Em sua coluna de domingo [6/4/08], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, fez uma análise das versões impressa e online do jornal. A maior parte dos leitores locais do Post lê o diário na versão impressa. Quando querem saber de algo que não está no jornal, eles em geral não gostam que a ombudsman lhes diga para acessar o sítio do diário. ‘Caros leitores, este problema só pode ser resolvido usando as mesmas palavras que eu usei recentemente sobre jornalistas que reclamaram sobre comentários online grosseiros a seus trabalhos. Superem isso, por favor’, pede ela.
É impossível reunir tudo o que os leitores querem saber em um jornal que deve ser entregue às seis da manhã. Por isso, para saber as últimas notícias, o leitor deve acessar a versão online do Post, defende Deborah. De acordo com um relatório de 2007, elaborado pelo instituto de pesquisa Scarborough, 50% dos adultos acima de 18 anos que vivem em Washington lêem o Post, seja na versão impressa ou online, nos dias de semana: 36% lêem apenas a versão impressa; 6%, apenas a online; e 8% lêem ambas.
Incertezas
Na medida em que os jornais sofrem com a queda de circulação e de anunciantes, jornalistas e executivos da mídia se esforçam para entregar aos leitores um bom jornal – online e impresso. Ninguém sabe ao certo como, e se, o modelo econômico tradicional do jornal irá agüentar as mudanças no processo de produção e distribuição de informação.
O Post impresso ainda tem, de longe, mais leitores locais e traz mais lucro que a versão online. Cobrir notícias de todo o mundo sai caro, e as taxas de assinaturas e publicação de anúncios ajudam a pagar estes custos. Nos últimos anos, devido a pressões econômicas, alguns jornais – incluindo o Post – foram forçados a tomar decisões difíceis, como não publicar mais as páginas com informações da Bolsa de Valores, mantendo-as apenas na versão online. Esta medida, entre outras, foi bastante criticada pelos leitores, que sentem falta deste tipo de serviço em papel. Porém, diz Deborah, o ciberespaço não tem limite de tamanho e, por isso, armazena as informações que não cabem no impresso. Em geral, afirma a ombudsman, os leitores mais afetados por esta transição são os idosos, que acham que não podem aprender a usar o computador. ‘Vocês podem! Leitores com 80 e 90 anos me mandam e-mails’, aconselha ela.