Atrair o leitor e tirar todo dia 2,50 reais do bolso dele não é tarefa fácil. Para isso, os editores precisam surpreendê-lo cada manhã, tentando manter a chama da paixão acesa. De qualquer jeito, foi o que senti sexta-feira (3/10), minutos depois das 7h, quando vi, na disputada capa do Estado de S. Paulo, a manchete: ‘IG Nobel: Brasil premiado’ e, em baixo do título da matéria, na contracapa: ‘Prêmio antecede Nobel’.
Mesmo que em seu texto Carlos Orsi seja claro – ‘o IG Nobel é uma paródia do Nobel’ – me pergunto quantos dos leitores leram o primeiro parágrafo, para se informar direito, e quantos ficaram felizes com o prêmio, única ilha de felicidade no meio das outras notícias da capa: o dólar que bate 2,00 reais, a fauna que desaparece e os ricos que não vacinam as crianças.
O conhecido como Nobel da pesquisa inútil, que é dado por uma revista de humor, é quase uma piada profissional, para relaxar cientistas. Para saber isso, basta conhecer as pesquisas relativas a outros prêmios concedidos: o poder contraceptivo da Coca Cola, a eficácia da massagem retal para acabar com o soluço e os efeitos da música country (equivalente ao sertanejo) nos gorilas.
Por que aconteceu isso num dos jornais mais importantes do Brasil? Com os editores, a resposta.
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Jornalista