O governo do Vietnã declarou que irá considerar a libertação do jornalista Nguyen Vu Binh, preso desde 2002, depois que a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, levantou a questão. A afirmação é do vice-primeiro-ministro vietnamita, Pham Gia Khiem, durante viagem aos EUA para fortalecer laços empresariais e preparar uma visita do presidente do Vietnã ao país. ‘Ele foi sentenciado a sete anos de prisão, e nós estamos considerando oferecer anistia’, disse Khiem após encontro com Condoleezza na quinta-feira (15/3).
Um representante do Departamento de Estado afirmou que a secretária mencionou o nome do jornalista durante uma discussão sobre direitos humanos. ‘Seria algo significativo a libertação dele’, afirmou Kristin Jones, do Comitê para a Proteção dos Jornalistas. Repórter de uma publicação oficial do Partido Comunista, Binh foi preso em setembro de 2002 após postar artigos na internet. Ele foi acusado de espionagem por supostamente repassar informações a grupos vietnamitas em outros países através da rede. O jornalista recebeu pena de sete anos de prisão e três anos de prisão domiciliar. Segundo familiares, Binh, de 39 anos, está com hipertensão e problemas no fígado, entre outras doenças. Ele estaria tão fraco que não consegue erguer nos braços sua filha de cinco anos.
Sistema repressor
Segundo relatório da Human Rights Watch no início do mês, o Vietnã recentemente realizou uma das piores ofensivas dos últimos 20 anos a dissidentes políticos, prendendo, entre outros, advogados que defendem os direitos humanos e um padre católico. Segundo o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, Condoleezza teria, no encontro com o vice-premiê, ‘repetido a idéia de que queremos trabalhar com o governo vietnamita no espírito de respeito e diálogo construtivo para chegar a passos concretos na questão dos direitos humanos no Vietnã’.
Em entrevista ao Washington Post, Khiem defendeu o sistema de governo de seu país. Segundo ele, o Vietnã levou um século para se livrar da submissão do colonialismo e alcançar a independência. Agora, afirmou, o governo assume responsabilidade ‘pelas roupas, educação e comida para a população’, alcançando um crescimento econômico de 8% ao ano. ‘A lei representa a vontade da vasta maioria do público’, completou o político. ‘Poucas pessoas, não mais de 1% delas, podem não concordar com a lei e as políticas públicas, mas nós temos que servir aos interesses da maioria’. Informações de Glenn Kessler [Washington Post, 17/3/07].