Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

CASO ISABELLA
Bia Abramo

Crime em ritmo de espetáculo

‘A ESTA altura, o chamado ‘caso Isabella’ já está solucionado. No momento em que esta coluna é escrita, a polícia diz ter 99% do caso resolvido. É quinta-feira, início da tarde, e, se estamos a apenas 1% da certeza às 14h30, é muito provável que a história completa esteja pronta a tempo de entrar na pauta dos telejornais noturnos.

Qualquer que seja o desfecho, qualquer que tenha sido o assassino, é daquelas histórias de sofrimento e dor insuportáveis -da menina espancada e socorrida ainda com vida, da mãe e do pai que perdem a filha ainda pequena, só para nomear as mais diretas-, portanto, mesmo que a gente acabe sabendo quem matou, não há bem ‘solução’ para o ‘caso’.

Na televisão, a morte da menina foi tratada em ritmo de investigação policial, com toque de comoção. Perícias foram feitas, gente foi presa, substâncias misteriosas (mas familiares para quem assiste às séries policiais norte-americanas) foram usadas, sangue e DNA foram testados; quase como em um episódio de ‘CSI’ ou de ‘Law & Order – SVU’, a toda esta movimentação deve seguir, como um corolário natural, o esclarecimento.

E, no entanto, não há nada de ‘natural’ nisso, pelo menos na experiência brasileira. Muitos crimes permanecem na obscuridade, pelas mais diversas razões, que vão do desinteresse em investigá-los aos interesses que obstruem o acesso à verdade. Entretanto, o imaginário da cultura de massa, numa genealogia comprida, que vai dos contos de Edgar Allan Poe (1809-1849) ao último seriado policial e às telenovelas, nos habituou a esperar a revelação do assassino, ainda por cima em casos espetaculares como o de Isabella.

Por outro lado, comoção, autêntica e fabricada. O assassinato, embora seja fato corriqueiro, é sempre um mistério; quando se assassinam crianças, soma-se a crueldade do mais forte contra o mais fraco ao inexplicável; daí a naturalidade da emoção. Mas nós, a mídia, também fabricamos essa emotividade, seja reiterando o assunto seguidas vezes, seja explorando os detalhes mais irracionais.

Por que é que um telejornal, de ordinário sóbrio como o ‘Hoje’, ilustra reportagens sobre as investigações com fotos da menina sorridente, os dentes-de-leite faiscando para a lente, a pose cheia daquela falsidade graciosa das crianças diante da câmera? Não há informação nenhuma na imagem, só o efeito de sussurrar aos nossos ouvidos: ‘Ela, esta criança tão bonitinha, está morta; revolvam seus sentimentos a respeito’.

Não há na mídia, em geral, nem na televisão, em particular, lugar para a simples tragédia.’

 

CUBA
Folha de S. Paulo

Abertura em Cuba

‘SE HAVIA dúvidas sobre os rumos de Cuba após a transferência de poder de Fidel Castro para seu irmão, Raúl, elas já foram dirimidas. As primeiras medidas adotadas pelo novo ‘comandante en jefe’ deixam claro que ele está acelerando o ritmo da abertura econômica.

O dirigente liberou a comercialização de computadores, aparelhos de DVD, fornos de microondas e celulares e permitiu que qualquer cidadão se hospede em hotéis de luxo. Agora a ditadura anuncia medidas para facilitar a obtenção do título de propridade por moradores de imóveis estatais.

Além disso, o regime eliminou os tetos salariais com vistas a incentivar a produtividade e ampliou o raio de ação dos agricultores privados. Eles agora poderão plantar o que quiserem e arrendar terras públicas. Estima-se que 51% do território agrícola do país esteja ocioso.

A motivação é econômica. Embora Cuba tenha superado o pior da ruína que se seguiu ao fim da ajuda soviética no início dos anos 90, a situação está longe de ser confortável. O país, cujo PIB é de US$ 50 bilhões, importa anualmente US$ 10,9 bilhões e exporta apenas US$ 3,3 bilhões.

Só para trazer alimentos, Cuba gasta US$ 1,5 bilhão, pouco menos do que o US$ 1,9 bilhão gerado pelo turismo, principal atividade econômica do país. As remessas de dólares de cubano-americanos para parentes que ficaram na ilha e o petróleo a preços subsidiados vendido por Chávez aos Castro ajudam, mas não bastam para cobrir o buraco.

