É inédito: os três jornalões chegaram no domingo (12/10) às mãos dos seus leitores com capas iguais. Iguais e falsas. Não exibiam fatos ou noticias, mas uma gigantesca promoção.
Na realidade, o Estado de S. Paulo, a Folha de S. Paulo e O Globo mostravam sem qualquer pudor uma publicidade ostensiva, matéria paga, no espaço mais nobre da edição. O fato relevante foi a comemoração dos 200 anos da fundação do Banco do Brasil.
Numa avaliação ainda mais relevante constata-se que na imprensa de hoje tudo está a venda. Inclusive o seu compromisso de diferenciar os concorrentes. Nada demais, considerando que a imprensa virou indústria e o Banco do Brasil sempre foi uma instituição financeira que aposta no marketing e na expansão dos seus negócios.
Acontece que a imprensa brasileira também comemorou os seus 200 anos no período maio-setembro deste ano, mas estes mesmos jornalões que badalam a festa do Banco do Brasil recusaram-se a comemorar condignamente a efeméride. Enrustiram a sua festa.
À escolha
Os dois aniversários têm a mesma origem, integram o mesmo episódio histórico (a chegada da corte lisboeta ao Rio de Janeiro). Mas o leitor só teve acesso à metade dele; a outra metade (que diz respeito à própria imprensa) foi embargada por que não havia entidade disposta a desembolsar alguns trocados e transformá-la em letra de forma.
Este jogo tem vários nomes, você escolhe o mais adequado: pode ser desrespeito ao público, descaso pela história, pode ser manipulação ou pode ser venalidade. Também pode ser a confirmação de que nosso jornalismo impresso optou pelo suicídio.