reportagens de todas as editorias e, eventualmente, detalhes sobre o trabalho de apuração de algumas delas.
‘Eu assino o NYTimes desde 1989 porque gosto de ler artigos, e não de olhar para índices’, reclamou o leitor Kent Steinriede, em concordância com o leitor Richard Longworth, para quem não é necessário um sumário para se achar notícias no jornal. Outros leitores se preocuparam com a possibilidade de o novo quadro ocupar um espaço que poderia ser preenchido por uma matéria.
Em sua coluna de domingo [6/4/08], o ombudsman do NYTimes, Clark Hoyt, analisa estas mudanças. Seu assistente mediu o espaço das notícias da primeira seção antes e depois do novo box e confirmou que não houve menos espaço para as matérias. Na realidade, houve até um aumento no tamanho dos textos noticiosos nacionais e internacionais. O índice, informa o ombudsman, surgiu por duas reclamações recorrentes entre os leitores: ‘Eu não tenho tempo suficiente’ para ler o jornal inteiro e ‘Eu acabo perdendo boas matérias no jornal’.
Paixão pelo papel
O leitor médio do NYTimes gasta 48 minutos lendo o diário nos dias de semana e 72 minutos aos domingos, bem mais tempo que os leitores de outros diários. Segundo Hoyt, não é exagero dizer que eles vêem o NYTimes como parte essencial de suas vidas – e, por esta razão, as mudanças acabam abalando algo que amam. Ofertas na versão online não lhes agradam: estes leitores são fiéis ao impresso.
No ano passado, o NYTimes havia eliminado quatro páginas das listas de ações da Bolsa de Valores nos dias de semana e uma página e meia nas edições dominicais, além de outras seções. Uma das mudanças mais dramáticas desde que o diário passou a ser impresso a cores, em 1997, foi a diminuição da largura da página, em agosto do ano passado – alteração que irá economizar cerca de US$ 10 milhões em um ano, referente a custos de impressão.
A diminuição da largura do jornal, que reduziu o espaço de notícias em 10%, não gerou mais críticas que as últimas mudanças. À primeira vista, isto pode parecer estranho, pois a primeira alteração não trouxe nada de bom aos leitores e a segunda foi feita com a intenção de ajudá-los. O problema, diz Hoyt, é que o diário fez um péssimo trabalho em preparar os leitores para a mudança e em explicar que isto acrescentou conteúdo, em vez de tirar. Quando diminuíram o papel, os editores investiram meses na transição. Dos 4,7 milhões de leitores diários e dos 6,3 milhões de leitores no domingo, apenas 44 deles reclamaram da mudança.
Segundo Tom Bodkin, editor encarregado do design do jornal, a nova alteração foi concebida por um comitê indicado por Bill Keller, editor-executivo, em junho de 2006. Sua missão era aperfeiçoar a capa e a primeira seção do diário. Entre as críticas ao novo box, uma alteração não recebeu reclamações: a continuação das matérias agora fica, em sua maior parte, na seção A. Antes, se um artigo de economia começava na capa, continuava apenas na seção de economia.