É por sobrevivência, portanto, que Raúl aprofunda a versão caribenha da ‘perestroika’, a abertura econômica da URSS nos anos 80. Surgem indícios, ao mesmo tempo, de que o novo dirigente ensaia uma descompressão política, ao que parece no intuito de aliviar tensões sem mudar a natureza do regime.’

 

CARTÕES CORPORATIVOS
Elio Gaspari

Os companheiros compartilhavam as senhas

‘MUITO MAIS GRAVE do que meia dúzia de despesas irresponsáveis feitas com os cartões corporativos da Viúva é a constatação de que, na Casa Civil da Presidência da República, seis funcionários compartilhavam as mesmas senhas de acesso aos computadores que armazenavam um banco de dados com informações sigilosas. Qualquer cidadão pensa três vezes antes de contar a outra pessoa a senha do seu cartão bancário. Isso num caso em que o mau uso da senha exigiria também a posse do cartão. No Palácio do Planalto, onde há um Gabinete de Segurança Institucional, pago para proteger pessoas e informações, comete-se a mais elementar das leviandades, tratando-se o acesso a um banco de dados como se fosse o portão da Casa de Mãe Joana.

A revelação do compartilhamento de senhas veio dos repórteres Felipe Recondo e Fausto Macedo. De saída, essa prática poderá impedir que a Polícia Federal identifique quem entrou no banco, em que dia e a que horas. É difícil que esse obstáculo tenha sido criado propositalmente. Mais difícil é entender por que o sigilo das senhas foi avacalhado. Em média, um usuário da internet usa serviços que demandam o armazenamento de 25 senhas. Rara é a pessoa que usa uma só combinação para todos eles.

O descaso com o sigilo é coisa antiga. Nos anos 90, os computadores da rede da Receita Federal permitiam que uma pessoa armazenasse sua senha num macro. Assim, em vez de digitar 793898Mkl34, bastava bater ‘Comand F2’ e a máquina fazia o serviço sozinha. Se alguém visse o gênio digitando o macro, ganhava acesso à rede usando sua identidade eletrônica. Em matéria de segurança, a preservação do cotidiano da administração (inclusive do Planalto) vive-se na Idade da Pedra.

A comissária Dilma Rousseff ironizou o vazamento de dados sob sua custódia lembrando a figura do ‘espião com crachá’. Melhor que isso, só computadores com informações sigilosas, protegidos por senhas inócuas.’

 

EDUCAÇÃO
Gilberto Dimenstein

Comunicadores do futuro

‘ADOLESCENTES SE REUNIRAM num teatro em São Paulo, na segunda-feira passada, para contar como a mídia mudou a vida deles. Não falaram como ouvintes, leitores ou telespectadores. Eram todos comunicadores experimentais, e sua visão do mundo (e de si próprios) passou a ser influenciada pela produção de notícias.

Não participaram dessas experiências necessariamente para seguir carreira em comunicação, mas, em essência, para se encantarem com o prazer da descoberta de novidades e poder divulgá-las usando o rádio, a televisão, o jornal e a internet. Deixei o encontro convencido de que esses estudantes de São Paulo, do Rio, de Belo Horizonte, de Salvador e de Fortaleza poderiam ensinar aos professores como estudar pode ser mais interessante. Já seria uma aula e tanto, mas nada parecido em novidade com a lição que, talvez, consigam dar aos jornalistas.

Há uma chance de que tenham uma dica para ajudar os jornalistas a atrair a atenção dos jovens para as notícias, um dos grandes desafios da mídia em todo o mundo.

Eles não estavam reunidos para ensinar jornalistas a atrair leitores jovens, mas para relatar como o fato de produzirem notícias deixou-os diferentes. Sentem-se mais atentos e curiosos. Todos são de comunidades populares, vindos de escolas públicas de péssima qualidade; alguns deles não esconderam que detestavam estudar. A certeza de que estavam sendo sinceros sobre a evolução de seu desempenho nos estudos era visível pela fluência e pela precisão de suas falas, complexas, sem erros de português e com riqueza de vocabulário.

