No final de março, 111 funcionários da revista Newsweek, do grupo Washington Post, aderiram a um programa de incentivo a demissões voluntárias; entre eles, estavam editores de longa data – o que deixa claro a necessidade de ‘reinvenção’ das revistas noticiosas americanas, opina Rebecca Dana [Wall Street Journal, 4/4/08]. Cerca de 20% da equipe da Newsweek aceitou a oferta de demissão voluntária que incluía meses de salário, anos de plano de saúde e, em alguns casos, contrato terceirizado com a revista.
Embora pareça generoso, o caso marca uma etapa significativa no mercado de revistas semanais de informação. Nos últimos anos, outras publicações também passaram por cortes com o objetivo de atingir viabilidade econômica a longo prazo. Eliminar funcionários, particularmente os mais antigos e que ganham os salários mais altos, é uma maneira rápida de compensar as perdas com queda de anunciantes e venda em banca.
Estratégias distintas
Jon Meacham, editor da Newsweek, ofereceu demissões voluntárias a 150 empregados não somente como uma maneira de corte de custos, mas também porque isto se encaixa em uma estratégia mais ampla que ele implementa na revista desde que assumiu o cargo, há 18 meses. A estratégia envolve aumentar a quantidade de notícias publicadas, investindo em uma equipe mais jovem, com mais energia e salários menores, ao mesmo tempo em que se mantém os jornalistas mais famosos, conhecidos do público – que passam a funcionar como verdadeiros ‘cartões de visita’ para a publicação.
Alguns deles, como a editora e crítica de artes Cathleen McGuigan e o crítico de cinema David Ansen, aceitaram as demissões voluntárias, mas provavelmente continuarão a escrever para a revista através de contrato terceirizado. ‘Analisamos um cenário que podia ser mais atraente e nos perguntamos como podemos controlar custos, como podemos ter dinheiro para contratar novas vozes e novos talentos e como podemos fazer isto de modo a tornar a revista mais séria e sermos indispensáveis ao debate’, diz Meacham. Desde que ele assumiu, a Newsweek tem mais 30% de texto e menos fotos.
Há um ano, a Time, da Time Warner, também ofereceu demissões voluntárias a seus funcionários. O editor Richard Stengel implementou mudanças, como redesenhar a revista e o sítio de internet e mudar a data de distribuição de sexta-feira para segunda-feira. ‘Minha visão é que, hoje, há mais informações disponíveis do que em qualquer outro período na história humana. O que as pessoas não precisam é de mais informação. Elas precisam é de um guia neste caos’, opina. A Time também fechou algumas sucursais no exterior, substituindo-as por correspondentes equipados com computadores portáteis.
‘Inveja da Economist’
Meacham e Stengel têm sofrido do que poderia ser chamado de ‘inveja da Economist‘. Em 2007, a revista britânica Economist, com sede em Londres, viu um aumento de 8,5% nas páginas de anúncios, comparado ao ano anterior, segundo a Magazine Publishers of America. Enquanto isto, as páginas de anúncios da Newsweek caíram 6,7%, e as da Time, 6,9%, e as tiragens permaneceram estagnadas – cerca de 3,1 milhões e 4 milhões por edição, respectivamente. Além disso, grandes redes comerciais, como a Wal-Mart, estão reduzindo o número de cópias estocadas nas lojas.