A Consumer Reports, revista americana especializada em avaliar produtos e serviços ao consumidor, evitava consultar fabricantes e não aceitava anúncios a fim de manter sua imparcialidade. Porém, na semana passada, a publicação admitiu que esta ‘busca pela independência’ a impediu de ter a opinião de especialistas que poderiam tê-la ajudado a evitar um dos maiores erros em seus 71 anos de história, e está considerando rever esta política.
Em janeiro, a revista divulgou que 10 de 12 cadeirinhas de carro para bebê testadas por ela não passaram no teste de acidentes laterais, simulados a 60km/h. Duas semanas depois, a Consumer Reports voltou atrás e afirmou que na verdade os carros estavam a 110km/h. Os resultados dos testes enfureceram os fabricantes dos produtos e deixaram os pais confusos sobre se deveriam ou não comprar os assentos das marcas reprovadas. A revista enviou cartas e e-mails para seus seis milhões de assinantes pedindo desculpas sobre o ocorrido.
Mea culpa
Dois especialistas de fora da publicação analisaram o acidente e atestaram que o problema ocorreu devido à decisão de realizar tais testes sem consultar outros especialistas externos. A Consumer Reports defendeu-se e alegou que não consultou outros especialistas em parte ‘porque a política da organização é ter contato limitado com governo e indústria para evitar comprometer a independência de seu julgamento’. ‘Esta decisão, no final das contas, confirmou-se como um erro’, admitiu.
Jim Guest, presidente da Consumer Union, publisher sem fins lucrativos da Consumer Reports, afirmou que, no futuro, a revista recorrerá a um vasto número de especialistas, incluindo os da indústria, a fim de protocolizar os testes mais complexos. As conclusões finais, no entanto, ainda continuarão sendo feitas de modo independente. ‘Quando pensamos em fazer o teste com as cadeiras de bebê, não percebemos o quão complexo ele seria’, reconheceu. ‘Nós fazemos simulações de acidentes frontais com carro desde 1972. Mas os acidentes laterais são bem diferentes’.
Em artigo a ser publicado na edição de maio e já disponível no sítio da revista, a Consumer Reports informa que usou o laboratório externo que fez a simulação com as cadeiras em 11% de seus testes no ano passado, mas, no futuro, informará aos leitores quais testes foram feitos em seus próprios laboratórios e quais foram realizados em laboratórios externos. Além do mais, ela irá reavaliar os resultados que parecerem incomuns. Informações de Katharine Q. Seelye [The New York Times, 21/3/07].