Em meio a seus depoimentos, eles revelaram que se tornaram mais interessados em ler e entender notícias, distanciando-se da imensa maioria de seus colegas.

Promovido pelo Unicef, aquele encontro tinha o propósito oficial de lançar em regiões metropolitanas um programa experimental em que jovens vão aprender a investigar e divulgar, usando os recursos da mídia, suas comunidades, a começar das escolas. A idéia é que se tornem construtores de capital social, a riqueza que surge da capacidade de os indivíduos se comunicarem e aceitarem desafios conjuntos.

Uma apuração feita pelo Ministério da Educação, divulgada no mês passado, mostrou que um dos segredos de escolas públicas, que, apesar de todas as dificuldades, vão bem é o capital social -essa habilidade associativa é também uma das estratégias para enfrentar a violência.

Para ser protagonista, é preciso conhecer sua realidade e saber se expressar, o que estimula o aprendizado da língua. As aulas de geografia e história não serão mais um amontoado de datas e fatos desconexos, mas informações que permitem entender melhor o dia-a-dia. As fórmulas de ciência serão instrumentos para compreender problemas como a deterioração do ambiente ou as doenças que infestam as comunidades pobres.

O grupo no teatro só estava lá para dizer, com a vivacidade de suas falas, que tudo isso não é teoria. Aqueles jovens estavam lá para dizer que pode existir uma nova linguagem a ser criada, na qual se mesclam educação e comunicação -esse campo de investigação, ainda incipiente no Brasil, é batizado nos meios acadêmicos de educomunicação.

A tecnologia de informação é apenas um detalhe -um mural com cartazes pode ser tão ou mais eficiente do que um site de última geração, com límpidos vídeos. Justamente por isso, o anúncio feito, na semana passada, em Brasília, de que as operadoras vão colocar banda larga em todas as escolas deve ser visto com cautela. O acesso à internet, por si só, não é suficiente para que os alunos se tornem bons leitores. As bibliotecas, muito mais antigas nos colégios, são pouco usadas -não só porque estão, muitas vezes, fechadas ou defasadas mas também porque não têm intermediadores de leitura. É sabido como há inúmeros laboratórios de informática também fechados.

A tradução da fala dos jovens naquele encontro é a seguinte: o que os seduz é a possibilidade não só de conhecer a sua realidade, mas de transformá-la e deixar nela uma marca pessoal.

Os pedagogos sabem, há muito tempo, que o estudante aprende melhor quando traduz a informação em seu cotidiano. Aqueles jovens estão dizendo que se vai mais longe quando essa tradução significa interagir com a realidade, gerando redes de colaboração na produção de conhecimento -aprender as artes da comunicação é um mecanismo de seleção do que é relevante. Não faltam pesquisas mostrando que, se os adolescentes reverenciam a abundância de informações facilitada pela era digital, eles demandam cada vez mecanismos de seleção.

Pode parecer estranho tanto aos professores como aos jornalistas, mas os jovens estão dando a dica de que, na era da interatividade, serão melhores alunos e leitores se as escolas se tornarem um pouco parecidas com as Redações, e as Redações se tornarem um pouco parecidas com as escolas. Enfim, se eles se sentirem também um pouco comunicadores e professores.

PS – Em 2006, a Prefeitura de Niterói decidiu convidar alunos de 21 escolas municipais a desenvolver projetos com todas as mídias )o programa foi tocado pela entidade ‘Bem TV’. No começo do mês, saiu a avaliação. Deu-se especial atenção a alunos mais desmotivados. Avaliação da experiência feita por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense, concluída no início do mês: queda de 37% no índice de repetência. Coloquei no meu site (www.dimenstein.com.br) o detalhamento do programa.’

 

HQ
Marco Aurélio Canônico

Artistas desenham Asterix em tributo ao seu criador

‘Semelhante à cena do filme ‘Uma Mente Brilhante’ em que os professores de Princeton reconhecem a genialidade do matemático John Nash dando-lhe suas canetas, 34 dos mais renomados artistas de quadrinhos do mundo cederam suas penas para homenagear Albert Uderzo, um dos pais de Asterix, em seu 80º aniversário.

