Em sua coluna de domingo [18/3/07], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, tratou dos temas mais comentados e criticados pelos leitores ao longo da semana: a ausência de cobertura de um pronunciamento do rei da Jordânia, Abdullah, em uma sessão no Congresso, um artigo de opinião sobre o Iraque escrito por Robert Kagan e a demissão de oito procuradores federais pelo Departamento de Justiça. As reclamações sobre o artigo de Kagan pareciam ser lideradas por blogueiros liberais, enquanto as reações à cobertura das demissões, por blogueiros conservadores.
Problemas de prazo
Em relação ao primeiro tema, a jornalista Karen DeYoung, especialista em assuntos diplomáticos, afirmou que havia planejado cobrir o pronunciamento de Abdullah, mas devido a ‘problemas de prazo e limitações de espaço’, ela recebeu um pedido no meio da tarde para mudar a pauta.
Segundo a jornalista, no entanto, ‘nós deveríamos no mínimo ter colocado algumas informações de alguma agência de notícias sobre o que ele falou no dia de seu pronunciamento’. Esta também é a opinião do editor Carlos Lozada. ‘Eu deveria ter pautado outra pessoa para cobrir o discurso; mesmo não sendo o maior evento do dia, era importante ter a informação no jornal. Mas nós tratamos do assunto em um artigo maior, no domingo, escrito por Karen e Glenn Kessler, sobre a diplomacia americana no Oriente Médio’, disse.
Parentesco desconhecido
Alguns leitores reclamaram que não foi mencionado que o colunista Robert Kagan é irmão de Frederick Kagan, acadêmico do conservador Instituto de Empresas Americanas e um dos principais defensores da estratégia da guerra no Iraque. Segundo Deborah, os dois são conhecidos separadamente por seus trabalhos e é sabido que ambos apóiam a guerra. ‘Informações importantes sobre um colunista devem ser reveladas se elas afetarem como os leitores vão entender as motivações do autor – o que não foi o caso do artigo em questão’, opina a ombudsman.
O editor das páginas de opinião, Autumn Brewington, também não achou que fosse necessária a revelação do parentesco. ‘Primeiro, porque Bob [Robert] vem defendendo a idéia de enviar mais tropas ao Iraque há mais tempo que seu irmão. Em segundo lugar, porque Frederick não faz parte da administração do governo. Ele apoiou o plano do governo, mas não foi o responsável oficial por ele’, afirma.
Memória curta
Sobre as demissões, os leitores reclamaram que os jornalistas que escreveram o artigo, Dan Eggen e John Solomon, não citaram em nenhum momento que tais cortes também ocorreram no governo de Bill Clinton. ‘Para a geração mais jovem, com memória curta, o artigo deu a entender que estas demissões são algo novo’, escreveu o leitor Malcolm Tanigawa.
‘Bush também despediu todos os procuradores federais – exceto um – em 2001, e em ambos os casos foi no começo de mudanças de poder no partido, o que parece ser algo rotineiro’, diz Eggen. ‘Porém, neste caso, ele estava realizando cortes em massa no meio de seu governo, o que é visto por muitos como uma intrusão à independência dos procuradores. Ninguém, inclusive o Departamento de Justiça, pode citar um período nas últimas décadas no qual isto tenha ocorrido’, justifica.