As estratégias de comunicação das campanhas eleitorais de vereadores são conhecidas por serem bizarras. A argumentação dos marqueteiros é de que o fundamental é fazer o eleitor gravar o número do candidato, mesmo que de forma negativa. É verdade que o tempo na televisão tem alto custo e que as campanhas para vereador não têm, e não devem ter, um orçamento alto. Os impressos têm espaço, mas textos longos não atraem os eleitores. O que fazer, então, para conseguir comunicar a quantidade de informações necessária para uma pessoa votar com consciência?
Uma das soluções poderia ser a internet. Comunidades no Orkut dariam a oportunidade aos eleitores de perguntarem exatamente o que lhes interessa aos candidatos, sem lenga-lenga. Também poderiam expor suas preocupações, conduzindo os compromissos dos futuros vereadores e prefeitos. O uso de e-mails para divulgar a campanha é outra forma de se criar um elo entre eleitor e candidato. Mesmo quem não gosta de ler e nem de interagir, poderia receber algum conteúdo politizador se sites como YouTube pudessem ser usados – afinal, vídeos e áudios são mais fáceis de assimilar e exigem menor esforço.
O resultado da internet nas campanhas seria, acima de tudo, pedagógico. Ao invés dos candidatos se preocuparem em chamar a atenção para o bizarro, iriam trabalhar mais conteúdos e o tipo de comprometimento que estão assumindo. Deixariam de ser as campanhas do geral, para ser de cada um.
Possibilidade perdida
Infelizmente, o tribunal eleitoral não pensa dessa forma e restringiu o uso da internet a um site, uma ilha isolada em um a mundo de amarras, onde tudo leva a tudo e ele só pode ter um endereço.
A nova legislação eleitoral buscou coibir o abuso econômico nas campanhas, mas a internet tem o menor custo de produção e implantação entre todas as mídias. Não há justificativa para o impedimento, além da incapacidade de profissionais da lei de entenderem a revolução que o veículo representa para a cultura.
Nas eleições 2008 essa possibilidade já foi perdida. Resta a nós, comunicadores, buscarmos que nas próximas o veículo possa ser usado plenamente levando aos eleitores um real.
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Jornalista, Campinas, SP