O resultado, ‘Asterix e Seus Amigos’, chega agora ao Brasil (com Uderzo próximo de fazer 81, em 25 de abril), depois de ser lançado na Europa no ano passado. Cada artista convidado -gente como David Lloyd, Milo Manara (‘Clic’), Stuart Immonen (‘Superman’) e Vicar (da Disney)- criou uma história ou charge, de uma a quatro páginas.

‘Foi um grande privilégio contribuir com uma história em homenagem a um dos mais populares e mais habilidosos cartunistas do mundo’, disse à Folha o inglês David Lloyd (de ‘V de Vingança’), um dos participantes do álbum.

‘A influência de Asterix nos quadrinhos, como meio e como negócio, é algo que já dura anos e que sempre me impressionou profundamente.’

De fato, os personagens criados por Uderzo (desenho) e René Goscinny (texto) em 1959 tornaram-se ícones da cultura francesa e sucesso mundial -já foram vendidas 330 milhões de cópias dos 33 álbuns (nove dos quais criados apenas por Uderzo, após a morte de Goscinny, em 1977).

Os irredutíveis gauleses também extrapolaram o meio das HQs, gerando três filmes com atores, oito desenhos animados, jogos, brinquedos e um parque temático perto de Paris.

Embaixador infantil

À época do lançamento de ‘Asterix e Seus Amigos’ na Europa, Uderzo destacou sua importância social -a renda obtida é destinada à ONG francesa Defensoria das Crianças.

‘Transformar Asterix em embaixador dos direitos das crianças é uma honra para mim’, disse o autor ao jornal francês ‘Le Monde’.

‘As histórias de Asterix são divertidas, educativas, aventuras com uma moral, e vêm entretendo leitores de idades variadas há décadas’, afirmou Lloyd. ‘E também fazem o papel de embaixadoras das HQs, mostrando a extrema criatividade que o meio pode atingir.’

Criativos também foram alguns dos autores em suas homenagens, como o francês Hervé Baruléa, o Baru, que atualizou os personagens fazendo referência aos tumultos nos subúrbios parisienses, com seus carros queimados e confrontos com a polícia (no papel que cabe aos romanos no original).

O italiano Manara, por sua vez, fez uma divertida história em que coloca uma de suas célebres mulheres gostosas para vingar as incontáveis surras que a aldeia gaulesa de Asterix aplica nos romanos.

Asterix em Patópolis

Como costuma acontecer em coletâneas do tipo, o resultado final é misto -há histórias fracas, outras muito boas e idéias repetidas, como a de transformar Uderzo em personagem (Lloyd é um dos que utilizam essa tática, com referências ao seriado ‘O Prisioneiro’).

Uma das homenagens mais importantes veio do chileno Victor Arriagada Rios, o Vicar, que misturou as criações do francês às do homem que o inspirou, Walt Disney. Em ‘Asterix em Patópolis’, o baixinho bigodudo e seu forte amigo Obelix encontram-se com Donald e sua família, e os patos devolvem a deferência que Uderzo sempre prestou às criações de Disney.

Um bom complemento à obra está no endereço www.asterix.com/80ans, que tem uma animação francesa narrando a história de Uderzo, além de amostras do trabalho dos ilustradores no álbum.

ASTERIX E SEUS AMIGOS

Editora: Record

Quanto: R$ 25, em média (64 pág s.)’

 

Lucas Neves

Brasileiros reinventam personagens e exaltam destreza do inventor francês

‘As imagens que ilustram as laterais desta página são assinadas por oito desenhistas da Folha, convidados a reinventar os personagens de Albert Uderzo. Para eles, o apuro técnico dos traços do francês, casado ao humor fino de René Goscinny, explica por que o culto ao personagem se estendeu para além dos limites de sua aldeia gaulesa natal.

‘Uderzo tem um controle da qualidade de linha e de colorido que é maravilhoso. Faz um cartum, mas tem uma base muito sólida de desenho, noções claras de anatomia e perspectiva’, observa o ilustrador Fernando Carvall, de cuja pena saiu um ‘logotipo’ do personagem. ‘Não ia me aventurar a fazer um outro Asterix, né?’

O quadrinista Caco Galhardo, que trouxe o mirrado gaulês e Obelix para o universo de beldades gigantes de seu Chico Bacon (‘traçariam vários javalis juntos’), ressalta o alcance universal das histórias e imagina uma encarnação tupiniquim da dupla: ‘Seriam índios combatendo os ‘portugas’ e tirando uma onda com eles’.

O ilustrador Orlando Pedroso também vê na facilidade de identificação com as tramas a chave do sucesso de Asterix. ‘Aquela aldeia pode ser nosso bairro, cidade: inimigos, conflitos e alegrias têm a ver conosco. Toda a ambientação nos coloca em contato com aquele mundo’, diz ele, que chama as criações de Uderzo de ‘achados’.

Orlando e Carvall apontam, nos quadrinhos brasileiros, um ‘primo’ do gaulês marrento. ‘A Turma do Pererê’ [de Ziraldo] tem um pouco da picardia do Asterix’, diz o segundo.’

 

TELEVISÃO
Daniel Castro

Sensação de 2007, ‘Heroes’ desaba no ranking das séries

‘Seriado mais visto da TV paga brasileira no primeiro semestre de 2007, ‘Heroes’ desabou em 2008. O programa, em segunda temporada no Universal Channel, não está entre as 15 séries de maior audiência no primeiro trimestre deste ano.

O campeão do início de 2008 foi ‘House’ (Universal Channel), com média de 100.665 telespectadores por episódio.

Ambos do Universal Channel, ‘Law & Order: Special Victims Unit’ aparece em segundo lugar (89.631 telespectadores por episódio) e ‘Monk’, em terceiro (83.881).

O ranking, obtido com exclusividade pela Folha, traz apenas as 15 séries mais vistas do primeiro trimestre, entre todos os públicos e com mais de duas exibições no período.

No ar pelo AXN (antes era do Sony) desde 11 de fevereiro, a oitava temporada de ‘CSI’ ocupa a quarta posição, seguida por ‘Two and a Half Men’, ‘The Big Bang Theory’ e ‘Without a Trace’, do Warner.

Além de ‘Heroes’, outra grande ausência no ranking é ‘Lost’. Mas a série do AXN está, sim, com boa audiência. É que a quarta temporada do programa só estreou em 10 de março, o que prejudica sua posição em um estudo trimestral. Segundo o AXN, o seriado tem sido líder de audiência na TV paga em seu horário.

Bastante prestigiadas no Brasil, ‘Desperate Housewives’ e ‘Grey’s Anatomy’, do Sony, também não estão entre as 15 mais do primeiro trimestre. Ambas estrearam em meados de fevereiro. Já ‘Brothers and Sisters’ foi a 13ª mais vista.

A DONA DA BOLA

Para compor Ivonete, sua personagem em ‘Chamas da Vida’, próxima novela da Record, a linda Amandha Lee (foto) viu todos os filmes de Pedro Almodóvar. ‘Ela tem o peitoral e o gestual das mulheres dos filmes dele’, conta a atriz. O figurino foi inspirado no de Penélope Cruz em ‘Volver’. ‘São roupas muito coloridas, cinturas altas e saias-lápis’, diz. Ivonete será a antagonista da mocinha Carolina (Juliana Silveira), com quem disputará o bombeiro Pedro (Leonardo Brício). ‘Ela não é ruim. Só vai lutar pelo amor da sua vida. Seu bordão é ‘Entrou na minha área, eu derrubo’.’ Mas Ivonete não joga futebol.

50 ANOS DE MENTIRA

Em entrevista ao ‘Irritando Fernanda Young’ (GNT), Glória Maria revelou que começou a mentir sua idade ‘desde pequeninha’. A idade da jornalista é um dos grandes segredos da TV brasileira. ‘Adoro esse mistério. Comecei a mentir minha idade aos sete anos. Eu menti e vou mentir sempre, as pessoas preferem a ficção e eu também. Deixo as pessoas pensarem o que elas quiserem, pois elas já pensam mesmo’, disse. Glória também falou sobre sua luta pela longevidade. ‘Eu comecei a tomar cápsulas aos 18 anos. Tomo cápsula para não ter celulite, para não ficar velha, para tudo eu tomo cápsula’. Ela falou ainda que estava infeliz apresentando o ‘Fantástico’ (Globo) e que não sente nenhuma falta do programa. A entrevista vai ao ar no próximo dia 27.

ACABOU O RECHEIO

Apesar de a próxima novela das oito ter sido classificada para as 20h, a Globo não mudará a programação que desde terça envia para Estados do Norte e Centro-Oeste, por causa da obrigatoriedade de respeitar o fuso horário. Assim, Estados como o Amazonas continuarão vendo o ‘Jornal Nacional’ antes da novela das sete. A emissora quer evitar novas mudanças no hábito do telespectador.

TAPINHA

O SBT está apanhando para gravar programas com câmeras de alta definição. É que a nova tecnologia exige maquiagem caprichada (para esconder falhas na pele) e cenários mais horizontais. A emissora suspendeu o uso dessas câmeras nos programas de Silvio Santos.

HOMENAGEM

Fulvio Stefanini será o homenageado deste mês (dia 23) na série ‘Dramaturgias’, do Centro Cultural Banco do Brasil, em que atores consagrados são convidados a ler a peça de teatro de seus sonhos. Stefanini escolheu ‘Até que o Sexo nos Separe’, de Walcyr Carrasco.

Pergunta indiscreta

FOLHA – É verdade que você é quem realmente escreve ‘Revelação’, a novela de Íris Abravanel (mulher de Silvio Santos), prevista para estrear no SBT em maio?

YVES DUMONT (autor de novelas) – Não, não é verdade. Sou efetivamente o supervisor da novela. A Íris é quem escreve, com uma equipe de seis colaboradores. Eu apenas participo das reuniões de escaleta [em que são definidas todas as cenas de cada capítulo] e, depois de escritos, recebo os capítulos para uma supervisão.’

 

Thiago Ney

NY é dos homens em nova série

‘Um publicitário descobre um segredo de seu chefe. Após uma tentativa de chantagem, o publicitário vai, com o tal chefe, ao escritório do dono da agência. Publicitário: ‘Ele não é quem afirma ser. Ele é uma fraude, um mentiroso!’.

Dono da agência: ‘Quem se importa? Este país foi construído por homens com histórias muito piores do que qualquer coisa que você possa me contar. Preocupe-se em trazer clientes para a agência’. A cena está em um dos episódios de ‘Mad Men’, série que estréia no próximo sábado, às 20h, no canal pago HBO.

A assumida falta de escrúpulos não é a única característica que une os personagens desse seriado, ambientado em uma agência de publicidade de Nova York, no início dos anos 1960 (no final dos anos 1950, o termo ‘mad men’ passou a ser utilizado para descrever os publicitários nova-iorquinos). Talvez pela época em que a trama se desenvolva, ‘Mad Men’ é livre de qualquer componente politicamente correto.

Seus personagens fumam, bebem, fazem piadas machistas, fumam, bebem, pulam a cerca, condenam o homossexualismo, fumam e bebem mais um pouco -de vez em quando, entram em reunião com algum cliente, mas continuam fumando e tomando uísque.

Donas-de-casa

A trama de ‘Mad Men’ tem em Don Drapper (interpretado por Jon Hamm), o tal chefe da agência que possui um segredo, o fio condutor da narrativa.

Todos na equipe de Drapper com alguma função criativa são homens, como Pete Campbell (Vincent Kartheiser), o publicitário ambicioso que, mais tarde, tenta desmascarar Drapper.

As mulheres são, no máximo, donas-de-casa (as mulheres dos publicitários) ou secretárias. Uma delas é a voluptuosa Joan Holloway (Christina Hendricks); outra é Peggy Olsen, secretária de Drapper, cujo papel ganha importância com o decorrer da série. Peggy é interpretada por Elisabeth Moss.

O início da preocupação com os malefícios do cigarro e a campanha presidencial norte-americana (com John Kennedy como candidato) estão entre as paisagens que servem como pano de fundo desse ambiente.

Prêmios

‘Mad Men’ possui teor dramático, mas os diálogos são costurados por piadas afiadas. O início dos anos 60 em Nova York aparece com charme tanto na cenografia quanto no figurino dos personagens. Nos Estados Unidos, a primeira temporada do programa foi exibida entre julho e outubro de 2007, em 13 episódios.

Produzida pela pequena rede AMC, a série garantiu uma segunda temporada, graças às ótimas críticas e aos vários prêmios recebidos -ganhou dois dos principais prêmios do Globo de Ouro deste ano: o de melhor série dramática e o de melhor ator em série dramática (para Jon Hamm).

O seriado saiu da cabeça de Matthew Weiner, que foi roteirista de ‘Família Soprano’. Nos EUA, os executivos de TV procuram algo que ocupe o buraco deixado por Tony Soprano e cia. ‘Mad Men’ é a aposta.

MAD MEN

Quando: estréia no próximo sábado, às 20h

Onde: no canal HBO’

 

***

Secretária é ‘reserva moral’ do programa

‘Num ambiente dominado por homens sexistas, ela é, talvez, a personagem mais sutil e misteriosa. Como secretária de Don Drapper, chefe da agência de publicidade Sterling Cooper, Peggy Olsen é um refresco em ‘Mad Men’, alguém que guarda um pouco de inocência e moral.

Peggy é interpretada por Elisabeth Moss, que ficou conhecida como Zoey Bartlet, uma das filhas do presidente americano na série ‘The West Wing’.

‘No início dessa primeira temporada, ela é bem ingênua quanto aos relacionamentos e sua posição social’, afirma Moss à Folha, por telefone, sobre sua personagem.

‘Mas aos poucos ela vai se soltando. Peggy é esperta, sabe onde pisa, sabe de seu papel no escritório. E é competente no trabalho, não quer ser apenas uma secretária.’

A atriz conta que ficou entusiasmada quando recebeu o convite para estrelar a série -principalmente pelo modo como as mulheres são retratadas no programa.

‘Sabia que as coisas eram diferentes naquela época, mas, quando vemos os detalhes, é uma surpresa. O roteiro é muito detalhista, realista. Claro que muita coisa mudou no modo como as mulheres são tratadas… no escritório. Mas em outras situações, talvez ainda não estejamos no ponto ideal.’

Ela explica. ‘As mulheres podem ter cargos e salários iguais aos dos homens. Mas ainda há coisas chatas, como esses programas do tipo ‘Girls Gone Wild’ [exibido no canal E!], com garotas dançando nuas na frente das câmeras…’

Segundo Moss, as filmagens da segunda temporada de ‘Mad Men’ começam ainda neste mês -ainda sem data de estréia nos EUA.’

 

Márvio dos Anjos

Nem política pára ‘Law & Order’, que chega à sua 18ª temporada

‘Seriado mais longevo dentre os policiais, ‘Law & Order’ estréia amanhã, às 23h, no Universal Channel, sua 18ª temporada, com alterações no cast. Uma delas travou relação direta com a atual corrida presidencial nos Estados Unidos.

Tudo porque o senador e ator Fred Dalton Thompson, que chefiava a Promotoria na pele de Arthur Branch, tentou se dedicar à sucessão de George W. Bush, mas não teve chances nas prévias do Partido Republicano, que hoje aponta John McCain à Casa Branca.

A saída foi promover o personagem do promotor-assistente Jack McCoy (vivido por Sam Waterston) ao cargo, enquanto Michael Cutter (Linus Roache) iria aos tribunais para pôr réus na prisão.

A outra novidade é a entrada do ótimo ator Jeremy Sisto (que fez o bipolar Billy Chenowith nas cinco temporadas de ‘A Sete Palmos’) na fórmula da dupla de policiais do seriado, em substituição a Milena Govich. Jesse L. Martin continua como o policial Green.

Na pele do policial Cyrus Lupo, Sisto chega ao seriado quando seu irmão morre em suspeita de suicídio assistido. E o que parece um caso isolado acaba se conectando a outro suicídio, que envolve um médico em liberdade condicional e um repórter sensacionalista.

A crítica aos excessos da imprensa é uma constante na franquia e, numa só tacada, o episódio vai fundo nos limites da Constituição americana sobre direito à vida e liberdade da mídia. E Constituição lá é assunto sério, quase bíblico.

E assim se começam a traçar as tendências da temporada, em que Cutter surge como um promotor ainda menos ortodoxo que McCoy, enquanto Lupo, ao menos no início, terá que lidar com fantasmas familiares após a morte do irmão.

LAW & ORDER – 18ª TEMP.

Quando: estréia amanhã, às 23h

Onde: no Universal Channel’

 

 

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